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educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

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EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

Musicoterapia

“A música (do grego μουσική τέχνη - musiké téchne, a arte das musas) constitui-se basicamente de uma sucessão de sons e silêncio organizada ao longo do tempo. É considerada por diversos autores como uma prática cultural e humana.”

Musicoterapia é uma ciência paramédica que utiliza a música e os seus elementos constituintes, ritmo, melodia e harmonia, além de movimentos, a expressão corporal, dança e qualquer outra forma de comunicação verbal e não verbal, com objectivos terapêuticos.

Desenvolve-se por um processo coordenado por um musicoterapeuta qualificado, com um paciente ou grupo. O objectivo da musicoterapia é possibilitar aos pacientes a abertura de canais de comunicação e/ou a reabilitação de necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.

Os musicoterapeutas trabalham com uma gama variada de pacientes, entre os quais: pessoas com dificuldades motoras, autistas, pacientes com deficiência mental, paralisia cerebral, dificuldades emocionais, pacientes psiquiátricos, idosos, etc.

O trabalho pode ser desenvolvido dentro de equipas de saúde multidisciplinares, em conjunto com professores, médicos, psicólogos, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas.

A sistematização dos métodos utilizados hoje em dia só começou após a Segunda Guerra Mundial, com pesquisas realizadas nos Estados Unidos. O primeiro curso universitário de musicoterapia foi criado em 1944 na Michigan State University.

O processo da musicoterapia pode desenvolver-se de acordo com vários métodos. Alguns são receptivos - quando o musicoterapeuta toca música para o paciente (Este tipo de sessão normalmente limita-se a pacientes com grandes dificuldades motoras ou em apenas uma parte do tratamento, com objectivos específicos). Na maior parte dos casos a musicoterapia é activa, ou seja, o próprio paciente toca os instrumentos musicais, canta, dança ou realiza outras actividades em conjunto com o terapeuta.

A forma como o musicoterapeuta interage com os pacientes depende dos objectivos do trabalho e dos métodos que ele utiliza. Em alguns casos as sessões são gravadas e o terapeuta realiza improvisações ou composições sobre os temas apresentados pelo paciente.

Alguns musicoterapeutas procuram interpretar musicalmente a música produzida durante a sessão. Outros preferem métodos que utilizem apenas o improviso sem a necessidade de interpretação. Os objectivos da produção durante uma sessão de musicoterapia são não-musicais, por isso não é necessário que o paciente possua nenhuma qualificação musical para que possa participar deste tratamento.

O musicoterapeuta, por outro lado, devido às habilidades necessárias à condução do processo terapêutico, precisa ter experiência e conhecimento em diversos instrumentos musicais. Os mais usados são a guitarra, o piano e instrumentos de percussão.

O profissional responsável por conduzir o processo musicoterápico é chamado musicoterapeuta. A formação desse profissional é feita em cursos de graduação em musicoterapia ou como especialização para profissionais da área de saúde (medicina ou psicologia). Em alguns países a musicoterapia também pode ser parte de uma formação em arteterapia, que envolve, além da música, técnicas de artes plásticas e dança.

A formação do musicoterapeuta inclui teoria musical, canto, prática em ao menos um instrumento harmónico (piano ou guitarra), instrumentos melódicos (principalmente flauta) e percussão.

Também faz parte da formação do musicoterapeuta o conhecimento da anatomia e fisiologia humana, psicologia, filosofia e noções de expressão artística, expressão corporal, dança, dinâmicas de grupo e métodos de educação musical.

Actualmente existem novas formas terapêuticas na área da musicoterapia, entre elas é a musicoterapia digital, ou por outras palavras musicoterapia com base nos instrumentos electrónicos tal como guitarras eléctricas, sintetizadores, baterias electrónicas, etc...

A música desempenha um papel preponderante no desenvolvimento do ser humano e até nos animais, um som muito alto poderá deixar alguém alerta ou assustado, assim como determinadas musicas podem gerar todo um conjunto de emoções. Isto porque, há uma descarga de adrenalina e o indivíduo fica alerta para se proteger, agir, reagir, etc.… Os efeitos são psicológicos e orgânicos.

A musicoterapia trabalha todo um conjunto de sons de forma a produzir efeitos biológicos e para eliminar patologias ou dificuldades. Os sons podem acalmar ou excitar.


Os yôgis já utilizam os sons há milênios. No Yôga, a técnica chama-se mantra. Com os mantras vocalizam-se sons e ultra-sons. Com a vocalização, há a produção de determinados efeitos orgânicos, tanto de natureza psicológica quanto de natureza física. Da mesma maneira que o dentista não pode utilizar qualquer som e sim determinados sons para limpar o tártaro, os mantras não são quaisquer sons e sim determinados sons que produzem os efeitos. Por isso, necessita-se saber vocalizar os mantras corretamente para se obter os resultados desejados.


No início, quando não se conhecia os efeitos à luz da ciência, dizia-se que esses sons eram mágicos. As pessoas observavam os efeitos produzidos, porém não tinham conhecimentos suficientes para determinar as variáveis envolvidas. E, por falta de bagagem, atribuíam magicidade aos sons mântricos. Essa magia era atribuída pelo povo, entretanto, os yôgis já conheciam os efeitos e viam-no como efeitos biológicos normais.


Hoje, tanto o cientista quando o yôgi concordam que os sons produzem efeitos biológicos. Tanto um quanto o outro, vê nesses sons efeitos puramente biológicos, físicos, regidos por leis absolutamente naturais.”

A música exerce influência sobre os aparelhos respiratório, digestivo e o circulatório, bem como sobre o sistema nervoso. A medicina tradicional também reconhece a música como um eficiente factor de cura, sendo utilizada em muitos hospitais para auxiliar nos tratamentos e até em grandes empresas, como a melhor alternativa de prevenção.

A musicoterapia pode e deve unir-se à expressão corporal, fruto da terapia alternativa, notado como um recurso terapêutico natural, de qualidade e resultados inigualáveis. A expressão corporal tem como objectivo promover a consciência corporal, fazendo com que o praticante conheça melhor os limites de seu corpo e possa ampliá-los, levando ao auto conhecimento e permitindo até as transformações emocionais.

“Já não é novidade o ritmo alucinado de vida das pessoas e como consequência, o aparecimento de doenças físicas e psíquicas, distanciam o indivíduo do contacto consigo mesmo. As dores e o cansaço físico passam a ser frequentes devido a rotina do dia-a-dia. Como se não bastasse soma-se também a carga emocional e mental dos afazeres e obrigações diárias com tão pouco tempo para cumprir as tarefas. Aí, chega o desânimo, o desespero e o cansaço. Ao final do dia tudo parece ruim. Como o corpo é nossa principal ferramenta de comunicação e expressão, é justamente nele que se reflecte todo este stress físico e mental levando a uma robotização corporal onde se perde a capacidade de percepção do que se sente.”

A utilização da música e dos seus elementos (melodia, som, ritmo e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com o objectivo de promover mudanças positivas físicas, mentais, sociais e cognitivas em uma pessoa, ou grupo de pessoas, com problemas de saúde ou de comportamento.

O musicoterapeuta deve avaliar o estado cognitivo, emocional, físico, comportamental, comunicativo através de respostas dadas pela música. As sessões, que podem ser individuais, ou de grupo, dependendo das necessidades do paciente, abrangem o improviso musical, criatividade, audição, composição, discussão, imaginação, desempenho através da música. O paciente não precisa ter nenhuma habilidade musical para se beneficiar do tratamento e não existe um estilo particular de música que é mais ou menos eficaz que outro.

 

As áreas de intervenção da musicoterapia são muitas, podendo beneficiar desde crianças a idosos: Deficiência Mental, Física, Sensorial; nas doenças mentais; na socialização; em geriatria; em distúrbios infantis de aprendizagem e comportamento, na estimulação precoce, etc...

“ (…) actividade artística por excelência e possibilita ao compositor ou executante compartilhar suas emoções e sentimentos. Sob essa óptica, a música não pode ser um fenómeno natural, pois decorre de um desejo humano de modificar o mundo, de torná-lo diferente do estado natural. Em cada ponta dessa cadeia, há o homem. A música é sempre concebida e recebida por um ser humano. Neste caso, a definição da música, como em todas as artes, passa também pela definição de uma certa forma de comunicação entre os homens.”

Autoria: Pablo Etcheverria (Terapeuta - Chile)

Data: Março de 2007

Tradução: Ana Marques

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