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educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

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EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

Terapia Assistida por Animais

O relacionamento entre a criança/jovem e um animal de estimação é benéfico em vários aspectos da vida social, afectiva e intelectual.

 

Existem muitas vantagens que têm sido apontadas como decorrentes desse relacionamento, como: ajudar a desenvolver a capacidade da criança e do jovem de se relacionarem afectivamente com outras pessoas; desenvolver o sentido de responsabilidade na criança ou jovem, que possui um animal que depende dos seus cuidados; favorecer a aprendizagem de factos fundamentais da vida, como o nascimento, a procriação e a morte de uma criatura viva; desenvolver a capacidade para lidar com os aspectos não verbais presentes no relacionamento social, ou seja, aprender a observar e interpretar a linguagem dos gestos, das posturas e dos movimentos, essencial no relacionamento criança ou jovem-animal; ajudar a desenvolver atitudes humanitárias na criança/jovem, em relação ao animal como um ser vivo;despertar a consciência ecológica e a responsabilidade ética da criança/jovem diante da natureza e dos seres vivos.

No decorrer dos últimos 15 anos, um novo papel tem sido descoberto para os animais na vida das crianças/jovens.

A literatura especializada tem mostrado como eles podem tornar-se auxiliares terapêuticos valiosos no tratamento de vários tipos de problemas físicos e psicológicos infantis/juvenis.

Diversos autores têm realizado investigações que nos levam a reconhecer, nos animais, mais um recurso no tratamento de crianças/jovens com problemas emocionais, de aprendizagem, de linguagem ou autistas.

Mesmo nas crianças/jovens que experimentam situações de stress apenas temporariamente, a companhia de um animal pode contribuir para avaliar a ansiedade e suprir o apoio emocional.

Noutras investigações dentro desta área, foi constatado que os animais envolvidos no tratamento de crianças/jovens chegam a desempenhar um papel similar ao do próprio terapeuta. Um estudo realizado pela equipa de Mallon (1994), com 80 pacientes entre os 7 e os 26 anos de idade, num centro de tratamento onde residiam, revelou que essas crianças e jovens se relacionavam com os animais como se eles fossem "terapeutas" ou "co-terapeutas".

A motivação que levava a criança/jovem a se aproximar dos animais e mesmo o seu comportamento em relação a eles eram semelhantes aos motivos e ao comportamento direccionados ao terapeuta.

Estas crianças e jovens visitavam os animais quando se sentiam tristes ou com raiva, com o intuito de se sentirem melhor.

Os sujeitos também falavam, conversavam com os animais, com um sentimento de segurança podendo abordar os seus segredos e problemas pessoais, sem o medo de que essas confissões fossem transmitidas a outra pessoa.

São diversas as formas pelas quais a companhia de um animal pode auxiliar no tratamento de uma criança/jovem, diante de um problema físico ou psicológico. Certamente, o relacionamento entre a criança/jovem e o animal também pode gerar algumas dificuldades, riscos de algum ferimento ou transmissão de doenças mas, geralmente, os benefícios ainda superam essas desvantagens.

 

Os exemplos abaixo ilustram algumas das várias aplicações que têm sido utilizadas com animais no tratamento de crianças/jovens.

 

- O primeiro exemplo a ser mencionado refere-se às possibilidades terapêuticas do animal para o alívio da angústia de uma criança que precisa ser submetida a uma intervenção cirúrgica. Linn, Beardslee & Patenaude (1986) investigaram o uso de cães como auxiliares na terapia de crianças submetidas a transplante de medula óssea – os resultados indicaram que a possibilidade da criança interagir com o terapeuta, acompanhado de um cão, facilitou a expressão e o controlo, por parte da criança, dos seus sentimentos de ira, medo, abandono, de perda de autonomia e de integridade corporal, problemas gerados pela situação da criança diante da doença e da intervenção cirúrgica.

- A presença de um animal serviu para facilitar a comunicação entre crianças e terapeuta foi observada no tratamento de crianças (meninas) que tinham sofrido abuso sexual e a expressar os seus sentimentos em relação a essa experiência. Como no caso da criança submetida a uma intervenção cirúrgica, a presença de um animal facilitou a expressão da criança e ajudou a suprir-lhe um suporte emocional. Nestes dois casos, os animais de estimação foram utilizados numa situação bem definida e breve, em que a criança havia sido submetida a uma experiência traumática. Os animais participaram da sessão como "co-terapeutas" e a sua presença teve efeitos positivos.

Recentemente, Katcher e Wilkins (1998) concluíram que os animais também poderiam ser um auxílio importante no tratamento de alterações comportamentais infantis e sugeriram integrar o contacto com animais em programas de tratamento de crianças e adolescentes, particularmente nos casos de déficit grave de atenção, hiperactividade e alterações de conduta (como agressividade excessiva).

Os autores apresentaram os resultados obtidos com mais de 50 sujeitos e concluíram que a terapia com auxílio de animais tem efeitos terapêuticos significativos, persistentes e amplos em crianças e adolescentes.

 


Autoria: Alberto Paiva (Terapeuta Animal)

Data: 2006


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