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educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

Autismo

O autismo é uma perturbação do desenvolvimento que influencia o modo como a criança vê o mundo e interage com ele. “É um fenómeno raro e trágico que pode atingir qualquer um, qualquer família, sem prévio aviso. A sua origem biológica reside, provavelmente, muito antes do nascimento” ( Rivière in Frith, 1999).

Esta perturbação caracteriza-se por um profundo transtorno do desenvolvimento inibidor das capacidades da comunicação e imitação, observando-se também, grande incapacidade na relação com os outros. A criança autista tem dificuldade em processar e organizar a informação o que influi o modo como a criança vê o mundo e interage com ele.

Segundo Pereira (2005), antes de executar o programa educativo de uma criança autista tem que se considerar os objetivos gerais centrados na criança:

            - Comportar-se de acordo com as normas sociais aceites;

            - Adquirir o máximo de independência possível;

            - Aumentar a sua compreensão da linguagem;

            - Adquirir hábitos de trabalho e aumentar a sua capacidade de concentração;

            - Adquirir destrezas académicas e ocupacionais;

            - Jogar e ocupar o tempo livre, de forma adequada.

A definição individual dos objetivos deve ter como principio o conhecimento preciso e profundo, da natureza do autista, bem como das suas características, fazendo uma análise realista dos ambientes onde decorre o processo.

A escola deve estar previamente preparada para a adaptação de meios e recursos que promovam o sucesso dessas crianças. Tendo em conta as dificuldades do aluno autista, a escola/professor deve organizar a sala para que fique pronta a receber alunos com a síndrome. Estas crianças, têm dificuldades de orientação espacial, logo uma adequada organização do ambiente proporciona-lhe pontos de referência ajudando-as a orientar-se, (por exemplo, as casas de banho situarem-se próximos da sala, decorações feitas de forma a que não provoquem muitas distrações, mobiliário de acordo com o tamanho e idade da criança, etc), no entanto, essas necessidades devem ser avaliadas isoladamente, pois cada caso é um caso. Fora a organização da sala, a programação das atividades também tem que ser levada em conta, pois esta, ajuda os alunos a preverem e estruturarem os acontecimentos diários, diminuindo assim, a ansiedade sobre o que vai acontecer. Estas programações diárias e semanais devem ser afixadas num local da sala bem visível para serem revistas, pela manhã, quando os alunos chegam. Um outro aspeto a ter em conta é o que diz respeito às instruções do professor. Estas podem ser dadas verbalmente ou não, dependendo do nível de compreensão do aluno, pois para ensinar conscientemente e eficazmente um aluno autista, deve-lhe ser proporciona a adequação dos materiais e recursos disponíveis. A organização do método de trabalho é um bem-estar permanente, que deve ter como finalidade o sucesso do processo de ensino-aprendizagem, bem como um maior nível de autonomia.

 

Frith, U. (1999). Autismo - Hacia una Explicación del Enigma. Alianza Editorial, Madrid.

Pereira, M.C. (2005). Autismo. A Família a e a Escola face ao autismo. Edições Gailivro, S.A.

 

Partilho, de seguida, um poema que encontrei, algures na internet. Foi escrito por Mckean, um jovem autista. Poderá servir para refletirmos sobre as nossas práticas enquanto profissionais que lidam diariamente com pessoas como o Mckean.

 

“Construa-me uma ponte

Eu sei que você e eu

Nunca fomos iguais.

E eu costumava olhar para as estrelas à noite

E queria saber de qual delas eu vim.

Porque eu pareço ser parte de um outro mundo

E eu nunca saberei do que ele é feito.

A não ser que você me construa uma ponte, construa-me uma ponte,

Construa-me uma ponte de amor.

 

Eu quero muito ser bem sucedido.

E tudo o que preciso é ter uma ponte,

Uma ponte construída de mim até você.

E eu estarei junto a você para sempre,

Nada poderá nos separar.

Se você me construir uma ponte, uma pequenina ponte, minúscula ponte

De minha alma, para o fundo de seu coração.”

 

Autoria: Maria Luísa Rodrigues (Professora)