Intervenção consciente
No processo de aprendizagem, os pais, a escola e a própria sociedade começam por impor restrições às actividades que são agradáveis à criança, limitando seu prazer e balizando a sua capacidade criadora.
Consequentemente, a criança vai perdendo a sua obediência natural e passa a evidenciar comportamentos recíprocos - Surgem então as atitudes de desobediência e de rebeldia que acabam por reflectir-se em casa, na escola e na comunidade.
Fisicamente e emocionalmente a criança está em constante desenvolvimento... E ela sabe disso.
Começa a perceber que tem autonomia para realizar actividades sem auxilio e que se quiser, pode influenciar o ambiente que a rodeia.
Rapidamente começa a experimentar esse seu lado mais autónomo e explorador... Sofrendo as devidas consequências e beneficiando dos ganhos que acabam por surgir.
Em casa e na escola, pais e educadores desempenham um papel de extrema importância no desenvolvimento global do aluno. Há que transmitir a confiança, o afecto e a aceitação necessários a fim de promover um equilíbrio e um crescimento harmonioso do ponto de vista psicológico e físico.
Deste modo, a criança criará novas formas de acção, atitudes e comportamentos, baseando-se na imitação da conduta das pessoas que a rodeiam... Quer sejam expressões, acções, palavras, gestos, ou outros comportamentos.
O professor, o educador e o encarregado de educação, deverão evitar todas as situações de vergonha, de suborno ou de culpa, procurando caminhos e estratégias alternativas que não menosprezem ou ridicularizem a criança.
Com as mudanças e exigências da sociedade, os encarregados de educação acabam por ter menos tempo para estar com os seus educandos: os horários de trabalho, a distância do emprego, o aumento do custo de vida, a precariedade laboral, o aumento da carga escolar para os alunos, a televisão, os jogos de computador... Enfim... E tantas outras bem nossas conhecidas...
A família apresenta-se como a primeira instância de aprendizagem - ensinam os primeiros valores e regras.
A escola será a segunda instância - responsável pela educação da criança. Ensinando conteúdos e promovendo a aquisição de competências.
Em terceiro lugar teremos a sociedade, constituída pelo meio envolvente e pelas pessoas que a compõem – responsável pela integração e inclusão social.
As crianças e os jovens debatem-se diariamente com problemas e exigências que acabam por influenciar o carácter emocional, o nível cognitivo e o perfil psicológico.
Contudo, não existem receitas ou fórmulas mágicas para ser um bom pai ou educador. É então, imperioso que encarregados de educação, professores e educadores de uma forma geral actuem no sentido de facilitar a integração social, propiciando o diálogo, ouvindo, aconselhando, orientando.
Infelizmente vivemos num mundo que deturpa os valores humanos, alterando a conduta das pessoas, crianças, jovens e adultos, tornado-os individualistas, consumistas e egoístas.
A formação global da criança depende da escola, mas sobretudo do sitio onde esta vive - Estas novas crianças acabam por ter menos tempo para passar com os seus progenitores do que aquele que os seus pais tiveram no passado. Como pais, professores e técnicos temos um importante papel a desempenhar neste sentido.
Pedro Santos (Professor)