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educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

Fisioterapia e Saúde Mental

Na Antiguidade (mais ou menos entre 4000 a. C. e 395 d.C.) havia um preocupação em eliminar as doenças através da utilização de agentes físicos (sol, luz,calor,água e eletricidade), massagens e exercícios físicos. Segundo Shestack (1979), "Os médicos na Antiguidade conheciam os agentes físicos e os empregavam em terapia. Já utilizavam a eletroterapia, sob a forma de choques com um peixe elétrico, no tratamento de certas doenças".

Ainda nessa época, a China registra obras de cinesioterapia em 2698 a.C. Na mesma época na Índia usa-se de exercícios respiratórios para evitar a constipação.

A Idade Média, caracterizada por uma ordem social estabelecida no plano divino, foi uma época de lacuna em termos de evolução nos estudos e na atuação na área da saúde. A alta valorização da alma neste período e o interesse pelo desenvolvimento da capacidade física pelas camadas mais privilegiadas parecem ter sido responsáveis por essa lacuna. Desenvolveu-se portanto nesta época uma fisioterapia destinada a outros fins que não o curativo e sim o de incremento da potência física.

Após esse período de estagnação dos estudos, surge o Renascimento (período entre os séculos XV e XVI ), descrito como um momento de crescimento científico e literário. Há então,uma retomada dos estudos onde o interesse não destina-se apenas a concepção curativa, mas também a manutenção do estado normal existente em indivíduos sãos.

Entre os séculos XVIII e XIX ocorre a industrialização, momento caracterizado por um avanço na utilização de máquinas e uma transformação social determinada pelo produção em larga escala. Houve o desenvolvimento das cidades, bem como surgiram condições sanitárias precárias, jornadas de trabalho estafantes, e condições alimentares insatisfatórias que provocaram a proliferação de novas doenças. O surgimento de novas patologias e epidemias exigiram da medicina um desenvolvimento nos estudos. Nessa época parece que todos os estudos na área de saúde concentraram sua atenção ao "tratamento"das doenças e seqüelas e deixaram de lado as outras vertentes iniciadas na época renascentista, a "manutenção" de uma condição satisfatória e a "prevenção" de doenças. A atenção ao "tratamento" faz surgir a idéia de atendimento hospitalar. Mais tarde, ainda no século XIX, surgem as especializações médicas . A Fisioterapia parece ter seguido a mesma direção dividindo-se em diferentes especialidades. No decorrer da história percebemos que a fisioterapia sofreu todas essas oscilações, passando pela atuação curativa na antiguidade, pela estagnação na Idade Média, pela atenção preventiva concomitante a curativa durante o Renascimento e novamente pelo direcionamento puramente curativo durante a industrialização.

No Brasil, a fisioterapia surgiu como uma forma de solução para os altos índices de acidentes de trabalho.

FISIOTERAPIA - DEFINIÇÃO

É uma ciência da Saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais, intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas. Fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados pelos estudos da Biologia, das ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, das patologias, da bioquímica, da biofísica, da biomecânica, da cinesia e da sinergia funcional de órgãos e de sistemas do corpo humano.

O PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA

Profissional de Saúde, com formação acadêmica Superior, habilitado a construção do diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais (Diagnóstico Cinesiológico Funcional), a prescrição das condutas fisioterapêuticas, sua ordenação e indução no paciente bem como, o acompanhamento da evolução do quadro funcional e a sua alta do serviço.

FISIOTERAPIA NO HOSPITAL SÃO JOÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE

A Organização Mundial de Saúde qualifica as deficiências em: física, mental, visual, auditiva e múltipla.

A deficiência mental é definida como uma expressiva dificuldade na aprendizagem e desempenho de certas atividades de vida diária. A manifestação se dá antes dos 18 anos e é geralmente diagnosticada após a entrada do indivíduo na escola, sendo caracterizado por um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média.

As deficiências podem ter origem pré natal, também chamadas de deficiências congênitas, ocorrendo principalmente nos três primeiros meses de gestação por má-formação do feto. Podendo ter origem peri-natal ou pós-natal, as quais chamamos de deficiências adquiridas. Ocorrem por seqüelas de doenças infecciosas ou não, por acidentes de parto, de trânsito, de trabalho e outros.

De acordo com a OMS: 16,6% das causas das deficiências são por transtornos congênitos e perinatais; 16,8% são devido às doenças transmissíveis, como, poliomielite, tracoma, hanseníase e outras; 21% são por doenças crônicas não transmissíveis; 6,6% por perturbações psiquiátricas funcionais; 10% pôr abuso crônico do álcool e de drogas; 18% devido a traumas e 11% divididos entre desnutrição e outras causas.

Nos países menos desenvolvidos a maioria da população vive em condições mais precárias de vida, estando mais suscetível às doenças. Ou seja, a deficiência pode alcançar diferentes populações, mas as classes menos favorecidas são mais atingidas. No mundo, segundo estimativas da OMS, um percentual de 10% da população de qualquer país possui algum tipo de deficiência, podendo alcançar 15 a 20 % nos países de Terceiro Mundo.

Dentro do contexto da deficiência a prevenção é definida como o conjunto de medidas e ações destinadas a impedir que se instalem deficiências ou impedir que as deficiências quando já instaladas tenham conseqüências físicas, psicológicas e sociais negativas.

Os níveis de aplicação das ações de saúde compreende a promoção de saúde, proteção específica, diagnóstico e tratamento precoce, limitação do dano e a reabilitação. Os níveis de prevenção são primária, secundária e terciária.

Primeiramente é necessário prevenir que ocorra a deficiência, instalado a deficiência é preciso impedi-la de causar limitações funcionais permanentes, ou controlar, tanto quanto possível suas conseqüências limitantes e por último temos que impedir que a sociedade condene o indivíduo com deficiência a uma vida estigmatizada, segregada e isolada.

 Em sua obra Figueira (1996) traz duas abordagens distintas no que se trata a segregação e integração do indivíduo com deficiência. A integração é a condição natural e a segregação é o resultado de decisões sociais e políticas que tem como objetivo separar os indivíduos com deficiência dos sem deficiência, gerando a estigmatização, limitando-os de levarem uma vida normal.

Para minimizar os efeitos da deficiência, foram desenvolvidas ao longo dos tempos algumas técnicas de reabilitação, visando intervir nas limitações impostas pela deficiência.

De acordo com o Ministério da Saúde (1995), o objetivo da reabilitação é capacitar o indivíduo com deficiência a se adequar ao seu ambiente, restaurando a funcionalidade, alcançando padrões ocupacionais normais ou fase de desenvolvimento esperada, desenvolvendo comportamentos adaptativos ou desempenho social adequado. (É o que estamos realizando no Hospital São João).

Todavia, o objetivo maior da reabilitação é a (re) integração social do portador de deficiência. A proximidade com indivíduos sem deficiência contribui para minimizar o preconceito, uma vez que estes são em muito favorecidos pela estranheza e pelo desconhecimento. Realizar atividades comuns, mesmo havendo a necessidade de estratégias e equipamentos diferentes reduz a distância funcional.

Para Amaral (1995), a integração social consiste na comunicação, na redução do sentimento de isolamento por parte do indivíduo com deficiência, em igualdade de oportunidade, bem como numa vontade política, desenvolvendo sistemas de apoio da comunidade, isto é possibilitar o acesso aos recursos sociais, dando condições ao indivíduo com deficiência, modificar sua situação e desempenhar um papel produtivo. (Mais uma proposta do nosso trabalho no Hospital São João de Presidente Prudente).

Após a união de várias ciências, com a participação de diversos profissionais da área do conhecimento, alcançou-se um programa de atividades indispensáveis ao desenvolvimento destes indivíduos. Na reabilitação não deve existir simplesmente um tratamento físico, ou um ajustamento psicossocial, o tratamento deve ser sempre global e interativo. Grande parte das diferenças dos indivíduos com deficiências podem ser reduzidas, senão suprimidas, mediante uma ação apropriada sobre o meio físico, psicológico, educativo e social.

Para Lopes (1993) o trabalho prático, firme e competente de uma equipe de profissional é a única chave que pode abrir para o indivíduo com deficiência, a porta estreita para ele entrar em outro mundo e procurar participar novamente de uma sociedade que, infelizmente e com raras exceções, até inconscientemente discrimina o indivíduo com deficiência, principalmente no que se refere ao convívio social e ao trabalho profissional. ( E o programa de trabalho da equipe dos profissionais do Hospital São João ).

Protocolo do programa de reabilitação global

1)  Exercícios físicos, incluindo alongamento, aquecimento, trabalho de membros superiores, membros inferiores e exercício aeróbico, resfriamento e relaxamento. A intensidade do exercício é limitada por sinais e sintomas. O objetivo principal é exercitar o paciente em nível que varia  de 75 a 85% de sua freqüência cardíaca máxima. Os exercícios serão suspensos se a freqüência cardíaca exceder  os limites acima apresentados, se houver arritmia cardíaca, pressão arterial acima de 180/110mmHg, dor torácica, visão borrada, palidez, sudorese fria, dessaturação abaixo de 85% em paciente que já estiver  com oxigênio suplementar, e deterioração da coordenação motora e do nível de consciência.

2) Uma sessão de acompanhamento psicológico individual semanal, realizada por psicóloga.

3) Uma sessão de educação semanal grupal para discutir tópicos importantes sobre a DPOC.

4) Exercícios fisioterapêuticos para trabalhar a reeducação respiratória.

5) Teste de caminhada  de seis minutos (Tcam6') para avaliar a evolução na capacidade física dos pacientes.

Referências

Http://www.elden.hpg.ig.com.br

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia . I Consenso Brasileiro de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica ( DPOC ). J Pneumol 2000; 26: S-S52.

Arq.Neuro-Psiquiatr. Vol.56 n.4 São Paulo Dec. 1998.

 

Rogéria Cristina Castilho- Fisioterapeuta

Fonte: Livro - Fisioterapia no Brasil

José Rubens Rebelatto e Silvio Paulo Botomé

Ed. Monole Ltda