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educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

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EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

Olhares docentes sobre a inclusão escolar

Olhares docentes sobre a inclusão escolar

O estudo: Olhares docentes sobre a inclusão escolar dos estudantes com deficiência na escola comum realizou-se na UFSCar/SP, Brasil. Objetivo: identificar os olhares docentes sobre a inclusão escolar dos estudantes com deficiência e investigar se a prática docente tem contribuído para a inclusão escolar. 

 

Tratamento com cavalos desenvolve aptidões de crianças autistas (TEA)

O tratamento de pessoas com necessidades especiais e/ou deficiências desfrutando da companhia dos cavalos favorece benefícios relacionados ao bem estar físico e emocional promovendo intensamente a saúde. Os aspectos sociais, orgânicos e afetivos, são trabalhados juntamente com os aspectos pedagógicos desenvolvendodesta maneira uma reabilitação global. As terapias que têm o cavalo como aliado agem para superar danos sensoriais, motores, cognitivos e comportamentais com excelentes resultados.

Centro de Equoterapia Cavalo Amigo está localizado dentro da Sociedade Hípica Porto Alegrense e conta com uma equipe multidisciplinar com profissionais da área da saúde, esporte e da educação. Para os atendimentos utilizamos cavalos com treinamento especifico para equoterapia encilhados com sela inglesa, cabeçada, bucal e cabresto. Os cavalos possuem características que facilitam o trabalho de aproximação, tais como docilidade e são de muito fácil condução. Numa área de 10 hectares contamos com trilhas com vários tipos de solos , árvores frutíferas e uma natureza abundante.

Durante as sessões, os terapeutas também ajudam a estimular a fala, a audição, o tato, a orientação espacial e muito mais. No aspecto social a equoterapia ainda é capaz de reduzir a agressividade estimulando a uma vida mais sociável dentro dos grupos acolhendo com mais resiliência as próprias limitações e as limitações do outro. A Equoterapia favorece a reintegração social, que é estimulada pelo contato do indivíduo com outros praticantes, com a natureza, equipe e com os cavalos.

De acordo com a psicóloga e coordenadora da Cavalo Amigo Equoterapia, Silvia Scheffer, a equoterapia é um ótimo recurso terapêutico para diagnósticos de TEA – Transtorno do Espectro Autista, o tratamento com cavalos traz muitos benefícios para a criança, tais como, desenvolvimento motor, sensorial, de linguagem, aprendizado, cognição e afetivo ampliando as possibilidades de uma melhor qualidade de vida dos praticantes e também da família. Informações: (51) 3343-4793 ou contato@cavaloamigo.com.br

Processo de Ensino-Aprendizagem da Matemática

Ensino da matemática

A inclusão e o processo de ensino-aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual é um dos maiores desafios encontrados pelos profissionais de educação. O diagnóstico de deficiência intelectual traz para o professor muitos questionamentos sobre o processo de aprendizado desse aluno. Nesse livro a autora convida os leitores a refletirem sobre a utilização dos recursos de Tecnologia Assistiva no processo de ensino-aprendizagem da matemática pelo aluno com deficiência intelectual.

Terapia com cavalos é alternativa para tratamentos de saúde

Problemas físicos e psicológicos podem hoje ser enfrentados com métodos alternativos. Esse é o caso da equoterapia, tratamento no qual se utilizam cavalos no processo de cura ou melhora do quadro do praticante.

De maneira mais incisiva, a utilização deste método no Brasil se deu a partir de 1989, quando foi criada a Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil). A equoterapia consiste na ideia de utilizar o cavalo como aliado dentro de uma abordagem interdisciplinar, relacionando as áreas de saúde, educação e equitação, fazendo assim com que os praticantes com deficiência alcancem o desenvolvimento biopsicossocial.

De acordo com Denise Bicca, médica veterinária e professora de natural horsemanship (técnica que foca na interação saudável dos seres humanos com os animais), o ponto principal para que se realize a equoterapia com êxito é a preparação que os cavalos recebem para receber os praticantes. “O mais importante é o cavalo certo”, afirma. Denise ainda diz que equinos que já haviam tido experiências de relacionamentos com pessoas anteriormente têm um potencial maior de proporcionar melhor qualidade no processo.

Mas, para a psicóloga Silvia Scheffer, sócia do Cavalo Amigo, centro de equoterapia que realiza suas atividades na Sociedade Hípica Porto Alegrense, a ideia de que para realizar as atividades equoterápicas é necessário um cavalo experiente é mito. De acordo com Silvia, o preponderante para um trabalho bem desenvolvido por parte do equino é vitalidade, tranquilidade e gostar do contato com os humanos.

Um exemplo da funcionalidade da equoterapia é o caso de Wylliam, de sete anos, filho da dona de casa Eleonara Camargo. Diagnosticado com paralisia cerebral, além de ter nascido com 26 semanas de gestação, Wylliam está praticando equoterapia desde junho de 2016, quando a fisioterapeuta infantil que o acompanha lhe indicou tal método de tratamento. Eleonara diz que quando William começou a fazer a equoterapia “não ficava em pé, nós largávamos ele e ia direto para o chão”.

Além do desenvolvimento motor relatado por Eleonara, Wylliam também acabou desenvolvendo afeto com o cavalo que participa das atividades, coisa que antes não ocorria pelo medo de animais. “O Wylliam nem parece a mesma criança, fora o carinho que ele tem com a cavalo”, afirma.

Ainda sobre o desenvolvimento adquirido por ele após o iniciar as práticas de equoterapia, a mãe afirma que, antes, para se locomover com Wylliam, era possível somente com a cadeira de rodas, situação que se alterou após o tratamento. Ao todo, a equipe que atende Wylliam conta com quatro integrantes, sendo eles uma fisioterapeuta, além da própria Silvia.

“Não dá pra ter pouca prática”

A partir do momento em que uma pessoa é identificada com alguma necessidade passível de uso animal no tratamento, o médico faz a indicação do uso. De acordo com Silvia, é feita uma avaliação do caso, a fim de identificar qual é o melhor método a ser utilizado. As necessidades que levam à procura são, em geral, crianças com autismo, paralisia cerebral, problemas emocionais e físicos. Mas também há aqueles que estão se recuperando de acidentes vasculares cerebrais, infartos ou até mesmo quadros depressivos.

Silvia acrescenta que um dos maiores problemas que ocorrem quando o público busca locais que ofereçam esse tipo de serviço é a falta de conhecimento das atividades desenvolvidas em um centro de equoterapia sem credenciamento e habilitação da Ande-Brasil para funcionar. Isso acarreta em serviços sem a devida qualidade, que não atendem às demandas necessárias, façam esse tipo de serviço.

Rotina de cavalo

Quando um profissional realiza suas atividades de uma maneira mais descansada, estando com a situação apta para atuar, em geral desenvolve suas funções de maneira mais exitosa. Não é diferente no que diz respeito ao cavalo. No Centro de Equoterapia Cavalo Amigo, a rotina de trabalho é feita de maneira tranquila, tudo para que o animal tenha um vigor emocional e físico quando atua.

Silvia afirma que os cavalos que integram sua equipe trabalham um dia sim e outro não, ficando nos dias de folga soltos no campo. Além disso, os equinos recebem alimentação diferenciada e acompanhamento médico, tudo para que os cavalos possam “emprestar um pouco da sua alegria aos praticantes”.

in https://cavaloamigo.com.br/

 

Pedia Suit vs terapia intensiva

O pedia suit é uma vestimenta ortopédica macia e dinâmica, composta por chapéu, colete, calções, joelheira, calçados adaptados que são interligados através de faixas elásticas para promover uma unidade de suporte para alinhar o corpo o mais próximo do funcional possível. Reestabelecendo assim, o correto alinhamento postural e a descarga de peso ocasionando a normalização do tônus muscular e das funções sensorial e vestibular.

É considerado atualmente, como o mais moderno tipo de macacão terapêutico ortopédico, criado em 2006, porém deu-se inicio em 1971, onde foi criado o “Peguim suit”, desenvolvido pelo programa espacial da Rússia, utilizados em voos espaciais com objetivo de neutralizar os efeitos nocivos da ausência da gravidade sobre o corpo, perda de densidade mineral  óssea, atrofia muscular, alterações cardiovasculares entre outros. Após a criação do mesmo, as longas viagens ao espaço foram possíveis, e esse fato tornou a base da criação da terapia intensiva com o suit.

Dessa forma a tecnologia passou a ser compartilhada e aprimorada pelos profissionais da reabilitação, pois existia a semelhança dos problemas físicos em pacientes com paralisia cerebral e outras condições neurológicas. Nos anos 90 foi criado o primeiro suit usados em crianças com paralisia cerebral “adeli suit”.

O pedia suit associado ao programa de terapia intensiva consiste em um tratamento com duração de quatro semanas, cinco dias por semana, quatro horas diárias de atividades, totalizando 80 horas de terapia, associado ao efeito do macacão terapêutico ortopédico. Tendo também como recurso as gaiolas do “macaco” (Monkey), que consiste em uma gaiola de metal tridimensional rígida com polias metálicas utilizadas para alongar e fortalecer os grupos musculares. E a gaiola da “aranha” (Spider), onde o paciente usa um cinto de couro ao qual cabos elásticos estão conectados e assim trabalhamos a funcionalidade dos mesmos.

As indicações e público alvo consistem tanto adulto ou infantil, abrangendo as patologias paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento motor, traumatismo crânio encefálico, acidente vascular encefálico, ataxia, atetose, deficiências neurológicas, deficiências ortopédicas, doenças genéticas, incapacidades pós-cirúrgicas, lesões da medula espinhal, transtornos vestibulares, síndrome de down entre outras.

O objetivo da terapia intensiva consiste em melhorar/ aumentar o desenvolvimento motor, o reforço muscular, a resistência, a flexibilidade, o equilíbrio e coordenação. Tendo como benefícios a melhora do input sensorial e motor do sistema nervoso central, a normalização do tônus muscular, a melhora do ajuste biomecânico e alinhamento muscular, postural e simetria corporal, normalização e correção do padrão de marcha, melhora da densidade óssea e do desenvolvimento/ganhos de habilidade motoras finas e grossa, dentre outros.

in https://cerdiamantina.com.br/

Acessibilidade

Segundo a ONU, “a definição de acessibilidade é o processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade”. A consideração do termo acessibilidade não poderá ser ditada por meras razões da solidariedade, mas, sobretudo, por uma conceção de sociedade realmente, onde todos deverão participar, com direito de igualdade, e de acordo com as suas características próprias. [CONDORCET, 2006]. 
A acessibilidade significa que nenhuma barreira é imposta ao indivíduo face às suas capacidades sensoriais e funcionais. Ela é entendida como o acesso em qualquer lugar, com diferentes equipamentos (incluindo tecnologias de apoio para pessoas com deficiência) e por qualquer pessoa. 
“Acessibilidade surge como tributo imprescindível na sociedade permitindo que todos possam desfrutar das mesmas oportunidades, a saber: educação, trabalho, habitação, lazer, cultura e as novas tecnologias da informação e comunicação.” [(Amengual, 1994) apud Tavares Filho (2003)] 
Para que todos possam desfrutar das mesmas oportunidades é necessário que todos os produtos, sistemas, serviços ou ambientes, projetados para a população em geral, possuam um design universal e inclusivo, com vista a dizer sim à independência, à igualdade, à eficácia, à segurança e ao conforto. [CERTIC, 2010] 
O conceito de Design Universal nasceu “pela mão” de Ron Mace, um arquiteto norte-americano que dedicou boa parte da sua carreira às questões da Acessibilidade. 
“O design Universal pode ser definido como o design de produtos e de ambientes utilizáveis no maior grau possível por pessoas de todas as idade e capacidades. O design universal respeita a diversidade humana e promove a inclusão de todas as pessoas em todas as atividades da vida”. [Gouveia, 2012] 
O design universal baseia-se em 7 princípios, que são: 
1. Uso Equitativo 
É vendável e útil para qualquer grupo de utentes. Propicia o mesmo modo de uso a todos os utentes: idêntico quando for possível; equivalente quando não o for. Evita a segregação e a estigmatização de qualquer utente. A privacidade, proteção e segurança deve estar igualmente disponível para todos os utentes. 
2. Flexibilidade no uso 
Satisfaz uma larga gama de preferências e aptidões individuais. Propicia a escolha nas formas de utilização e prevê o acesso e o uso por destros ou esquerdinos. Facilita a acuidade e precisão do utente da mesma forma que se ajusta aos diferentes ritmos dos utentes. 
3. Uso Simples e Intuitivo 
Utilização fácil de perceber, independentemente da experiência, conhecimentos, idioma, aptidões e grau de concentração do utente. Elimina a complexidade desnecessária e corresponde às expectativas e intuição do utente. Capacidade de se adaptar a diferentes níveis de literacia e competências linguísticas. Hierarquiza a informação consoante o seu grau de importância. 
4. Informação Percetível 
Comunica a informação necessária ao utente independentemente das suas capacidades ou das condições ambientais. Usa diferentes modos (pictográfico, verbal, táctil) para apresentar a informação essencial. Prevê um contraste adequado entre a informação essencial e o seu suporte. Maximiza a “legibilidade” da informação para todos os sentidos. Prevê a compatibilidade com diversas tecnologias e ajudas técnicas usadas por pessoas com limitações sensoriais. 
5. Tolerância ao Erro 
Minimiza os enganos e as consequências de ações não intencionais: elementos mais usados são mais acessíveis, elementos perigosos devem ser eliminados, isolados ou protegidos. Prevê o aviso de enganos e erros, da mesma forma que desencoraja ações inconscientes em tarefas que exigem vigilância. 
6. Pequeno Esforço Físico 
Pode ser usado eficiente, confortavelmente e com o mínimo de fatiga: permite ao utente manter uma posição confortável, não exige o uso de força desnecessária, minimiza ações repetitivas e minimiza a necessidade de esforço continuado. 
7. Tamanho e Espaço para aproximação 
Tamanho e espaço apropriado para a aproximação, alcance, manipulação e uso, independentemente da estatura, postura ou mobilidade do utente: Permite a visibilidade dos elementos importante a qualquer utente, sentado ou em pé; manuseamento confortável para qualquer utente, sentado ou em pé; adapta-se a diferentes dimensões da mão e prevê espaço adequado para o uso de ajudas técnicas ou assistente pessoal. [Teles, 2012] 
Posto isto o design universal visa a conceção de objetos, equipamentos e estruturas do meio físico, destinados a serem utilizados pela generalidade das pessoas, sem recurso a projetos adaptados ou especializados, e o seu objetivo é o de simplificar a vida de todos, qualquer que seja a idade, estatura ou capacidade, tornando os produtos, estruturas, informação e meio edificado utilizáveis pelo maior número de pessoas tornando a nossa sociedade numa sociedade inclusiva.

in https://sites.google.com/site/estudoemambientesdigitais/acessibilidade

 

Adaptações não significativas do currículo - Brasil

As Adaptações Não Significativas do Currículo são importantes como medidas preventivas levando o aluno a aprender os conteúdos curriculares de maneira mais ajustada as suas condições individuais, para prosseguir na sua carreira acadêmica, evitando-se seu afastamento da escola regular.

Organizativas
- organização de agrupamentos
- organização didática
- organização do espaço

Relativas aos objetivos e conteúdos
- priorização de áreas ou unidades de conteúdos
- priorização de tipos de conteúdos
- priorização de objetivos
- sequenciação 
- eliminação de conteúdos secundários

Avaliativas
- adaptação de técnicas e instrumentos
- modificação de técnicas e instrumentos

Nos procedimentos didáticos e nas atividades
- modificação de procedimentos
- introdução de atividades alternativas às previstas
- introdução de atividades complementares às previstas
- modificação do nível de complexidade das atividades
- eliminando componentes
- sequenciando a tarefa
- facilitando planos de ação
- adaptação dos materiais
- modificação da seleção dos materiais previstos

Na temporalidade
- Modificação da temporalidade para determinados objetivos e conteúdos previstos
Fonte: Manjón, op. cit., 1995, p. 89

As adaptações organizativas têm um caráter facilitador do processo de ensino-aprendizagem e dizem respeito:
• ao tipo de agrupamento de alunos para a realização das atividades de ensino-aprendizagem;
• à organização didática da aula - propõe conteúdos e objetivos de interesse do aluno ou diversificados, para atender as suas necessidades especiais, bem como disposição física de mobiliários, de materiais didáticos e de espaço disponíveis para trabalhos diversos;
• à organização dos períodos definidos para o desenvolvimento das atividades previstas - propõe previsão de tempo diversificada para desenvolver os diferentes elementos do currículo na sala de aula.

As adaptações relativas aos objetivos e conteúdos dizem respeito:
• à priorização de áreas ou unidades de conteúdos que garantam funcionalidade e que sejam essenciais e instrumentais para as aprendizagens posteriores. Ex: habilidades de leitura e escrita, cálculos etc.;
• à priorização de objetivos que enfatizam capacidades e habilidades básicas de atenção, participação e adaptabilidade do aluno. Exemplos:
Desenvolvimento de habilidades sociais, de trabalho em equipe, de persistência na tarefa etc.;
• à sequenciação pormenorizada de conteúdos que requeiram processos gradativos de menor à maior complexidade das tarefas, atendendo uma sequência de passos, à ordenação da aprendizagem etc.;
• ao reforço da aprendizagem e à retomada de determinados conteúdos para garantir o seu domínio e a sua consolidação;
• à eliminação de conteúdos menos relevantes, secundários para dar enfoque mais intensivo e prolongado a conteúdos considerados básicos e essenciais no currículo.
As adaptações avaliativas dizem respeito:
• à seleção das técnicas e instrumentos utilizados para avaliar o aluno. Propõem modificações sensíveis na forma de apresentação das técnicas e dos instrumentos de avaliação, a sua linguagem, de um modo diferente dos demais alunos de modo que atenda às peculiaridades dos que apresentam necessidades especiais.

As adaptações nos procedimentos didáticos e nas atividades de ensino-aprendizagem referem-se ao como ensinar os componentes curriculares. Dizem respeito:
• à alteração nos métodos definidos para o ensino dos conteúdos curriculares;
• à seleção de um método mais acessível para o aluno;
• à introdução de atividades complementares que requeiram habilidades diferentes ou a fixação e consolidação de conhecimentos já ministrados - utilizadas para reforçar ou apoiar o aluno, oferecer oportunidades de prática suplementar ou aprofundamento. São facilitadas pelos trabalhos diversificados, que se realizam no mesmo segmento temporal;
• à introdução de atividades prévias que preparam o aluno para novas aprendizagens;
• à introdução de atividades alternativas, além das planejadas para a turma, enquanto os demais colegas realizam outras atividades. É indicada nas atividades mais complexas que exigem uma sequenciação de tarefas;
• à alteração do nível de abstração de uma atividade oferecendo recursos de apoio, sejam visuais, auditivos, gráficos, materiais manipulativos etc.;
• à alteração do nível de complexidade das atividades por meio de recursos do tipo: eliminar partes de seus componentes (simplificar um problema matemático, excluindo a necessidade de alguns cálculos, é um exemplo); ou explicitar os passos que devem ser seguidos para orientar a solução da tarefa, ou seja, oferecer apoio, especificando passo a passo a sua realização;
• à alteração na seleção de materiais e adaptação de materiais - uso de máquina braille para o aluno cego, calculadoras científicas para alunos com altas habilidades/superdotados etc.
As adaptações na temporalidade dizem respeito:
• à alteração no tempo previsto para a realização das atividades ou conteúdos;
• ao período para alcançar determinados objetivos.

Muitas vezes, há necessidade de adotar adaptações significativas do currículo para atender às necessidades especiais dos alunos, quando estas forem mais acentuadas e não se solucionarem com medidas curriculares menos significativas.
De um modo geral constituem estratégias necessárias quando os alunos apresentam sérias dificuldades para aprender, como resultado, entre outros fatores:
• da defasagem entre a sua competência curricular e a de seus colegas;
• da discrepância entre as suas necessidades e as demandas das atividades e expectativas escolares;
• da crescente complexidade das atividades acadêmicas que vai se ampliando, na medida do avanço na escolarização.

O que se almeja é a busca de soluções para as necessidades específicas do aluno e, não, o fracasso na viabilização do processo de ensino-aprendizagem. As demandas escolares precisam ser ajustadas, para favorecer a inclusão do aluno. É importante observar que as adaptações focalizam as capacidades, o potencial, a zona de desenvolvimento proximal (nos termos de Vygotsky) e não se centralizam nas deficiências e limitações do aluno, como tradicionalmente ocorria.

Embora muitos educadores possam interpretar essas medidas como “abrir mão” da qualidade do ensino ou empobrecer as expectativas educacionais, essas decisões curriculares podem ser as únicas alternativas possíveis para os alunos que apresentam necessidades especiais como forma de evitar a sua exclusão.
 
 

 

SUGESTÕES PARA APRENDER A ESCREVER

É essencial adotar bons hábitos logo desde o início. Segundo o terapeuta de psicomotricidade, Philippe Kostka, a criança pode começar a aprender a utilizar uma boa postura assim que estiver corretamente sentada à sua mesa. Simultaneamente, também é importante conseguir que a criança agarre no instrumento  de escrita de forma correta logo desde o início, uma vez que pode ser difícil corrigi-la depois de ela estar já habituada à posição incorreta.

POSICIONAMENTO CORRETO DOS DEDOS

Eis várias sugestões para ajudar a criança a aprender a posicionar os dedos: 

  • O lápis ou caneta deve ser agarrado entre o polegar e o indicador, apoiado no dedo do meio. A isto chama-se preensão em pinça. 
  • A ferramenta deve ser agarrada perto da ponta, mas a uma distância suficiente para permitir que a criança veja bem o que está a escrever na página. Os dedos devem manter-se ágeis e flexíveis, embora seja necessário algum tónus muscular para formar os contornos que, mais tarde, irão dar lugar a letras, palavras e frases.
  • O papel tem de estar em ângulo, para que haja total liberdade de movimentos; a criança deve ser incentivada a criar movimentos, tais como flexão-extensão do pulso.
  • A outra mão (para canhotos ou dextros) deve segurar a página com firmeza e manter o corpo equilibrado.
  • A mão que escreve deve mover-se da esquerda para a direita durante a escrita.

POSICIONAMENTO CORRETO DO CORPO

Não é num período de poucos dias que se adquire uma boa postura para escrever corretamente. Ao longo da sua permanência no jardim de infância, a criança aprende primeiro a compreender o que é a chamada "imagem corporal". Pratica a identificação das várias partes do corpo, de modo a controlar o movimento e ter noção espacial, acima, abaixo, da esquerda para a direita, etc., aprendendo a mover o braço separado do corpo, alinhando objetos, traçando linhas e curvas com um dedo, entendendo o que significa horizontal e vertical.

Em seguida, a criança tem de adotar a posição correta do corpo para escrever, ajudada pelos pais em casa, se for possível.  Num local bem iluminado, sente a sua criança numa cadeira de tamanho adequado, com os pés bem assentes no chão, com os joelhos abaixo do nível da coxa, as costas direitas, ligeiramente inclinadas para a frente. Os cotovelos e os antebraços devem estar livres para se moverem facilmente. O braço da mão que não está a escrever pode ser utilizado como apoio, desde que as costas se mantenham direitas. Todos os músculos da mão devem estar em repouso, com o antebraço naturalmente estendido, sem flexão ou rotação.

in https://www.bickids.com/en

 

Natação para portadores de necessidades especiais

Introdução

    A busca pela melhora na qualidade de vida nos últimos anos tem levado um número crescente de pessoas portadoras de necessidades especiais a procurar a prática de diferentes esportes, visando seu bem-estar físico e psicológico. Diversos estudos têm sido realizados, especialmente a partir da década de 70, demonstrando os efeitos benéficos da atividade física nas diversas patologias e as respostas fisiológicas aos exercícios para esta população (SHEPARD, 1990; CLIMSTEIN et al., 1993; PITETI, 1993; BAR-OR, 1994; BOOTH, 1994; BARROS, PIRES NETO E BARROS NETO, 2000).

    Um dos maiores valores do desporto e da atividade física para a pessoa com necessidades especiais é elevar o potencial do corpo, melhora da auto imagem e, simultaneamente, ampliar as condições de efetiva função na sociedade (ALMEIDA E TONELLO, 2007).

    Meier (1981) acredita que a natação assume um lugar privilegiado entre os exercícios físicos na medida em que o aluno vivencia a liberdade de movimentos, que podem ser executados em todos os sentidos contra a resistência da água, assim toda a musculatura é requisitada durante a natação.

    A água apresenta propriedades físicas que facilitam para o indivíduo sua locomoção sem grande esforço, pois sua propriedade de sustentação (empuxo) e eliminação quase que total da força da gravidade, podem segundo Campion (2000), aliviar o estresse sobre as articulações que sustentam o peso do corpo, auxiliando no equilíbrio estático e dinâmico, propiciando dessa forma, maior facilidade de execução de movimentos que, em terra, seriam muito difíceis ou impossíveis de serem executados.

    A natação é uma das modalidades esportivas com mais tradição dentro do campo do esporte para pessoas portadoras de necessidades especiais, sendo introduzida como esporte de competição após a segunda guerra mundial. Para o portador de necessidades especiais a atividade na água, ou o movimento de nadar, significa um momento de liberdade e independência, momento este em que consegue movimentar-se livremente, sem auxílio de bengala, muletas, pernas mecânicas ou cadeiras de rodas. O movimento livre lhe propicia a possibilidade de experimentar suas potencialidades, de vivenciar suas limitações, isto é, conhecer a si próprio, confrontar-se consigo mesmo, quebrar as barreiras com o seu “eu” próprio. A partir do momento em que o portador de necessidade especial descobre suas potencialidades, descobrindo sua capacidade de se movimentar na água, sem auxílio, inicia seu prazer em desfrutar a água, aumentando sua auto-estima, sua autoconfiança e sua independência (GRASSELI E PAULA, 2002).

Desenvolvimento

Evolução histórica

    Nos últimos anos, muito se tem falado e escrito sobre os efeitos benéficos das atividades na água para pessoas portadoras de necessidades especiais, mas a utilização da água como elemento terapêutico, não é novo, pois de acordo com Harris (1978) apud Lépore et al (1999), desde o tempo de Hipócretes, a água era utilizada no auxílio à reabilitação. Os gregos e romanos já utilizavam a água corrente para a cura de doenças (MORAN, 1979 apud LÉPORE et al.,1999).

    Os gregos acreditavam que a prática da atividade física era essencial somente para a manutenção da saúde. Fato que ignorava e muitas vezes excluía as pessoas portadoras de necessidades especiais. Com a evolução científica, iniciou a preocupação com a reabilitação e com a integração social dessa população (ROSADAS, 1991). O uso de exercícios terapêuticos na água é mencionado em obras tão antigas como a de Aureliano, do final do século V, na qual recomenda natação no mar ou em nascentes quentes, e a do médico Jacques Delpech (1777-1838), que escreveu sobre a correção postural com aparelhos e enfatizou o valor da natação para a coluna vertebral (BUCKHARDT E ESCOBAR, 1985).

    No final do século XIX e início do século XX, os exercícios aquáticos começaram a ser utilizados como meios corretivos eficientes, e as doenças reumáticas e do aparelho locomotor receberam o tratamento pioneiro nas estâncias termais europeias. Mais tarde, novos métodos surgem ressaltando o valor do exercício terapêutico dentro da água, acima do valor de suas características quimiotérmicas. Em 1924, Lowman organiza uma hidroginástica terapêutica, dentro de tanques ou piscinas, para portadores de poliomielite paraplégicos e portadores de outros problemas ortopédicos (BUCKHARDT E ESCOBAR, 1985).

    Nos Estados Unidos, a atividade na água como terapia iniciou antes mesmo da Primeira Guerra Mundial, sendo utilizada para indivíduos com problemas reumáticos. Segundo Lépore et al. (1999), Charles Lowman foi considerado o pai dos exercícios aquáticos como terapia e sistematizou a hidroterapia por volta de 1930. Após a Segunda Guerra Mundial, a água também, foi grandemente utilizada como elemento terapêutico para traumáticos e amputados, bem como para soldados com problemas psicológicos (GRASSELI E PAULA, 2002).

Classificação funcional

    As necessidades especiais podem ser classificadas, de acordo com o período de ocorrência, em congênitas ou adquiridas. As deficiências congênitas acompanham o indivíduo desde o seu nascimento. As deficiências adquiridas são causadas por fatores externos, como os acidentes, doenças, idade avançada (MEC, 1998).

    Quanto a sua especificidade, as necessidades especiais podem ser classificadas em cinco grandes grupos: mental, física, motora, sensorial e múltipla (MEC, 1998).

deficiência mental é caracterizada pelo funcionamento intelectual abaixo da média, que se origina no período de desenvolvimento. Apresenta limitações associadas a duas ou mais áreas de conduta adaptativa ou a capacidade do indivíduo em responder adequadamente as demandas da sociedade.

deficiência física é toda e qualquer alteração no corpo humano, resultado de um problema ortopédico, neurológico ou de má formação, levando o indivíduo a limitações ou dificuldades no desenvolvimento de algumas tarefas motoras.

deficiência motora é caracterizada pela dificuldade de locomoção e de realização das atividades diárias devido à idade avançada.

deficiência sensorial é a redução ou a perda total da capacidade de utilizar os sentidos. Está dividida em deficiência visual e deficiência auditiva. A deficiência visual é a redução ou a perda total da capacidade de ver. Pode ser classificada em cegueira ou visão subnormal. A deficiência auditiva é a redução ou a perda total da capacidade de conduzir ou perceber sinais sonoros.

deficiência múltipla é caracterizada pela presença de duas ou mais deficiências associadas.

    Na natação os critérios de classificação funcional obedecem ao grau de deficiência neurológica e ao grau das habilidades funcionais apresentadas. A avaliação é feita por um médico especialista e os nadadores especiais são agrupados em classes estabelecidas pela IPC – Comitê Paraolímpico Internacional, e se baseia no potencial residual do atleta e não nas suas limitações motoras (ABRADECAR, 2006).

    O sistema é denominado Sistema de Classificação Funcional da Natação (FCS-SW), utilizando cálculos numéricos para definir a capacidade locomotora. O sistema é expresso em modelos que demonstram a variação na eficácia da propulsão de nadadores portadores de diferentes capacidades locomotoras (ABRADECAR, 2006).

    A capacidade locomotora do nadador é avaliada no teste de banco. Em seguida, o mesmo será avaliado na piscina, nadando, o que constitui o teste de água. Toda capacidade locomotora é examinada para: determinação de pontos para o teste da força muscular e/ou; determinação de pontos para o teste da coordenação e/ou; determinação de pontos para a mobilidade articular e/ou; medição do membro amputado e/ou; medição do tronco (ABRADECAR, 2006).

    O nadador sem deficiência motora atinge 300 pontos para as modalidades S (Livre, Costas e Borboleta) com 130 pontos para braços, 100 pontos para pernas, 50 pontos para tronco, 10 pontos para saída e 10 pontos para virada. Para as modalidades SB (nado de peito) temos um total de 290, 110 pontos para braços, 120 pontos para pernas, 40 pontos para tronco, 10 pontos para saída e 10 pontos para viradas (ABRADECAR, 2006).

    As modalidades S e SB, na ficha de teste, indicam que os pontos devem ser contados para as respectivas modalidades, ou seja, para as do tipo S: nado estilo livre, nado de costas e nado borboleta, a qual possui 10 classes; ou para as do tipo SB: nado de peito, a qual possui 9 classes; ou mesmo para ambas. O valor mínimo para estar apto a competir é uma perda de 15 pontos (ABRADECAR, 2006).

    Nas provas dos deficientes visuais é permitido avisá-los da proximidade da virada ou da saída do bloco, mas não verbalmente. Os competidores B1 são obrigados a usar óculos opacos para competir (ABRADECAR, 2006). Os portadores de deficiência visual competem nas classes B1 (Ausência da percepção de luz em um dos olhos), B2 (Capacidade de reconhecer a forma de uma mão), B3 (Campo visual reduzido, mas com bastante visão) (ABRADECAR, 2002).

Benefícios da prática da natação

    A natação é a capacidade de se locomover sobre ou sob a água, de forma segura e individual, de acordo com suas potencialidades, respeitando suas limitações (VELASCO, 1994). Pode ser apresentada de três formas: natação terapêutica ou elementar utilitária, natação recreativa ou esportiva formal e natação competitiva ou esporte formal (BAHIA, 2007).

    A natação terapêutica é a adaptação do indivíduo ao meio aquático, possibilitando a prática da natação recreativa. A natação recreativa é composta de movimentos formais, como as técnicas dos quatro nados (crawl, costa, peito e borboleta), saídas e viradas. Visa o bem estar social e pessoal, possibilitando a prática em caráter esportivo. A natação competitiva é composta de esquemas de movimentos de alto nível, favorecendo o aprimoramento técnico e a performance desportivas.

    A prática da natação pode trazer inúmeros benefícios. E não é diferente com os portadores de necessidades especiais, pois, além dos benefícios físicos, nadar proporciona a integração social, a independência e o aumento da auto-estima nos atletas (ABRANTES E BARRETO, 2009). A natação pode oferecer mais do que qualquer outra atividade física ou esporte às pessoas portadoras de necessidades especiais, sendo rapidamente adaptada as suas necessidades e capacidades (BAHIA, 2007).

    Um programa de natação adaptada deve conter cinco objetivos, de acordo com Adams et al. (1985), que coloca o aluno em sua totalidade.

O objetivo orgânico que visa aumentar e melhorar a capacidade funcional do organismo (resistência cardiovascular, flexibilidade, resistência muscular, etc).

O objetivo neuromuscular consiste no aumento da capacidade perceptivo-motor, de movimentos ainda não explorados, tais como: movimentos em vários planos (rotação, flexão,extensão, etc).

O objetivo interpretativo, de consciência do próprio corpo, de suas potencialidades. Na prática da natação, o indivíduo pode explorar, descobrir e realizar diversas habilidades motoras ainda desconhecidas.

O objetivo social se evidencia nas diversas formas de recreação, na interação com outras pessoas e a sua habilidade de lidar com outros indivíduos que é prejudicada pela falta de variedade de contatos.

O objetivo emocional, um aspecto importante, pois o aluno é capaz de deixar seu meio de locomoção (cadeira de rodas, muletas, aparelhos ortopédicos), e de forma independente dentro da água, se deslocar com liberdade, fato este que eleva sua auto-estima (ALMEIDA E TONELLO, 2007).

    Os benefícios que a natação pode proporcionar a esta população podem ser classificados em: terapêuticos, físicos e fisiológicos, e psicossociais (NETO E GONZALES, 1996; GUTTMAN, 1976; SEAMAN E DEPAUW, 1982; LIANZA, 1985; ROSADAS, 1991; SOUZA, 1994; SCHUTZ, 1994).

Benefícios terapêuticos: diminuição da dor e espasmos musculares; manutenção ou aumento da amplitude do movimento articular; fortalecimento do músculo enfraquecido e aumento da tolerância ao exercício; reeducação do músculo paralisado; melhora da circulação; encorajamento das atividades funcionais; manutenção e melhora do equilíbrio, coordenação e postura.

Benefícios físicos e fisiológicos: diminuição do peso corporal, possibilitando que o indivíduo mantenha-se sozinho e facilitando seu deslocamento; diminuição de possíveis lesões causadas pelo excesso de peso; relaxamento muscular devido à propriedade aquecida da água (30º a 32º C); a posição do corpo e suas movimentações (quatro nados) proporciona um aumento na força e resistência muscular, aumento na amplitude das articulações e melhora de todas as funções corporais.

Benefícios psicossociais: a imersão é usada como um meio de evitar a rejeição e reduz as tensões físicas, mentais e nervosas; os indivíduos esquecem seus problemas enquanto sua atenção está voltada à aprendizagem de uma nova habilidade, deixando-os mais relaxados; algumas deficiências são mais evidentes que outras quando o corpo está imerso, podendo trazer benefícios psicológicos aos alunos que apresentam grandes deformações corporais; os êxitos na natação, mesmo que o aluno não tenha se adaptado em outros esportes, pode ajudar a restabelecer a autoconfiança e a segurança; o brincar com a água pode proporcionar benefícios psicossociais positivos, além de um alto nível de bem estar. O aluno hiperativo tende a se acalmar e o aluno apático tende a receber um ótimo estímulo; a natação pode facilitar a identificação do aluno com ele e com os colegas, facilitando a socialização e a melhora da auto-estima.

Outros benefícios: estruturação do esquema corporal, orientação espacial, equilíbrio estático e dinâmico, melhora da resistência cardiopulmonar e cardiovascular; momentos de prazer, descontração e criatividade; auto-imagem e socialização; melhora da coordenação motora, consciência corporal, noções espaço-temporal e ritmo.

Metodologia do ensino da natação para portadores de necessidade especiais

    A metodologia do ensino da natação para indivíduos portadores de necessidades especiais segue a mesma metodologia do ensino da natação tradicional (MEC, 1998).

    A sequência metodológica do ensino da natação pode ser dividida em: adaptação ao meio líquido; ensino dos nados; aperfeiçoamento e treinamento (MACHADO, 1995; PALMER, 1990; MEC, 1998; NAVARRO, 1995). Os exercícios de adaptação ao meio líquido são fundamentais, por serem a base do aprendizado da natação. Antes de iniciar o processo de ensino, é preciso analisar aspectos como: o controle da cabeça, a mobilidade dos membros, o equilíbrio, a respiração e a forma (MEC, 1998; SOUZA, 1994).

  1. Adaptação ao meio líquido: esta fase pode ser dividida em familiarização/ambientação (entradas e saídas da piscina, primeiros contatos com a água, deslocamentos verticais, etc), respiração (imersões), flutuação (mudanças de posições), deslizes (equilíbrio e propulsão) e mergulho elementar (saltos).

    As técnicas e os procedimentos de adaptação ao meio líquido dos indivíduos portadores de necessidades especiais implicam na passagem por níveis de complexidade ascendente. A sequência dos níveis é recomendada pelo, primeiro apresentar aspectos técnicos para a aquisição do segundo, e assim sucessivamente, podendo ser alterado de acordo com as deficiências apresentadas pelos alunos (BURKHARD E ESCOBAR, 1985; MEC, 1998):

Nível 1: entradas e saídas da piscina.

Nível 2:deslocamentos na posição vertical em diferentes profundidades. Manter a posição de equilíbrio estável.

Nível 3: imersões com o controle da respiração.

Nível 4: equilíbrio na água em diferentes posições (ventral, dorsal e vertical), passando de uma posição para a outra e vice-versa.

Nível 5: deslocamentos em posição de flutuação.

Nível 6: saltos em pé e de cabeça.

Nível 7: execução de um nado utilitário.

  1. Ensino dos nados: esta fase compreende o ensino dos quatro nados (crawl, costas, peito e borboleta). Segundo Souza (1994) a altura e o grau das lesões são determinantes para a escolha dos nados e da sequência de ensino dos nados. MEC (1998) sugere a sequência de ensino dos nados iniciando pelo nado peito, por ser considerado o nado mais seguro, onde o aluno pode observar o que se passa a sua frente. O nado crawl em seguida, permite uma menor resistência com a água devido à posição mais hidrodinâmica, sendo muito apreciado por amputados de membros inferiores. Alguns autores sugerem o nado de costas como o primeiro nado a ser ensinado, devido à facilidade da respiração. O nado borboleta é o mais exigente fisicamente, sendo aconselhado para amputados de membros inferiores e desaconselhado para portadores de lesões na coluna.
  2. Aperfeiçoamento: esta etapa compreende, de forma simples, o aprimoramento das técnicas dos nados, o aprendizado das saídas e viradas e a prática de outras modalidades aquáticas.
  3. Treinamento: o processo de treinamento com indivíduos portadores de necessidades especiais só deve ser iniciado quando estes indivíduos apresentarem uma adaptação do sistema cardiovascular, maior resistência de força localizada, adaptação do sistema de termorregulação e pré-disposição para participar das sessões de treinamento. O treinamento pode ser voltado ao condicionamento físico e/ou competitivo. Nesta fase a participação em festivais, campeonatos e maratonas aquáticas, é de fundamental importância para a motivação dos alunos, além de enfatizar os benefícios em vários aspectos psicossociais.

    Fugindo da metodologia tradicional de ensino da natação, nos últimos anos, um método de ensino da natação para portadores de necessidades especiais tem se propagado mundialmente, o Método Halliwick. Este método foi criado por James McMillian, em 1949, na Escola Halliwick para meninos, em Londres.

    É baseado nos princípios conhecidos da hidrostática, hidrodinâmica e mecânica dos corpos, ensinando desde o controle respiratório até os movimentos básicos de um nado, tendo como principal inovação a não utilização de flutuadores. As atividades ensinadas pelo método englobam muitas habilidades, como, por exemplo, o aprendizado de como o empuxo e a turbulência afetam o corpo, o aprendizado do equilíbrio e o desenvolvimento dos movimentos de natação básicos (AST, 2000).

    A metodologia Halliwick apresenta quatro fases distintas na adaptação ao meio líquido, que englobam os dez pontos básicos do método (AST, 2000):

Fase 1: Adaptação mental (física)

Objetivos: confiança na água, adaptação mental, passar da posição vertical para horizontal, desembaraço.

Fase 2: Rotações

Objetivos: domínio da respiração no meio aquático, mobilidade e segurança na posição horizontal.

Fase 3: Flutuação e impulsão

Objetivos: independência nas flutuações e na exploração das profundidades, flutuar na turbulência e flutuar em equilíbrio.

Fase 4: Propulsão

Objetivos: ritmo respiratório adaptado às técnicas propulsivas, aquisição de uma técnica propulsiva.

A Natação Competitiva Adaptada

    Em 1948, o médico Ludwig Guttmann iniciou o movimento dos esportes adaptados e fundou os Jogos de Stoke Mandiville, na Inglaterra. A primeira modalidade dos Jogos foi o arco e flecha, sendo mais tarde introduzidas outras modalidades, adaptações e regulamentações. Desde essa época já existiam as classificações das pessoas portadoras de deficiências em níveis adequados para as competições esportivas (BUKHARDT E ESCOBAR, 1985; GUTTMAN, 1981; ADAMS, 1985; ALENCAR, 1986; ASSUMPÇÃO, 2005; FREITAS E CIDADE, 1997).

    As técnicas dos nados utilizados nas competições paradesportivas são as mesmas técnicas esportivas dos nados crawl, costas, peito e borboleta, com algumas concessões a técnica formal. As regras aplicadas são as mesmas estabelecidas pela FINA (Federação Internacional de Natação Amadora), com algumas adaptações, principalmente, as saídas, viradas e chegadas, e as orientações para os deficientes visuais. As competições são divididas em categorias masculina e feminina, respeitando as deficiências apresentadas pelos nadadores e podem ser disputadas de forma individual ou em equipes de revezamento (NETTO E GONZÁLES, 1996).

    A natação adaptada vem crescendo vertiginosamente, e faz parte dos programas oficiais das competições esportivas adaptadas desde a primeira Paraolimpíada, em Roma 1960, com a participação de 400 atletas, e nas Paraolímpiadas em 2008 na cidade de Beijing, tivemos cerca de 10000 participantes. A primeira participação brasileira no quadro de medalhas aconteceu em Stoke Mandiville – 1984.

    O Brasil já conquistou várias medalhas, o primeiro ouro aconteceu nos Jogos Paraolímpicos de Atlanta, em 1996, através do atleta brasileiro José Afonso Medeiros, nos 50 metros borboleta (MELO E LÓPEZ, 2002).

    O melhor desempenho brasileiro foi nas Paraolimpíadas de Beijing (2008), com 47 medalhas e destaque para os nadadores Daniel Dias e André Brasil.

    A participação de portadores de deficiência física em eventos competitivos no Brasil e no mundo vem sendo ampliada (MELO E LÓPEZ, 2002). A partir das Paraolimpíadas de Sydney (2000) e Atenas (2004), o esporte tem recebido muitas pessoas interessadas em praticá-lo e em participar de festivais e competições. Isso mostra o espírito de participação e competitividade existente nestes portadores de limitações, tanto pela própria vontade de vencer quanto de mostrar-se capaz (LABRONICI et al., 2000).

Conclusão

    As atividades físicas e esportivas, sejam elas competitivas ou não, devem ser orientadas e estimuladas no processo de reabilitação, visando os benefícios que estas atividades podem oferecer para uma melhora da qualidade de vida dos indivíduos portadores de necessidades especiais.

    O envolvimento destes indivíduos com a natação, pode trazer benefícios não só para sua melhora física, mas também para a melhora do seu estado emocional e de seu bem estar geral.

Referências

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Luciana Araujo

Thiago Souza

 

Deficiência intelectual: Comportamento, habilidades, aprendizado e interações

A deficiência intelectual é conceituada como a insuficiência cognitiva nos aspectos sociais, mentais e de autocuidado, sendo subdividida em síndromes e transtornos, portanto, é muito peculiar explicar um único diagnóstico, comportamento, habilidades e dificuldades em relação à aprendizagem, pois, varia de acordo com a personalidade, grau de deficiência, estrutura familiar e emocional do indivíduo, bem como os aspectos financeiros e morais do meio social onde o sujeito encontra-se inserido.
Em síntese o comportamento da pessoa com DI pode variar de acordo com aspectos já supracitados acima, pois, depende muito da unicidade de cada ser, porém, há alguns considerados homogêneos, como por exemplo, o comprometimento da fala acarretando pouca comunicação, infantilização exacerbada mesmo quando jovem, falta de habilidades para relacionar-se e de autocuidado, autoestima baixa e QI inferior à média populacional.
Como percebido todas essas características influenciam diretamente em suas interações e relações com outras pessoas, contudo, isso não quer dizer que a pessoa com DI seja antissocial ou que a mesma não possa construir laços afetivos com outras pessoas. Há, por exemplo, a união estável e o casamento de pessoas com Síndrome de Down, síndrome mais perceptível e fato comum atualmente, portanto, não podemos dizer que as relações com pessoas com DI são altamente defasadas, a casos e casos, e isso depende de aspectos já mencionados.
No âmbito escolar há uma grande problemática: A inclusão. Sabe-se que incluir não é apenas colocar uma pessoa com deficiência na sociedade e na escola, mas sim, condicionar a este, para viver em todas as esferas sociais, dando-o oportunidades para florescer suas potencialidades, acarretando o seu desenvolvimento parcial e/ou integral. Diante disso, pode-se afirmar que a questão é mais ampla do que se pensa, pois, todos os setores institucionais devem passar por adequação para receber esse aluno.
A interação deste indivíduo com todos os envolvidos no âmbito escolar talvez seja o aspecto mais primordial, pois, o alvo não é ensinar ao aluno com deficiência intelectual a raiz quadrada de 863.579.000, mas sim, prepará-lo, orientá-lo, condicioná-lo para a vida e para a vida. Assim, aspectos sociais e morais devem ser prevalecidos na aprendizagem dos mesmos.
A consolidação das aprendizagens do estudante com deficiência intelectual deve ser concomitante com suas habilidades, ou seja, há uma valorização de suas habilidades com a união de componentes curriculares com os seus ajustes necessários. Se o estudante gosta de artes, porque não ensiná-lo o alfabeto utilizando cores e tintas?! Se o estudante gosta de música e dança, porque não apresentá-lo os vários ritmos e movimentos musicais, ou ir além, construir com ele instrumentos musicais utilizando materiais sucatas?! Cabe da criatividade docente a aprendizagem significativa do estudante.
Partindo desta perspectiva seleciono importantes indicadores para a ação pedagógica com alunos em situação de deficiência intelectual: Planejar atividades desafiadoras, conhecer o aluno e o contexto social em que o mesmo vive, trabalhar em coletividade em sala de aula e fora dela, prever diferentes métodos de ensino respeitando as limitações, ter clareza que o planejamento é um processo continuo e que a aprendizagem significativa para o estudante depende de sua prática como educador.
Por fim, a atenção às diferenças individuais devem ser premissas, principalmente, em toda a sociedade e não diferentemente na escola. Cada sujeito envolvido obtém conhecimentos, capacidades, interesses e motivações individualizados, portanto, a família, a sociedade e a escola devem constituir laços em busca do eixo central, a consistência na construção de uma sociedade mais quista em relação às peculiaridades da pessoa com deficiência.

Janilton Oliveira

A exclusão do deficiente: as consequências para a sociedade como um todo, e consequentemente, para os indivíduos

Vivemos tempos de individualismo extremo: o que importa é minha liberdade de fazer o que quiser, quando quiser, como quiser, e de dispor como quiser dos frutos do meu trabalho e de usufruir como quiser de minha propriedade. Se o outro tiver que ser excluído, esmagado, deixado à míngua, não é problema meu.

O empregador deve ter o direito de contratar quem quiser, sem intervenção de leis, do Estado e de assistencialismos e paternalismos, usando seu juízo e seus preconceitos para excluir aqueles que considere menos capazes.

E nisso, grupos historicamente marginalizados pela sociedade, com uma carga de preconceitos e exclusão social — os homossexuais, os transgêneros, os negros, os índios, e, principalmente, os deficientes, que, nesse cenário, dependem da boa vontade de quem contrata, acabam excluídos do mercado de trabalho.

Muito se fala na “meritocracia” e na necessidade de “superar” as limitações e preconceitos, para “merecer” a vaga, sem depender de cotas. Isso ignora que deficientes são considerados, por definição, incapazes. Não importa o quanto o deficiente se esforce para se qualificar: ele continuará sendo visto como incapaz, e não terá sequer a oportunidade de provar seu mérito — a menos, é claro, que lhe seja propiciada a oportunidade, suprida pelas cotas.

Historicamente, o deficiente, na maioria das sociedades, e isso inclui nossa cultura judaico-cristã-católica, foi considerado como um incapaz, um “coitado”, totalmente dependente da caridade alheia. O deficiente sempre foi um “receptáculo” da caridade, existindo para que pudéssemos, por meio dela, expiar nossos pecados, e para que eles mesmos sofressem, por meio de sua dependência e indigência, sem jamais se desesperar, agradando assim a Deus. Qualquer tentativa de mudar sua condição e lhes proporcionar os meios de ganhar a própria vida seria uma rebelião contra os desígnios de Deus, e, portanto, pecado. Até hoje essa ideia está plenamente em voga: os deficientes são “anjos”, que existem para que possamos exercitar nossa tolerância e caridade.

A maior parte dos deficientes está longe de ser incapaz. Um cadeirante, por exemplo, é incapaz de ficar de pé e andar com as próprias pernas, mas é plenamente capaz de usar as mãos e a mente. Um deficiente auditivo é incapaz de ouvir, mas pode se comunicar com a linguagem de sinais, receber ordens, e executar sua função. Um deficiente visual é incapaz de enxergar, mas pode usar a noção espacial, a audição e o tato para executar suas funções. Possuem limitações ligadas ao sentido ou função que lhes falta — e só.

Mas, no imaginário popular, são inválidos, incapazes, condenados a depender de favores e caridade alheia, sofrer para expiar seu carma de vidas passadas ou pagar pelos pecados de terceiros, e depois, morrer. Se não são capazes sequer de viverem, quanto mais trabalharem, produzirem alguma coisa. No máximo, irão emperrar o andamento da produção e causar prejuízo. Contratá-los seria uma caridade forçada, imposta por um governo comunista bolivariano que está pouco se lixando para a economia do país e com as empresas, que seriam levadas à falência. Que se intromete em assuntos particulares, decidindo quem o proprietário deve contratar ou não.

Estes deficientes, excluídos do mercado de trabalho, no entanto, não deixam de existir. Continuam precisando comer, beber, se vestir. E, privados dos meios de ganharem a vida, acabam sendo sustentados por terceiros: seja por meio de impostos, pagos pela população, seja por suas famílias, seja, na ausência dos dois, por meio de esmolas, engrossando o número de pedintes e indigentes, que causam tanto incômodo e asco na população. Terceiros que deixam de investir o dinheiro para si, compelidos a ajudar esses deficientes. Afinal, não queremos as ruas cheias de cadáveres fétidos de indigentes que morreram de fome, e como somos cristãos e pró-vida, não queremos simplesmente exterminar esses deficientes em câmaras de gás.

Privados dos meios de produzirem qualquer coisa, deixam de contribuir para o bem-estar social, produzindo bens e serviços úteis que beneficiariam a todos. Inclusive o individualista que só pensa no próprio umbigo.

Privados de renda, deixam de fazer circular a economia, concentrando ainda mais a renda e deixando de gerar mais empregos.

Quando se tenta corrigir essa situação, forçando os empregadores a contratá-los por meio de cotas, independentemente de seus preconceitos, se está “emperrando o andamento das coisas, dando prejuízo à sociedade, afinal de contas essas pessoas não fazem as coisas andarem, estão ‘roubando’ a vaga de quem realmente produz”. Note que segundo essa visão, não é possível que ambas as pessoas sejam contratadas (afinal o deficiente, agora com renda, será também um gerador de empregos, pois passará a consumir). Não é possível que ambos saiam ganhando. Eu tenho que passar por cima de todos para sair na frente.

Ainda que um deficiente, por ter mais limitações, produza menos do que uma pessoa dita “normal”, seria preferível colocá-lo para trabalhar, produzindo o que pode, e recebendo conforme o que produz, tendo o restante suprido pelo Estado. A Alemanha utiliza esse sistema: os deficientes trabalham em vagas destinadas a eles, e ganham por produção. O restante é preenchido por um benefício do Estado, até atingir a renda mínima. Melhor do que apenas receber sem nada produzir. O patrão, em seu “individualismo”, não sai perdendo. A sociedade ganha como um todo.

Para quem acha que incluir deficientes prejudicaria “pais de família” para sustentar essas “eternas crianças” que poderiam muito bem continuar sendo sustentadas pelos pais: deficientes também ajudam suas famílias e se tornam pais e mães de família, dadas as condições. Muitos, mesmo excluídos, ajudam como podem, vendendo balas debaixo do sol quente, recebendo abaixo do salário mínimo e sem perspectiva de futuro. E pais não duram para sempre, e nem todos os deficientes têm irmãos, ou mesmo quem queira cuidar deles. Estes terão que ser sustentados pela sociedade, seja com impostos, seja com esmolas, seja com cadáveres, se não forem incluídos.

A inclusão do deficiente não é uma “caridade forçada”. Não só o deficiente ganha. Não se trata da “minoria às custas da maioria” A sociedade ganha, a economia ganha, os demais indivíduos ganham. Todos saem ganhando.

Mariana Fuzaro

Hipoterapia – Benefícios para a Saúde

A hipoterapia tem como principal objetivo promover o desenvolvimento do estado psicológico, físico e social do individuo, atualmente é muito utilizada para pessoas com necessidades especiais, como por exemplo deficientes físicos, atraso mental, autismo, etc A hipoterapia usa os movimentos do cavalo para desenvolver a capacidade do psicossocial, consistindo num método educacional que favorece a aprendizagem, socialização e o desenvolvimento global da pessoa.

Os efeitos terapêuticos com o cavalo têm sido descritos desde a época de Hipócrates (458-370 a.C.), que indicava a equitação como forma de regenerar a saúde. Os destinos do cavalo e do homem são inseparáveis. O cavalo foi utilizado como meio de conquista, de imigração, de transporte, de trabalho, de veneração e de crença, na mitologia, na fabricação de soro e vacina, no lazer e no desporto. Nos dias de hoje é dado um grande destaque como instrumento de reabilitação e educação.

A hipoterapia é muito benéfica para o desenvolvimento do individuo uma vez o cavalo origina movimentos tridimensionais (para cima e para baixo, para a esquerda e para a direita e para a frente e para trás) parecidos movimentos humanos, e este paralelismo favorece a construção da perceção destes movimentos. Traduzindo-se desta forma em benefícios do sistema vestibular, controlo de movimento, consciência do espaço, entre outros.

Objetivos da Hipoterapia

Proporcionar às pessoas com necessidades especiais físicas, mentais, visuais, auditivas e múltiplas, o seu desenvolvimento biopsicossocial, estimulando suas potencialidades, respeitando os seus limites e visando a integração e inserção social. Tem ainda como objetivo mais específico:

  • Proporcionar um bom equilíbrio emocional e corporal;
  • Facilitar a organização de esquema corporal do praticante e da sua orientação espacial; 
  • Desenvolver a estruturação temporal e o equilíbrio psico-emocional; 
  • Desenvolver e fortalecer funções psicomotoras e força muscular; 
  • Introduzir e reforçar aprendizagens pedagógicas; 
  • Estimular a capacidade de atenção, concentração; 
  • Desenvolver a autoconfiança e auto-estima; 
  • Estimular a autonomia, independência na condução e no interação com o cavalo; 
  • Integrar as famílias, possibilitando a troca de experiências, inclusão social e fortalecimento   dos vínculos familiares; 
  • Introduzir as noções básicas de equitação

Principais beneficios

Psicológicos 

  • Aumento da auto-estima, confiança e autonomia;      
  • Desenvolvimento da sociabilidade;
  • Diminuição da agressividade e intolerância à frustração.

Cognitivos

  • Aumento da capacidade de comunicação e interação das crianças, sobretudo no que se refere ao desenvolvimento das várias formas de comunicação sobretudo da verbal;
  • Contribui para a estimulação da concentração.

Físicos

  • Facilita o desenvolvimento do equilíbrio, da noção de espaço e postura;                                                                 ·         Favorece a tonificação da musculatura;
  • Melhora o tom de voz, o que facilita a pronúncia de palavras devido a uma respiração correta.

A quem de destina?

A Equitação Terapêutica revela-se um complemento terapêutico eficaz no tratamento de portadores das seguintes condições:  

  • Atrasos gerais no desenvolvimento neuropsicomotor. 
  • Atrasos mentais. 
  • Autismo. 
  • Síndrome de Down.
  • Espinha bífida.
  • Esclerose múltipla. 
  • Paralisias, hemiplegias e amputações.
  • Distrofia muscular. 
  • Traumas craneo-encefálicos.
  • Perda de mobilidade pela ocorrência de um AVC.
  • Distúrbios visuais e/ou auditivos.
  • Epilepsia. 
  • Reabilitação de acidentes.
  • Distúrbios emocionais, que podem englobar, perturbações alimentares, toxicomanias, sociopatias e psicomancias. 
  • Dificuldades de concentração, da fala, de aprendizagem e de comunicação.
  • Hiperatividade.
  • Problemas de adaptação social.
  • Reabilitação de estados de ansiedade, stress, e doenças psicossomáticas associadas tais como, a depressão e o luto. 
    Contraindicações da Hipoterapia

Antes de se começar um programa de hipoterapia é recomendado uma avaliação   de uma equipa de especialistas para definir o programa mais adequado. A hipoterapia não está indicada nos seguintes casos:

  •  coluna instável;
  • tumor na coluna;
  • deslocamento do quadril ou das primeiras vértebras do pescoço;
  • vertigens;
  • medo incontornável; entre outros.

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