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educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

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EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

Acessibilidade digital

Guias para informação acessível

Estes guias são de simples leitura e apresentam o método de trabalho a seguir passo a passo. Os tópicos abordados referem-se às principais questões que docentes, funcionários e estudantes têm de enfrentar ao criarem documentos para impressão e para formato eletrónico.

Colaboração com a European Schoolnet Academy

Na colaboração com a European Schoolnet Academy, a UTE produziu dois vídeos dedicados ao tema das tecnologias e as Necessidades Educativas Especiais. Os vídeos foram integrados na formação Administering School ICT infrastructure: developing your knowledge and skills.

in https://elearning.up.pt/

Design Universal

O Design Universal ou Desenho para Todos visa a conceção de objetos, equipamentos e estruturas do meio físico destinados a ser utilizados pela generalidade das pessoas, sem recurso a projetos adaptados ou especializados, e o seu objetivo é o de simplificar a vida de todos, qualquer que seja a idade, estatura ou capacidade, tornando os produtos, estruturas, a comunicação/informação e o meio edificado utilizáveis pelo maior número de pessoas possível, a baixo custo ou sem custos extras, para que todas as pessoas, e não só as que têm necessidades especiais, mesmo que temporárias, possam integrar-se totalmente numa sociedade inclusiva.

A realização de um projeto em Design Universal obedece a 7 princípios básicos:

  1. Utilização equitativa: pode ser utilizado por qualquer grupo de utilizadores;
  2. Flexibilidade de utilização: engloba uma gama extensa de preferências e capacidades individuais;
  3. Utilização simples e intuitiva: fácil de compreender, independentemente da experiência do utilizador, dos seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de concentração;
  4. Informação percetível: Fornece eficazmente ao utilizador a informação necessária, qualquer que sejam as condições ambientais/físicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador;
  5. Tolerância ao erro: minimiza riscos e consequências negativas decorrentes de ações acidentais ou involuntárias;
  6. Esforço físico mínimo: pode ser utilizado de forma eficaz e confortável com um mínimo de fadiga;
  7. Dimensão e espaço de abordagem e de utilização: Espaço e dimensão adequada para a abordagem, manuseamento e utilização, independentemente da estatura, mobilidade ou postura do utilizador.      

O Desenho para Todos assume-se, assim, como instrumento privilegiado para a concretização da acessibilidade e, por extensão, de promoção da inclusão social.

A sua importância está consignada na Resolução ResAP (2001) 1, do Comité de Ministros do Conselho da Europa (Resolução de Tomar), que recomenda aos Estados membros, entre outras medidas, que "tomem em consideração, na elaboração das políticas nacionais, os princípios de desenho universal e as medidas visando melhorar a acessibilidade no sentido mais lato possível, ... relativamente aos programas de ensino e a outros aspectos da educação, da formação e da sensibilização que relevam directamente dos governos, de acordo com as responsabilidades de cada país".

in http://www.inr.pt/inicio
 

Praia Acessível - Praia para Todos!

Logótipo do Programa Praia Acessível - Praia Para Todos

Programa Praia Acessível - Praia para Todos! foi criado em 2004 e desenvolve-se no terreno desde 2005, no âmbito de uma parceria institucional, ao nível da Administração Central do Estado, que reúne o Instituto Nacional para a Reabilitação (então Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência - SNRIPD), a Agência Portuguesa do Ambiente - APA, I.P. (então Instituto da Água - INAG) e o Turismo de Portugal, I.P., e que, até 2007, incluiu o Instituto do Emprego e Formação Profissional - IEFP, I.P.

Ao nível da Administração Regional estão envolvidas, na implementação do Programa, as entidades da área ambiental responsáveis pela monitorização e fiscalização dos recursos hídricos - no continente, as Administrações das Regiões Hidrográficas da APA, I.P., e, nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, as Secretarias Regionais com idênticas responsabilidades. 

Ao nível da Administração Local, estão envolvidos os municípios com praias oficialmente designadas como águas balneares, no âmbito do Artigo 4.º, do Decreto-Lei n.º 135/2009, de 3 de junho, e outras entidades concessionárias dessas praias.

Com este Programa - que promove o cumprimento da legislação sobre acessibilidade, designadamente o disposto nas normas técnicas aprovadas pelo Decreto-Lei n.º 163/2006, de 8 de agosto (regime de acessibilidade), bem como da Lei n.º 46/2006, de 28 de Agosto (Lei da não discriminação) e da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada por Portugal em 2009 - pretende-se que cada vez mais praias portuguesas passem a assegurar condições de acessibilidade e de serviços que viabilizem a sua utilização e desfrute, com equidade, dignidade, segurança, conforto, independência e a maior autonomia possível, por todas as pessoas, independentemente da sua idade e de possíveis dificuldades de locomoção ou outras incapacidades que condicionem a sua mobilidade.

Os requisitos de cumprimento obrigatório que determinam a atribuição da classificação de "acessível" a uma zona balnear, permitindo o hastear do respetivo galardão, são os seguintes:

  • Acesso pedonal fácil e livre de obstáculos, a partir da via pública envolvente, até uma entrada acessível da zona balnear;
  • Estacionamento ordenado e com lugares reservados para viaturas ao serviço das pessoas com deficiência condicionadas na sua mobilidade, localizados o mais próximo possível dessa entrada.
  • Rede de percursos pedonais acessíveis na praia, totalmente livre de obstáculos e de interrupções, que incluirá passadeiras no areal, sempre que este exista, e, nos restantes casos, um percurso pavimentado, firme e contínuo. Caso existam desníveis, os degraus terão de ser complementados por rampas suaves com corrimãos e/ou meios mecânicos acessíveis a pessoas com mobilidade condicionada (ascensores ou plataformas elevatórias). Esta rede de percursos acessíveis conduzirá necessariamente:à Zona de banhos de sol (chapéus de sol, toldos, barracas), o mais próximo possível da água; a Instalações Sanitárias adaptadas e a um Posto de Primeiros Socorros acessível.
  • Presença de Nadador-Salvador; 
  • Informação ao público à entrada da praia e na página eletrónica do município, detalhando as condições de acessibilidade e os serviços de apoio disponibilizados às pessoas com mobilidade condicionada. 

Indicam-se alguns exemplos de outras boas práticas que, embora não sendo de cumprimento obrigatório, melhoram inquestionavelmente as condições de desfrute das praias por estas pessoas, pelo que são recomendadas pelo Programa:

  • Equipamentos anfíbios para o banho e/ou o passeio na praia de pessoas com mobilidade reduzida (cadeiras de rodas, andarilhos, canadianas, etc.); 
  • Vestiários, duches, bebedouros e lava-pés acessíveis a todos;
  • Espaços de acolhimento e apoio, com sombra, reservados a pessoas com mobilidade condicionada e a pessoas com cães de assistência;
  • Acolhimento personalizado e orientação de pessoas com deficiência visual;
  • Bares de praia, restaurantes e lojas acessíveis a todos; 
  • Atividades lúdicas e pedagógicas acessíveis e inclusivas; 
  • Informação ao público em formatos acessíveis e em diversos suportes; 
  • Código de cores para daltónicos "ColorAdd" em bandeiras indicadoras do estado do mar e em contentores para recolha seletiva de resíduos;
  •  Sistemas para encaminhamento na praia e acesso ao banho com autonomia de pessoas cegas.

Evolução

O Programa tem mantido crescente adesão por parte das autarquias e concessionários de praias, embora haja bastante caminho a percorrer até se alcançar o objetivo final pretendido: tornar acessíveis todas as praias, costeiras e interiores, possibilitando a sua livre fruição, com equidade e segurança, por todos os que desejem frequentá-las. 

Na época balnear de 2019 o Programa abrangeu 35% das praias designadas oficialmente como águas balneares.

A tabela abaixo apresenta o histórico das zonas balneares acessíveis:

 

 ContinenteAçoresMadeiraTotal
2019189179215
2018189169214
20171941612222
20161831412209
20151791411204
2014171149194
2013162107179
2012162157184
2011153148175
201014297158
200913996154
20081099 118
2007925 97
2006742 76
2005481 49

Poderá, também, consultar as páginas sobre o Programa nos websites da Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. (inclui um mapa interativo com a localização geográfica das praias galardoadas) e do Turismo de Portugal, I.P.

Praias acessíveis galardoadas em 2019

Podem ser consultadas aqui (PDF| 386 KB |9 páginas) as 215 praias portuguesas que obtiveram o galardão do Programa “Praia Acessível – Praia para Todos!” na presente época balnear.

A informação está organizada por concelhos, encontrando-se estes agrupados por regiões hidrográficas no referente ao território continental (Norte, Centro, Tejo e Oeste, Alentejo e Algarve), e por ilhas, no caso da Madeira e dos Açores.

Saliente-se que, das 171 praias do litoral e 44 fluviais que este ano integram o Programa, quase 90% disponibilizam já uma importante mais-valia: equipamentos anfíbios adequados ao banho e/ou ao passeio na praia das pessoas com limitações de mobilidade, frequentemente com serviço de assistência.

Num ano em que o foco principal incidiu na consolidação da oferta de acessibilidade e dos apoios prestados às pessoas com mobilidade condicionada, o INR felicita os municípios das zonas balneares galardoadas pelo seu renovado investimento neste importante Programa, que, com qualidade acrescida ano após ano, melhora indubitavelmente a resposta às necessidades específicas da globalidade dos visitantes destes espaços de lazer, tornando-os cada vez mais inclusivos, seguros e atrativos.

Contactos

Ana Rita Vilhena  a.rita.vilhena@inr.mtsss.pt

Ana Brito  ana.m.brito@inr.mtsss.pt

 

Selo de Usabilidade e Acessibilidade

Decorrente da identificação de que é fundamental simplificar e tornar mais eficiente a utilização dos serviços digitais  públicos  por parte dos cidadão, a Agência para Modernização Administrativa em colaboração com o Instituto Nacional para a Reabilitação desenvolveram  o Selo de Usabilidade e Acessibilidade.

Este selo identifica e distingue a aplicação de melhores práticas de usabilidade e acessibilidade em sítios Web e aplicações, promovendo a sua melhoria contínua através da aplicação do selo de Bronze, Prata e Ouro, e destina-se principalmente a entidades da Administração Pública.

Usabilidade e, mais recentemente, User Experience são hoje conceitos incontornáveis na construção de qualquer tipo de presença digital. A preocupação com a interação do utilizador, a minimização das suas frustrações e a criação de uma experiência de navegação agradável, são objetivos que adquirem particular relevância quando se aplicam à presença digital dos organismos da Administração Pública.

No caso das pessoas com deficiência ou incapacidade a seleção dos requisitos levou em conta o princípio básico de "antes de usar é preciso aceder". Neste contexto, torna-se extremamente relevante eliminar todo o tipo de barreiras que impeçam estes utilizadores - utilizadores de tecnologias de apoio - de aceder aos serviços e à informação disponibilizada na Internet. Só depois de aceder podemos falar de usabilidade.

O Selo está estruturado em três níveis, correspondendo a 3 etapas de esforço diferenciadas. Cada uma destas etapas é chancelada por um Selo. O Selo Bronze chancela a conformidade para com os requisitos de nível 1. Ao nível intermédio corresponde o Selo Prata e ao nível mais elevado corresponde o Selo Ouro. Para obter o Selo Ouro, é necessário adicionar aos testes com utilizadores, os requisitos definidos para o Selo Bronze e para o Selo Prata.

O Selo de Usabilidade e Acessibilidade destina-se principalmente às entidades que estão obrigadas ao cumprimento da Lei n.º 36/2011, de 21 de junho, que estabelece a adoção de normas abertas nos sistemas informáticos do Estado, na sequência da qual surgiu o Regulamento Nacional de Interoperabilidade Digital (RNID). O último diploma que alterou a legislação que estabelece o RNID (Lei n.º 36/2011, de 21 de junho e Resolução do Conselho de Ministros n.º 2/2018, de 5 de janeiro) foi o Decreto-Lei n.º 83/2018, de 19 de outubro.

Com a adoção do Selo de Usabilidade e Acessibilidade, não só os organismos públicos se podem fornecer melhores serviços digitais como dão um passo importante para aumentar o seu uso pelos Cidadãos.

Para se candidatar ao Selo 

A Declaração de Acessibilidade e Usabilidade é tudo aquilo que precisa para se candidatar ao Selo.

Os passos são os enunciados na página 7 do Kit do Selo de Usabilidade e Acessibilidade (PDF | 3,73 MB | 33 páginas):

  1. Preencher a Declaração de Acessibilidade e Usabilidade;
  2. Publicar no respetivo sitio web
  3. Envio de por e-mail (a anunciar em breve) pedido de candidatura apenas com o endereço público da Declaração de Acessibilidade e Usabilidade e qual é o Selo a que se candidata: Bronze, Prata ou Ouro.
  4. Após confirmar a veracidade das análises apresentadas, a AMA entrará em contacto com a entidade e, em caso afirmativo, disponibilizará o código necessário para a afixação do Selo no respetivo sítio Web.

O Kit está disponível em https://www.tic.gov.pt.

Pode encontrar mais recursos sobre usabilidade e acessibilidade web em https://www.usabilidade.gov.pt e http://www.acessibilidade.gov.pt.

Acessibilidade Digital

A evolução para uma sociedade digital tem vindo a disponibilizar aos utilizadores novas formas de acederem à informação e aos serviços, sendo que os fornecedores destes últimos, tais como os organismos do setor público, têm vindo a confiar cada vez mais na internet para produzir, coligir e disponibilizar uma vasta gama de informações e serviços por via eletrónica, que são essenciais para o cidadão.

No respeitante às pessoas com deficiência ou incapacidade, para além das questões do acesso às tecnologias da informação e comunicação que se levantam à generalidade da população e se prendem, por exemplo,  com a formação ou com os condicionalismos económicos, levantam-se questões específicas de acessibilidade digital que podem restringir fortemente a sua funcionalidade e a sua participação social.

À semelhança da acessibilidade geral, a acessibilidade digital pode ser descrita como a característica de um ambiente, equipamento, produto, objeto ou serviço que lhe confere a possibilidade de assegurar a todos os seus potenciais utilizadores uma igual oportunidade de uso, de forma amigável e com dignidade e segurança.

De facto, o desenvolvimento e expansão das tecnologias digitais ao nível global veio abrir caminho para o acesso da generalidade das pessoas com deficiência às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e, por esta via, potenciar a sua autonomia, inclusão e participação social, na medida em que essas tecnologias estão cada vez mais presentes num conjunto muito vasto de realidades que vão dos produtos de apoio até à multiplicidade de equipamentos, produtos e serviços que fazem atualmente parte das mais diversas áreas da vida.

No entanto, para que esse potencial de inclusão se torne efetivo e, simultaneamente, isento de encargos acrescidos, os referidos equipamentos, produtos e serviços deverão ser concebidos respeitando os princípios do Design Universal, quer ao nível do Hardware - ou seja, dos instrumentos que produzem, veiculam e transmitem a informação -, quer do Software – o qual é constituído pelos programas e aplicações informáticas que tornam viável todo o circuito da informação.

Para o efeito e mais especificamente, deverão ser respeitados os seguintes quatro princípios da acessibilidade digital:

  • Percetível - toda a informação e interface deve ser legível e percebida por todos;
  • Operável - a navegação e o acesso a todas as funcionalidades deve ser garantida, independentemente do perfil do utilizador e dos dispositivos de navegação que utiliza;
  • Compreensível - toda a informação deve ser compreendida por todos e prever tolerância ao erro;
  • Robusto - deve garantir a interoperabilidade entre sistemas e compatibilidade tecnológica

“Estes princípios de acessibilidade traduzem-se em critérios de sucesso verificáveis, tais como os que constituem a base da norma europeia EN 301 549 V1.1.2 «Requisitos de acessibilidade para a contratação pública de produtos e serviços de tecnologia da informação e comunicação na Europa» (2015-04) [norma europeia EN 301 549 V1.1.2 (2015-04)], através de normas harmonizadas e de uma metodologia comum para verificar a conformidade dos conteúdos em sítios web e em aplicações móveis com esses princípios.” (Diretiva)

É no entanto da maior importância que, no processo de aplicação dos princípios e regras relativos à acessibilidade digital, sejam  regularmente consultadas as partes interessadas, nomeadamente, entre outros, as organizações que representam os interesses das pessoas com deficiência e dos idosos, os parceiros sociais, o setor envolvido na criação de software de acessibilidade e a sociedade civil. A garantia de acessibilidade constitui pois uma condição fundamental para a qualidade de vida das pessoas, sendo imprescindível para o pleno exercício dos direitos e dos deveres que são conferidos a qualquer membro de uma sociedade democrática no exercício da sua cidadania.

Foi publicado no dia 19 de outubro de 2018 o Decreto-lei n.º 83/2018, o qual define os requisitos de acessibilidade dos sítios web e das aplicações móveis de organismos públicos, transpondo a Diretiva (UE) 2016/2102.

Esta medida visa tornar mais acessíveis a todos, em especial a pessoas com deficiência, os sites da Internet e aplicações móveis do setor público.

in http://www.inr.pt/

Acessibilidade aos Transportes

A promoção da acessibilidade é uma questão chave para atingir os quatro objetivos da estratégia do Conselho Europeu de Lisboa: aumentar a competitividade, alcançar o pleno emprego, reforçar a coesão social e promover o desenvolvimento sustentado. 

Tal como referido no Relatório da Comissão Europeia «2010: Uma Europa Acessível a Todos» (Fevereiro de 2004), a acessibilidade deve ser considerada de forma global e integrada em todos os domínios da ação política e deve concretizar-se em coordenação com todos os agentes envolvidos (da política social, do planeamento urbano e do território, das tecnologias da informação e das comunicações, da construção civil, dos transportes e outros). 

O Relatório Mundial sobre a Deficiência da Organização Mundial de Saúde (OMS e Banco Mundial, 2011) refere a importância dos serviços de transporte na vida das pessoas com deficiência “(…) os transportes possibilitam o acesso independente ao emprego, ensino, saúde e às atividades sociais e recreativas (...)”.

A garantia de um sistema acessível de transportes constitui uma condição indispensável para a inclusão social e para o exercício dos direitos de cidadania por parte dos cidadãos com deficiência e com mobilidade condicionada.

in http://www.inr.pt/

Regime jurídico da acessibilidade aos edifícios e estabelecimentos que recebem público, via pública e edifícios habitacionais

A promoção da acessibilidade ao meio edificado e ao espaço público constitui um elemento fundamental para a qualidade de vida das pessoas, sendo inclusive um meio imprescindível para garantir o exercício dos seus direitos de cidadania e para promover a sua participação cívica.

O regime jurídico de acessibilidade ao meio edificado, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 163/2006, de 8 de agosto, foi alterado pelo Decreto-Lei n.º 125/2017, de 4 de outubro, tendo atribuído ao Instituto Nacional para a Reabilitação um conjunto de novas competências originalmente atribuídas à extinta Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, facto que acrescentou novas exigências e responsabilidades ao âmbito de atuação deste Instituto.

No Decreto-Lei nº163/2006, de 8 de agosto, poderão ser consultadas as Normas Técnicas de Acessibilidade em vigor. 

A publicação do "Guia Acessibilidade e mobilidade para todos" (PDF | 16,2 MB | 280 páginas) permitiu facilitar a interpretação das referidas normas.

in http://www.inr.pt/

 

Acessibilidade

A acessibilidade pode ser descrita como a característica de um ambiente, equipamento, produto, objeto ou serviço que lhe confere a possibilidade de assegurar a todos os seus potenciais utilizadores uma igual oportunidade de uso, de forma amigável e com dignidade e segurança.

Abrangendo um conjunto muito vasto de realidades que vão desde os produtos de apoio (que conferem maior autonomia a pessoas com necessidades específicas), à acessibilidade física (ambiente natural e construído) e à acessibilidade aos transportes, passando pela acessibilidade à comunicação e à informação, deve basear-se nos princípios do design universal e garantir o acesso aos meios digitais.

A garantia de acessibilidade constitui uma condição fundamental para a qualidade de vida das pessoas, sendo imprescindível para o pleno exercício dos direitos e dos deveres que são conferidos a qualquer membro de uma sociedade democrática no exercício da sua cidadania.

Trata-se, assim, de um direito universal que contribui decisivamente para um maior reforço do tecido social, para uma maior participação cívica de todos aqueles que o integram e, consequentemente, para um crescente aprofundamento da inclusão social e solidariedade no estado social de direito.

De acordo com a Constituição da República Portuguesa, é incumbência do Estado a adoção de medidas cuja finalidade seja garantir e assegurar os direitos das pessoas com necessidades especiais — ou seja, pessoas que se confrontam com barreiras ambientais, impeditivas de uma participação cívica ativa e integral, resultantes de fatores permanentes ou temporários, de deficiências de ordem intelectual, emocional, sensorial, física ou comunicacional — promovendo deste modo o bem-estar e qualidade de vida da população e a igualdade real e jurídico-formal entre todos os portugueses [alínea d) do artigo 9.º e artigo 13.º], bem como a realização de «uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e integração dos cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias», o desenvolvimento de «uma pedagogia que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles» e «assumir o encargo da efetiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres dos pais e tutores» (n.º 2 do artigo 71.º).

in http://www.inr.pt/inicio
 

Acessibilidade

Conceito 

A acessibilidade é hoje entendida como uma questão de direitos humanos reconhecidos nas leis de vários países do mundo - o direito à igualdade de oportunidades, à não discriminação, à inclusão e à participação em todos os aspetos da vida em sociedade.

É essencial promover o acesso físico aos monumentos, palácios e museus, mas não é menos importante considerar também acesso intelectual, social, cultural ou económico. O nosso Património Cultural pertence a todos.

Estamos a trabalhar para que o serviço público que oferecemos seja cada vez mais acessível a um maior número de visitantes, independentemente da sua condição de saúde (deficiência ou incapacidade), condição social, cultural ou económica. E entendemos a acessibilidade como um serviço público integrado, que deve atravessar todos os setores de atividade das instituições e implicar todos os seus funcionários

Deficiência e incapacidade

É frequente associar o tema do acesso ao Património Cultural à ‘deficiência’, mas hoje a abordagem deve ser feita em termos de ‘incapacidade’. Esta visão decorre do documento publicado em 2001 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF).

Esta classificação é feita tendo em conta a relação da pessoa com o meio e desenvolve-se a partir de dois conceitos considerados componentes da ‘saúde’, que são a ‘funcionalidade’ e a ‘incapacidade’. Ambos têm fatores biológicos, psicológicos e sociais. Uma das razões para a ‘incapacidade’ pode ser a ‘deficiência, mas a ‘incapacidade’ é uma experiência humana universal muito mais abrangente e independente da ‘deficiência’. Por outro lado, ‘deficiência’ não significa necessariamente ‘incapacidade’.

Todos nós temos ‘incapacidades’ ao longo da vida. Cabe à DGPC oferecer alternativas que nos permitam o acesso e participação em todos nos monumentos, palácios e museus dependentes.

Legislação

Lei n.º 46/2006. Proíbe e pune a discriminação em razão da deficiência e da existência de risco agravado de saúde.

Decreto-lei n.º 163/2006. Define as condições de acessibilidade a satisfazer no projeto e na construção de espaços públicos, equipamentos coletivos e edifícios públicos e habitacionais.

Lei n.º 67/2007. Aprova o regime de responsabilidade civil extracontratual do Estado.

Resolução do Conselho de Ministros n.º 9/2007. Aprova o Plano Nacional para a Promoção da Acessibilidade (PNPA).

Resolução da Assembleia da República n.º 56/2009. Aprova a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada em Nova Iorque em 30 de Março de 2007.

Resolução da Assembleia da República n.º 131 e 132/2012. Recomenda ao Governo uma estratégia para promover o turismo acessível em Portugal.

Resolução do Conselho de Ministros n.º 24/2013. Aprova a revisão do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) para 2013-2015.

in http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/

 

Significado de Acessibilidade

Acessibilidade é a qualidade do que é acessível, ou seja, é aquilo que é atingível, que tem acesso fácil. É um substantivo feminino que está relacionado àquilo que tem facilidade de aproximação, no trato e na aquisição.

A acessibilidade é uma preocupação constante da arquitetura e urbanismo. Ela está intrinsecamente ligada ao fornecimento de condições às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, para a utilização com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços públicos ou coletivos.

O direito à acessibilidade vem promovendo, através de órgãos públicos ou privados, diversas mudanças nas condições de acesso a esses espaços.

Essa construções constitui em rampas, a adaptação dos equipamentos, do mobiliário, do transporte coletivo e dos sistemas e meios de comunicação e informação.

Assim, permite às pessoas com deficiência uma maior aproximação aos serviços prestados à coletividade.

Acessibilidade para deficientes

A acessibilidade oferecida aos deficientes é regida por lei. A Presidência da República através do Decreto nº 5.296 de 02 de dezembro de 2004, regulamenta a lei nº 10.048, de 08 de novembro de 2000, que permite:

  • A prioridade ao atendimento às pessoas com deficiência e idosos, com idade igual ou superior a 60 anos, as lactentes e às pessoas acompanhadas por crianças de colo, e a lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Closed caption

Closed caption é uma expressão em inglês que significa legenda oculta. um sistema de transmissão de legendas de filmes, programas de televisão ou vídeos online. É uma ferramenta essencial para pessoas com deficiência auditiva.

No Brasil, por determinação do Ministério das Comunicações, a partir de 2012, as emissoras de televisão passaram a incluir 12 horas de programação de acessibilidade com a legenda oculta.

Acessibilidade na Web

Na área da informática, há diversas ferramentas que permitem a acessibilidade de deficientes visuais, auditivos e motores aos conteúdos da rede, entre eles: Dosvox, Virtual Vision, Sonix, Jaws, Imago Vox, PCS Comp, Anagrama Comp, Sing Writing, etc.

in https://www.significados.com.br/

 

Deficiência Visual versus Cognitiva

Imagens para Cegos?

Imagens, gráficos, cores, elementos visuais e outros artifícios não são diretamente acessíveis às pessoas cegas. Elas não podem vê-los, então, as imagens não trazem beneficio algum. Se você estiver criando conteúdo web especificamente para as pessoas cegas, tais elementos visuais são desnecessários. Você poderia dizer que eles "ficam no caminho" da criação de conteúdo que seja acessível para os cegos. Para ter acesso ao conteúdo Web, as  pessoas cegas usam softwares que convertem texto em voz sintetizada. Estes softwares muitas vezes são chamados de "Leitores de Tela" porque lêem o texto do conteúdo da Web em voz alta, mas não podem interpretar gráficos e imagens automaticamente. No máximo, é possível ler o texto da descrição do gráfico (texto alternativo, ou texto "alt") fornecida pela pessoa que criou o conteúdo do site. Com isto em mente, algumas pessoas defendem a criação de uma versão somente texto dos sites da Internet. Essas pessoas muitas vezes assumem que conteúdo "somente texto" e "acessibilidade" são as mesmas coisas. No caso de usuários cegos, isso pode ser verdade, mas o problema com este pressuposto é que são ignorados outros tipos de deficiência.

Pessoas com deficiências motoras ou auditivas provavelmente não serão beneficiadas a partir de uma única versão em formato texto. Na verdade, para eles uma versão em texto só pode diminuir o conteúdo e usabilidade, uma vez que elimina os sinais visuais e ilustrações que podem reforçar o conteúdo da compreensibilidade. a maioria das pessoas  que podem usar os olhos são beneficiadas com estas melhorias visuais. E isto passa a ser especialmente verdade no caso das pessoas com deficiências cognitivas.

Texto para Deficiências Cognitivas?

Há uma grande variedade de deficiências cognitivas, variando de condições que são pouco perceptíveis a quase total ausência de atividade cognitiva mensurável. Em alguns casos, os indivíduos são incapazes de ler textos, desta maneira a forma gráfica deve desempenhar a mesma função que o texto, a fim de comunicar a mesma mensagem. Veja a captura de tela abaixo da home page www.peepo.com - link externopara um exemplo de site criado quase em sua totalidade com gráficos e imagens, concebido especialmente para pessoas com deficiências cognitivas.

A questão que abordamos: como é que você criar conteúdo web que seja utilizável tanto para as pessoas que não podem ver imagens tanto quanto para aqueles que podem se beneficiar deles? É possível criar um design único ou um suposto design universal que possa satisfazer as necessidades de ambas as audiências?

Abordagem do Desenho Universal

Em primeiro lugar, é impossível conceber uma única versão de conteúdo da web que seja igualmente compreensível por completo por todas categorias de deficiências, ou até mesmo dentro do espectro das deficiências cognitivas. O conceito de um formato verdadeiramente universal soa como uma idéia maravilhosa, mas é inatingível. Ainda assim, é possível a criação de conteúdo web que se aproxime do ideal do design universal, mesmo que não muito bem sucedida no sentido absoluto.

Importante

Desenvolvedores Web devem procurar tornar o seu conteúdo Universal tanto quanto possível, reconhecendo que sempre haverá uma pequena minoria de pessoas para quem o conteúdo não será totalmente acessível.

O conflito entre as necessidades das pessoas que são cegas e pessoas com deficiências cognitivas é interessante. Um grupo não tem qualquer necessidade de elementos visuais, enquanto os outros são beneficiados significativamente. Mas existem ressalvas quanto a frase anterior. Pode ser verdade que elementos visuais são desnecessários para aqueles que são cegos, mas não são nocivos para elas. Esta é a chave. Desenvolvedores devem procurar reforçar o conteúdo, na medida do possível, acrescentando elementos visuais adequados. Enquanto o texto alternativo estiver previsto para esses elementos visuais, não vai existir qualquer conflito. Aqueles com deficiências cognitivas serão capazes de ver os elementos visuais, e os cegos serão capazes de acessar o texto alternativo. O resultado final é um documento único que, em certo sentido, está equipado com uma versão em texto. Não há necessidade de criar uma única versão de texto separado para os cegos. Além disso não existe a necessidade de criar uma versão criada especialmente para pessoas com deficiências cognitivas. Este é o método adequado a seguir para a maioria dos conteúdos na Web.

As Exceções

No entanto, existem exceções. Caso um desenvolvedor web vise criar um conteúdo que seja especificamente orientado para os usuários com deficiências cognitivas significativas, a melhor abordagem pode ser criar uma única versão gráfica com foco nas necessidades desta categoria. Veja novamente a captura de tela da página principal do site peepo.com.

Como você pode notar, o sistema de menu ou navegação do site são criados com imagens. Ao clicar sobre um elemento gráfico, de um joystick, por exemplo, os usuários podem acessar uma lista de jogos. Esta lista também está totalmente no formato de imagens, naturalmente. Cada ícone representa um jogo diferente que os usuários podem interagir. O site também usa um gráfico "de índice de navegação", no canto superior esquerdo. O gato representa a  página inicial do site peepo.com. O joystick nos diz que estamos na seção de jogos do site. A seta no canto inferior direito nos diz que existem mais jogos na próxima página.

A verdade é que este site também pode ser acessível também para as pessoas cegas, embora não exista visibilidade de Texto na página como um todo, os Leitores de tela são capazes de ler o texto alternativo das imagens.

No entanto, este site não é universalmente acessível todos os públicos. O maior parte das pessoas sem deficiência não pode entender muito bem que tipo de site é quando olharem pela primeira vez para ele. Vêem uma coleção de gráficos e  imagens e param para pensar se existe algo de errado com a página, ou eles simplesmente querem saber o que o autor tinha em mente quando criou tal apresentação. Sem texto explicativo, a maioria das pessoas pode se confundir. No caso particular deste web site, o público-alvo é composto por indivíduos que não sabem ler, ou que não sabem ler bem. A adição de texto iria confundir o público-alvo. trata-se de um site que é uma exceção à regra de criar algo universal em mente. As características do seu público-alvo exigem que o site seja simples na sua concepção, mesmo com a exclusão de outras audiências.

Conclusão

Peepo.com é um exemplo interessante devido à sua incidência em um determinado tipo de deficiência, mas a maioria dos desenvolvedores web não são desenvolvedores de conteúdo específico para pessoas com deficiências cognitivas significativas. A maior parte do tempo, a abordagem mais adequada é a de tentar atingir o mais amplo leque possível de usuário. Os desenvolvedores podem responder às necessidades das pessoas com deficiências cognitivas leve fornecendo de forma adequada as imagens e gráficos, usando o agrupamento do conteúdo visual, utilizando posições e bullets em listas visuais e outros meios para reforçar o conteúdo. Os desenvolvedores podem responder às necessidades das pessoas cegas fornecendo texto alternativo para os elementos visuais. As necessidades destes dois tipos de deficiência não estão necessariamente em conflito. É apenas uma questão de compreender a perspectiva e concepção de maneira a acomodar as necessidades específicas.

In https://www.brasilmedia.com/

 

Deficiência Cognitiva

O conceito de deficiência cognitiva é extremamente amplo, e não sempre bem definido. Em termos gerais poderíamos dizer que uma pessoa com deficiência cognitiva esta sujeita a ter maior dificuldade ao executar um ou mais tipos de tarefas mentais do que a pessoa com capacidade mediana. Existem inúmeros tipos de deficiências cognitivas que poderiam ser listados aqui, mas vamos abordar apenas algumas das principais categorias. A maioria das deficiências cognitiva tem como base algum tipo disfunção na biologia ou fisiologia do indivíduo. A ligação entre uma pessoa com relação biológica e os  processos mentais é mais evidente no caso de traumatismos crânio-encefálicos e as doenças genéticas, mas até mesmo as mais sutis deficiências cognitivas têm, freqüentemente, uma base na estrutura química do cérebro.

Uma pessoa com deficiência cognitiva profunda vai precisar de ajuda em quase todos os aspectos da vida diária. Pessoas com uma pequena dificuldade de aprendizagem podem ser capazes de trabalhar adequadamente, apesar da incapacidade, talvez mesmo  até ao ponto em que a deficiência existente nunca seja diagnosticada ou descoberta. É certo que a grande variação entre as capacidades mentais das pessoas com deficiências cognitivas complica um pouco o assunto. De fato, pode legitimamente afirmar de que existe uma grande quantidade de conteúdo da Web que não podem ser acessíveis às pessoas com deficiências cognitivas profundas, não importa o tanto quanto o desenvolvedor possa tentar. Alguns conteúdos podem ser demasiado complexos para determinados públicos-alvos. Isso é inevitável. No entanto, ainda existem algumas coisas que podemos fazer para que os  designers possam aumentar a acessibilidade ao conteúdo da Web para pessoas com deficiências cognitivas menos graves.

Deficiência cognitiva Clínica vs Funcional

Existem pelo menos duas maneiras de classificar deficiências cognitivas: pela incapacidade funcional ou por incapacidade clínica. Diagnósticos clínicos de deficiências cognitivas incluem autismo, Síndrome de Down, traumatismos crânio-encefálicos (TCE), até a  demência. Condições cognitivas menos severas incluem déficit de atenção e desordem (ADD), dislexia (dificuldade em leitura), discalculia (dificuldade com a matemática), e dificuldades de aprendizagem em geral. Diagnósticos clínicos podem ser úteis a partir de uma perspectiva médica para o tratamento, mas para efeitos de acessibilidade web, classificar as deficiências cognitivas por incapacidade funcional é mais útil. Em se tratando de Acessibilidade Web, no caso da deficiência física ou comportamental as causas médicas da deficiência são ignoradas, tendo foco sobre a incidência das habilidades e os desafios resultantes. Algumas das principais categorias dos déficits funcionais e cognitivos incluem deficiência ou dificuldades de:

  1. Memória.
  2. Resolução de problemas.
  3. Atenção.
  4. Compreensão Verbal, de Leitura e Lingüística.
  5. Compreensão Matemática.
  6. Compreensão Visual.

A principal razão pela qual estas deficiências funcionais são mais úteis quando consideramos o fator de Acessibilidade Web é porque elas estão mais diretamente relacionados com as preocupações dos desenvolvedores Web. Dizer para o desenvolvedor que algumas pessoas têm autismo não é muito significativo, a menos que o desenvolvedor saiba que tipos de barreiras uma pessoa com autismo podem ter que enfrentar. Por outro lado, instruindo um desenvolvedor dizendo que algumas pessoas têm dificuldades de compreensão matemática pode ajudar ao dono da obra a ter um novo ponto de vista para abordar este tipo de audiência.

Além disso, diagnósticos clínicos não são mutuamente exclusivos, em termos daquilo que as pessoas enfrentam de dificuldades. Muitas vezes existe considerável sobreposição de deficiências funcionais dentro de um diagnóstico clínico. Uma pessoa com déficit de memória também pode ter dificuldade de atenção ou com a resolução de problemas, por exemplo. Este tipo de sobreposição se encaixa dentro de um modelo médico, mas não é particularmente útil para desenvolvedores Web, que simplesmente precisam saber o que a pessoa pode ou não pode fazer.

Memória

Memória refere-se à capacidade que um usuário tem de recordar o que aprendeu ao longo do tempo. Um modelo comum para explicar a memória envolve os conceitos de memória de trabalho (ou seja, imediata) memória da curto prazo, e memória de longa prazo. Uma informação significativa normalmente é armazenada além da região da memória de curto prazo, ficando na região da memória de longo prazo. Alguns indivíduos com deficiências cognitivas têm dificuldades com um, dois ou todos os três destes tipos de memória. Quanto mais significativo é o conteúdo para as necessidades do usuário, maior a chance de que seja movido para o armazenamento na memória funcional do cérebro. Alguns operadores podem ter dificuldades de memória que prejudicam sua capacidade de lembrar-se de qual era o conteúdo do assunto dentro e fora do Web Site.

Resolução de Problemas

Alguns indivíduos com deficiências cognitivas podem levar um tempo razoável para resolverem problemas que possam surgir. Em muitos casos, a resiliência pode ser reduzida e a consequente frustração é tal que eles optem por abandonar o site, em vez de  persistirem em resolver o problema . Um exemplo desta situação seria a presença de um erro 404 (página não encontrada) a partir de um link com defeito, ou um link que não os leve para onde eles pensaram que iam.

Atenção

Existem muitas pessoas que possuem dificuldade em focalizar a atenção para uma determinada tarefa que tenha em mãos. Distrações, como a rolagem de texto e ícones ou imagens piscando pode tornar o ambiente web mais difícil. Pode ser irritante mesmo para os usuários mais acostumados a presença de pisca-piscas, ou de percorrer vários itens com pop-ups e etc.. A boa concepção destes princípios seria limitar o uso apenas aos casos onde for necessário para transmitir os conteúdos e informaçoes.

Algumas pessoas com "Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade" (TDAH TDAH ou ADHD) têm dificuldades no aprendizado, mas muitas vezes isso ocorre devido ao grau distração do indivíduo, e não a qualquer tipo de incapacidade para processar a informação. As pessoas com TDAH podem ser impulsivas, facilmente distraídas, e agirem como desavisados. Numa nota positiva, algumas pessoas com déficts de atenção são bastante criativos e muito produtivos durante curtos períodos de tempo, com abundância de entusiasmo e energia. Em uma nota menos positiva, que pode ser difícil para as pessoas com TDAH cumprirem uma tarefa por um longo período de tempo. Na Web, banners piscando podem ser perturbadores, bem como qualquer coisa que chame a atenção da pessoa para fora do conteúdo principal.

Leitura, Lingüística, e Compreensão Verbal

Algumas pessoas tem dificuldades de compreensão de textos. Estas dificuldades podem ser leves ou graves, que vão desde pequenos desafios até uma completa incapacidade para ler qualquer texto. Seria razoável esperar que os desenvolvedores web fossem capazes de acomodar toda a gama de habilidades de leitura. A diferença entre os não-leitores e os leitores-gênio é simplesmente demasiado grande. É razoável, no entanto, de esperar que os desenvolvedores escrevam de maneira tão simples e clara quanto possível, tendo em conta o público primário e incluindo aqueles que podem ter dificuldades com alguns dos tipos de conteúdo. Afinal, existe a estimativa de que 15-20% da população tem algum tipo de dificuldade de linguagem ou na compreensão de textos.

Embora sejam difíceis de verificar as reivindicações, é comumente relatado que muitos líderes e intelectuais famosos tiveram dificuldade de leitura e / ou de ortografia, incluindo: Winston Churchill, Thomas Edison, Henry Ford, Albert Einstein, George Washington, John F. Kennedy, Leonardo da Vinci e outros. A mensagem a ser levada para casa é que os escritores não sabem se os membros da sua audiência de leitores possuem dificuldades ou não. Esta costuma ser uma  condição que muitas pessoas conseguem manter em segredo.

Aqui está um exemplo de um problema de leitura. Note que pode ser de percepção ou de transformação. Veja se a associação com a acessibilidade ajuda você a corrigir.

O que está sendo dito nesta frase?

Tob eornot obe

Agora verifique o poder e a importância dos gráficos incorporados como uma forma de melhorar o contexto da palavra escrita, olhando para a frase com uma imagem.

Outra leitura interessante com a simulação de uma situação difícil e nossa resistência em face aos problemas de leitura podem ser encontradas em http://www.angmail.fsnet.co.uk/jumbltxt.htm- link externo.

Texto não-literal

Um problema para alguns leitores não é literal o texto, mas o sarcasmo, a sátira, a paródia, a alegoria, metáforas, gírias e coloquialismos. Em alguns casos, os leitores não vão perceber que as palavras não são destinadas a serem entendidas  literalmente. Um escritor que diz "Eu adoro ficar preso no trânsito quando já estou atrasado para o trabalho" provavelmente significa o oposto do que esta frase realmente diz. Frases com sarcasmo como este pode ser confusa para alguns leitores. Do mesmo modo, alguém que diz que ela mantêm "os patos em linha" pode não perceber que o autor não está provavelmente referindo-se aos "patos" como realmente é dito. O autor está sugerindo que ao leitor a possibildiade da idéia de organização ou disciplina, através da comparação de filhotes de pato seguindo com a mãe, todos alinhados atrás dela, a fim de ilustrar o conceito.

Texto não-existente

O fato de inserir suposições e significado subentendido no conteúdo escrito pode parecer óbvio ao escritor, mas nem todos os leitores possuem o conhecimento necessário para entender realmente o que o escritor está querendo dizer.  Alguns leitores podem não ter as habilidades para inferir significado ao texto sem ajuda adicional..

Compreensão Matemática

Expressões matemáticas muitas vezes não são fáceis para todos compreenderem. Isso não significa que os autores devem evitar totalmente a matemática. Para as pessoas que estão lendo equações e confortável pensar matematicamente, e a melhor maneira de explicar os conceitos matemáticos é usar equações. Por outro lado, muitas vezes, é útil explicar a Matemática conceitualmente, com ou sem as fórmulas. Explicações conceituais podem ajudar os leitores a compreenderem o raciocínio por trás da matemática.

Compreensão Visual

Algumas pessoas têm dificuldades de transformar a informação visual. Em muitos aspectos, este é o oposto do problema vivenciado por pessoas com dificuldades de leitura e processamento verbal. Pessoas com dificuldades de compreensão visual podem não reconhecer objetos e para que servem. Eles podem reconhecer o fato de que há objetos em uma página da Web, mas podem também não serem capazes de identificar os objetos. Por exemplo, eles podem não perceber que uma fotografia de uma pessoa é uma representação de uma pessoa, embora eles possam ver claramente a fotografia em si (como um objeto) na página da web.

Para estas pessoas, uma pessoa falar em um vídeo pode ser mais fácil de identificar e processar mentalmente a informação do que uma imagem estática de uma pessoa em uma fotografia. Vídeos e multimídia, acompanhada de narração, pode ser a melhor forma de se comunicar com esses indivíduos.

In https://www.brasilmedia.com/

Deficiência Motora

Algo para Pensarmos a Respeito...

Christopher Reeve

Muitos de vocês provavelmente devem lembrar de Christopher Reeve, famoso como ator e, mais tarde, famoso por sua condição de quadriplegia e seu incansável ativismo em nome da investigação e pesquisa sobre lesão medular. Mr. Reeve foi atirado de seu cavalo em 1995 durante um evento eqüestre competitivo, deixando-o completamente paralisado do pescoço para baixo, devido a uma lesão medular. Durante os quase 10 anos após a sua lesão -antes de falecer em 2004- ele recuperou algumas sensações e mobilidade, mas não o suficiente para poder utilizar um computador sem algum tipo de tecnologia assistência.

Em uma entrevista on-line concedida em Chat, quando perguntado sobre suas experiências obtidas na internet Mr. Reeve respondeu: "o ciberespaço pode ser especialmente útil para as pessoas rotuladas pela sociedade como "deficientes?"" 

"Sim. [A Internet] é uma ferramenta essencial. E, literalmente, é uma salvação para muitas pessoas com deficiência. E, enquanto eu estava na reabilitação, aprendi a operá-lo com o sistema de voz. E tenho desfrutado com amigos e estranhos usando esse sistema. Muitas pessoas com deficiência têm que passar  longas horas sozinho. - Os sistemas de Voz para utilizar computadores são um meio de comunicação que pode diminuir o sentimento e a sensação de isolamento."

Alguma vez você já pensou sobre a Internet ser um modo "essencial" ou " uma salvação para muitas pessoas com deficiência?" Pense nisso por um minuto. Há certas coisas que as pessoas com deficiência simplesmente não podem fazer por si próprios. Mas, se estas pessoas podem usar um computador conectado ao mundo através da internet, eles têm um elevado grau de independência. Podem ler uma notícia, realizar investigação em áreas de interesse, comprar mantimentos, e acessar o mundo - pelo menos potencialmente. Estas pessoas podem ser independentes, enquanto os sites que eles querem acessar são concebidos para permitir a interatividade com deficientes.

Mr. Reeve teve a sorte de possuir um timbre de voz suficientemente compreensível para ser processada pelo software de reconhecimento de voz. Nem todas as pessoas com uma deficiência motora podem tirar proveito desta tecnologia específica, mas há muitas outras tecnologias que podem ajudá-los. Iremos falar sobre estas tecnologias, bem como alguns dos tipos de deficiência motora.

(Leia mais sobre Christopher Reeve e seu apoio as pesquisas sobre a medula espinhal na Fundação Christopher Reeve  contra Paralisia - http://www.christopherreeve.org- link externo)

In https://www.brasilmedia.com/

Deficiência auditiva

Algo para se Pensar a respeito...

A grande maioria dos desenvolvedores Web não levam em conta as necessidades dos indivíduos que são surdos quando pensam em acessibilidade na internet. Para muitos desenvolvedores, acessibilidade Web consiste em aderir a algumas orientações que garantam a acessibilidade aos Leitores de Tela para cegos. Até certo ponto isto pode ser compreensível. A pessoas cegas podem ter a maior parte dos problemas resolvidos, uma vez que a web é um meio visual ...  correto?

Em um nível básico, a web é informação. Essas informações podem ser apresentadas visualmente ou por áudio. Podem ser apresentadas em gráficos, imagens, vídeos, áudio, animações ou no formato Texto. Nossa experiência mais comum  em relação ao conteúdo Web é o que vemos através dos portais do nosso navegador ou sites de Pesquisa, que geralmente consiste de texto e gráficos, mas a Web é muito mais do que isso. Qualquer um que tenha alguma vez utilizado o RealPlayerWindows Media Player ou Quicktime  sabe que com estes programas é possível jogar e assistir vídeos de conteúdo para web. Na verdade, em muitos casos não é necessário nem abrir um navegador. Estes programas de Media Players são os próprios navegadores. Eles podem acessar conteúdo multimídia para internet e algumas podem até mesmo exibir conteúdo  HTML.

Dê uma rápida olhada para essas capturas de tela de páginas da CNN.com e BBC.co.uk:

Existem links nestes sites que permitem aos usuários acessar videoclipes (embora, no caso da CNN.com, você tenha que primeiro fazer a inscrição para este serviço). Não vai demorar para que os recursos em vídeo, áudio e conteúdos multimídia seja algo muito mais comum na web. Atualmente já existe uma grande quantidade de conteúdo em vídeo disponível na maioria dos principais Portais de notícias na web. Infelizmente para aqueles que são surdos, legendar áudio ainda é quase uma pratica inexistente na Web. As ferramentas  para legendar vídeos para internet existem, e os conceitos sobre o uso de legendas também já existe a décadas. É apenas uma  questão de querer fazer. A Legenda em videos para web é requerida por lei em alguns países (ex. o governo federal e outros web sites que se enquadrem na resolução Section 508 dos Estados Unidos).

In https://www.brasilmedia.com/

 

Deficiência Visual

Algo para pensarmos a respeito...

Você quer dizer que tenho uma deficiência visual? Costumo perguntar para vários grupos de pessoas quer tenham ou não uma deficiência visual, mas a maioria são inseguros para responderem se realmente possuem ou não uma deficiência visual. Então, pergunto se alguém usa qualquer tipo de tecnologia que possa ajudar a superar uma "deficiência visual". A maioria das pessoas não costumam entender muito bem sobre o que estou  realmente tentando dizer. Porém, quando olho para um desses grupos de pessoas não é raro ver que muitas delas estão usando algum tipo de tecnologia criada para auxiliar na  visão.

"Quem aqui tem uma visão perfeita?" Pergunto. Neste momento, ao menos umas poucas pessoas percebem o que estou tentando realmente dizer. Uma voz na platéia diz, "eu uso óculos", "Sim", eu diria. "Vocês usam óculos, e óculos são ...?" "Uma tecnologia para melhorar a visão!" diz alguém na platéia; e é exatamente isto que eles são.

Estamos tão habituados a ver as pessoas usando óculos ou lentes de contato que aparentemente  não costumamos considerar ser um tipo de "má visão" ou mesmo podendo ser tratado como uma deficiência. Os cientistas e inventores desenvolveram lentes corretivas para compensar as deformações na forma dos nossos olhos, que oferecem-nos a possibilidade de ver com perfeição, embora de uma maneira um tanto artificial de visão. Muitos de nós temos naturalmente a visão tão viciada que não haveria nenhuma pergunta sobre se teríamos uma deficiência caso não fossem os nossos óculos. A má acuidade visual é tão comum e tão fácil de corrigir com o uso de óculos que muitas vezes esquecemos como poderia ser diferente a nossa vida sem esse incrível dispositivo tecnológico.

Outros de nós possuem algum tipo de deficiência visual que não são tão facilmente corrigidas, nem facilmente esquecidas. Alguns de nós não possuímos a visão como um todo. A Falta total de visão representa os extremos da escala de uma condição que  chamamos de cegueira. Como podemos constatar, a maioria das pessoas que são consideradas "legalmente cegas" possuem algum grau de visão. A cegueira é geralmente definida como uma condição na qual a melhor acuidade visual corrigida é 20/200, ou menos, o campo visual é de 20 graus ou menos. Apesar da falta de acuidade visual, as pessoas que são cegas têm hoje uma incrível variedade de aparatos tecnicos disponíveis para que possam ajudar na falta de visão. Trataremos deste assunto com um olhar mais atento a algumas dessas tecnologias.

A Baixa visão é um outro tipo de deficiência visual, e costuma ser uma condição comum entre os idosos, mas pessoas mais jovens também podem ter esta deficiência, quer devido à genética, lesões traumáticas, ou doenças.

A última grande categoria de deficiência visual é a cegueira-de-cor ou Daltonismo, porém, é provavelmente um exagero chamar o daltonismo de deficiência, uma vez que as condições sob as quais o daltonismo ocorre como uma verdadeira limitação são em casos raros. Ainda assim, é útil para estar ciente do daltonismo quando no projeto e concepção de conteúdo para a Web, tal como em breve poderemos "ver".

In https://www.brasilmedia.com/

Acessibilidade na Web - Introdução

Introdução

Hoje em dia a maioria das pessoas simplesmente não podem conceber a vida sem o uso da internet. Através dela podemos ter acesso a bancos, notícias, e-mails, compras e divertimento, em qualquer hora do dia ou da noite. Algumas chegam mesmo a argumentar que nenhuma outra invenção foi mais revolucionária desde que Gutenberg's inventou a imprensa em 1400. Agora, ao click do mouse o mundo pode estar "sob seus dedos" — isto é, se você pode usar um mouse... poder ver a tela... e pode ouvir o rádio — em outras palavras, se você não tem uma incapacidade ou deficiência física de qualquer espécie.

Esta apresentação deve lhe ajudar a entender como as pessoas com incapacidades usam a internet, as possíveis frustrações que podem sentir quando não podem acessar a internet ou ver um site, e o que você pode fazer para tornar seu web site mais acessível.

A Web oferece oportunidades sem precedentes

A internet é uma das melhores coisas que poderia acontecer para às pessoas com incapacidades. Pode ser que você não tenha pensado bem sobre este ponto de vista, mas tudo o que tem que fazer é pensar a respeito de como era a vida a alguns poucos anos atrás antes de existir a internet e verá qual a importância. Por exemplo, antes da internet, como pessoas cegas poderiam ler jornais? Em princípio eles simplesmente não podiam;  Fitas de áudio ou impressões em Braille eram caros - uma versão dominical em Braille do jornal New York Times seria por demais volumosa para ser prática. No melhor dos casos, eles podiam pedir que um membro de família ou amigo lesse o jornal para eles. Este método pode funcionar, mas força o deficiente visual ser dependente de outras pessoas.

Hoje em dia, a maioria dos jornais publica seu conteúdo on-line, num formato que tem potencial para ser lido por "leitores de tela" (screen readers) usado por cegos. Estes programas de software lêem texto eletrônico em voz alta de modo que pessoas cegas possam usar computadores e possam ter acesso a qualquer conteúdo de texto pelo computador. De um momento para outro, as pessoas cegas não têm mais que contar com a ajuda de outras pessoas para ler um jornal. Agora, já não precisam mais esperar para comprar fitas caras de áudio ou impressões volumosas em Braille. Eles simplesmente podem usar "abrir o browser" para entrar no site de seu jornal favorito ou usar um sistema de pesquisa e escutar com seu "leitor de tela" a leitura do jornal; e isto pode ser feito quando querem, logo que o conteúdo é publicado.

De maneira semelhantemente, as pessoas com incapacidade motora que não podem pegar um jornal nem virar suas páginas para acessar jornais on-line com seu computador, usando certas tecnologias de assistência é possível adaptar a interface do computador as próprias incapacidades. Às vezes as adaptações são simples, tais como usar uma vareta ou objeto que permita tocar nas teclas e usar os comandos do teclado. Em outros casos, as adaptações são mais sofisticadas, como no uso de teclados especiais ou software para rastreio-de-olhar (eye-tracking) que permite as pessoas fazerem uso de um computador com nada mais que os movimentos dos olhos. As pessoas que são surdas sempre tiveram a possibilidade de lerem jornais por conta própria, então pode até parecer que a internet não oferece o mesmo tipo de emancipação que proporciona aos outros deficientes cegos ou com incapacidade motora, mas podem ler cópias on-line de assuntos importantes e ver conteúdo multimídia que seja feito corretamente. Muitas pessoas com incapacidades cognitivas também podem beneficiar-se muito da estrutura e flexibilidade do conteúdo da internet.

Falhando ao usar todo o potencial da Web

Apesar do grande potencial da internet para pessoas com incapacidades, este potencial não é em grande parte realizado. Por exemplo, alguns sites só podem ser navegados usar um mouse, e só uma pequena  porcentagem de vídeos ou conteúdo multimídia foi "legendado" para os Surdos. E se o conteúdo de um site somente pode ser acessado com o uso de um mouse? O que as pessoas fazem se não podem usar um mouse? E o que fazer se os responsáveis no desenvolvimento do site usam gráficos e imagens ao invés de texto? Se os "leitores de tela" só podem ler texto, como seria possível para as pessoas cegas lerem textos disponibilizados nas imagens?

Assim que começar a fazer este tipo de pergunta, poderá ver que na internet existem falhas potenciais de acessibilidade para pessoas com incapacidades. A internet tem o potencial de revolucionar o acesso a informação para as pessoas com incapacidade, mas se não formos cuidadosos podemos colocar obstáculos pelo caminho, destruindo este potencial e deixando as pessoas com incapacidade igualmente dissuadidas e dependentes de outras pessoas, como antigamente.

Pessoas com Incapacidades na Web

Embora as estimativas possam variar, a maioria dos estudos mostra que aproximadamente um quinto (20%) da população tem algum tipo de incapacidade. Nem todas estas pessoas possuem incapacidades que possa dificultar o acesso a internet, mas não deixa de ser uma porção significativa da população. Vendo sob o ponto de vista comercial seriamos imprudentes ao propositalmente excluirmos de nosso site um percentual de 20, 10, ou mesmo 5 por cento de clientes potenciais. Para as escolas, universidades e entidades de governo não seria apenas imprudente, mas em muitos casos, também estaria caminhando em sentido contrário ao da lei.

Cada uma destas importantes categorias de deficiências exigem certos tipos de adaptações no projeto do conteúdo de um web site para internet. Na maioria das vezes estas adaptações beneficiam a todos, e não somente as pessoas com incapacidades. Quase todo o mundo beneficia-se de ilustrações úteis, dispostas de maneira adequada - conteúdo organizado e clareza na navegação. De forma semelhante, enquanto as legendas são uma necessidade para usuários  Surdos, eles também podem ser úteis a outros, incluindo qualquer um que veja um vídeo sem áudio.

As experiências de Estudantes com Deficiências

Os estudantes nesta apresentação em vídeo compartilham algumas de suas experiências com a internet e acessibilidade. Por favor selecione uma das seguintes opções:  

 Windows Media

 Quicktime

 Transcript

Implementando a Acessibilidade na Web

Antes que qualquer um possa fazer seu web site acessível, é necessário entender Acessibilidade, comprometer-se com os ideais de acessibilidade e aprender como implementá-la, assim como também entender suas obrigações legais.

Compromisso e responsabilidade

Consciência. O fundamento para qualquer tipo de compromisso com a Acessibilidade na internet trata fundamentalmente de consciência. A maioria dos desenvolvedores de sites na internet não faz oposição ao conceito de tornar a internet acessível às pessoas com incapacidades. A maioria dos erros de acessibilidade em web sites é resultado de falta de consciência e conhecimento, antes que malícia ou apatia.

Liderança.Entender que este assunto é de vital importância é o primeiro passo importante, mas não resolve o problema, especialmente em grandes organizações. Se a liderança de uma organização não expressa compromisso com os padrões de Acessibilidade na internet existem poucas possibilidades de que o conteúdo do web site da organização seja acessível. No momento atual, normalmente alguns desenvolvedores fazem o próprio conteúdo acessível, enquanto a maioria não se incomoda ou tem consciência da importancia do assunto, assumindo que não seja esperado nada deles.

Políticas e Procedimentos.Mesmo quando líderes expressam seu compromisso com uma idéia, se a idéia não é apoiada por políticas bem definidas tende a ser perdida entre as rotinas cotidianas. Para uma grande organização a melhor maneira de implementar mudanças é criar uma política interna que possa esboçar padrões específicos, procedimentos, e métodos para controle dos resultados.

Treinando e suporte técnico

Às vezes alguns desenvolvedores temem que seja mais caro e que possa exigir mais tempo para criar sites acessíveis na internet do que criar sites inacessíveis. Este temor é em grande parte falso. Os benefícios em fornecer acesso a um número maior de visitantes quase sempre excedem o tempo necessário para um desenvolvedores bem informado implementar Acessibilidade.

Um desenvolvedores pode aprender o básico sobre Acessibilidade em apenas alguns dias, mas, como qualquer habilidade técnica, normalmente pode levar alguns meses para que o processo de automatização interna da mente se acostume aos procedimentos, assim como acontece com o aprendizado de outras técnicas. Recursos on-line, tal como a lista de conversas de e-mail da WebAIM, fórunsboletim mensal, e guia de Acessibilidade em Cd-rom fornecem recursos relevantes para administradores, webmasters, e desenvolvedores. Existem muitos profissionais que podem ajudar sua Empresa ou organização para assegurar um alto nível de Acessibilidade. O WebAIM oferece treinamento onsiteconsultoria & suporte técnicosites com design acessível, e outros serviços.

Leis e padrões

Caso viva nos Estados Unidos, as leis aplicáveis incluem ADAIDEA, e o Ato de Reabilitação de 1973 (Rehabilitation Act of 1973 - Sections 504 e Section 508). Muitas leis internacionais também endossam os padrões de acessibilidade.

Guia de Acessibilidade para Conteúdo na Web fornece um conjunto de diretrizes internacionais. São desenvolvidos pelo Worldwide Web Consortium (W3C), o corpo governamental da Web. Estas diretrizes são a base para a maioria das leis de Acessibilidade para a Web no mundo. A versão 2,0 (atualmente em desenvolvimento) destas diretrizes é baseada em quatro princípios:

Perceptível:: Disponível aos sentidos (visão e ouvindo principalmente) tanto através do uso de browser ou pelas tecnologias de assistência a deficientes (por exemplo leitores de tela, ampliadores de tela, etc.)

Operacional:: Os usuários podem utilizar todos controles e elementos com interatividade usando um mouse, teclado, ou um artifício de assistência ao deficiente.

Compreensível:: O conteúdo deve estar descrito com clareza, limitando a confusão e ambigüidade.

Robusto: Um vasto leque de tecnologias (incluindo os antigos e os novos Browser´s de usuários e as tecnologias de assistência a deficientes) podem ter acesso ao conteúdo. Estas primeiras letras destes quatro princípios o acrônimo POUR (em inglês). Este acrônimopode ajudar a lembra-se deles.

Princípios de Acessibilidade para Projetos  

Logo abaixo você encontrará uma lista de alguns princípios chaves para Acessibilidade em seus projetos. A maioria dos princípios de acessibilidade podem ser implementados facilmente e não terão impacto total no "design e visual" de seu web site.

Forneça texto alternativo apropriado

Texto alternativo fornece uma alternativa textual ao conteúdo não-texto (imagens por exemplo) das páginas da web. É especialmente útil para as pessoas que possuem deficiência visual e necessitam de um leitor de tela para que o conteúdo do website possa ser lido para eles.

Forneça cabeçalhos para tabelas de dados

No ambiente on-line as tabelas são usadas para arranjos e organização de dados. As tabelas que são usadas para organizar dados de tabulação devem ter cabeçalho apropriado na tabela (o elemento <th> ). As células de dados devem ser associadas com seu cabeçalho apropriado, fazendo com que seja mais fácil para usuários de leitores de tela navegarem e entenderem a tabela de dados.

Assegure que seus usuários podem completar e enviar formulários

Certifique-se que cada elemento do formulário (campo de texto, checkbox, lista de dropdown, etc.) possui uma etiqueta e assegura-se que essa etiqueta é associada ao elemento correto do formulário, usando a Etiqueta <label> . Certifique-se também que os usuários podem enviar o formulário e recuperar as informações caso ocorra qualquer erro, tal como no caso do não preenchimento de algum dos campos necessários.

Certifique-se de que os links fazem sentido para o contexto

Cada link deve fazer sentido se o texto do link é lido por si mesmo. Os usuários de leitores de tela podem escolher ler apenas os links numa página do site. Certas frases como "click aqui" e "leia mais..." devem ser evitadas.

Forneça Closed Caption ou legenda oculta nas cópias para meios de comunicação tais como Vídeos.

Com arquivos de áudio uma transcrição pode ser suficiente.

Assegure padrões de acessibilidade ao conteúdo para arquivos não-html, incluindo Arquivos PDF, documentos Microsoft Word, apresentações em PowerPoint e conteúdo no formato Adobe Flash Player.

Além de todos os outros princípios listados aqui, documentos em PDF e outros conteúdos em formato não-html devem estar tão acessível quanto possível. Se você não pode faze-lo acessível, considere usar HTML, no mínimo, fornecendo uma alternativa acessível. Os documentos em PDF também devem incluir uma série de etiquetas para fazer com que seja mais acessível. Um arquivo PDF que utiliza Etiquetas tem a mesma aparência, porém, é quase sempre mais acessível para pessoas usando um leitor de tela.

Permita que os usuários pulem elementos repetitivos na página

Deve ser fornecido um método que permita aos usuários pularem a navegação ou outros elementos que repetem em cada página. Isto normalmente é realizado fornecendo um link em cima da página como "Pular para Conteúdo", "Ir para Conteúdo Principal," ou "Pular Navegação" indo para o conteúdo principal da página.

Não conte com cores para transportar significados

O uso de cores pode aumentar a compreensão, mas não use uma cor só para transportar informação. Essa informação pode não estar disponível caso a pessoa seja daltônica e estará indisponível para usuários de leitores  de tela.

Assegure-se que o conteúdo está escrito claramente e de fácil leitura

Há muitas maneiras de fazer seu conteúdo mais fácil de ser entendido. Escreva com clareza, use fontes com bom destaquee faça uso de cabeçalhos e listas de forma apropriada..

Faça JavaScript ser acessível

Certifique-se de que os manipuladores de JavaScript (JavaScript event handlers) são artifícios independentes (por exemplo, eles não exigem o uso de um mouse) e tenha certeza que sua página não precisa de JavaScript para funcionar.

Design com padronização

O uso de HTML compatível e padrões de acessibilidde criam páginas mais robustas e fornecem melhores condições para a otimização do site para os sistemas de Busca. Os arquivos de “Folhas de Estilo” (Cascading Style Sheets) – CSS - permite que seja separado o conteúdo da apresentação. Este recurso fornece mais flexibilidade e acessibilidade para o conteúdo do seu site.

Esta lista não apresenta todas os assuntos sobre acessibilidade, mas descreve os princípios básicos para que você  tenha certeza de propiciar maior acessibilidade ao conteúdo do seu site na Web para todo o mundo. Caso tenha interesse você também pode aprender mais sobre acessibilidade conhecendo nossos artigos recursos.

Conclusão

A web oferece para as pessoas com deficiência muitas oportunidades que são indisponíveis em qualquer outro meio. Ela  oferece independência e liberdade. No entanto, se um web site não é criado tendo em mente o uso dos padrões de Acessibilidade da Web poderá estar sendo excluindo um segmento significante da população que poderia ganhar muito  mais com o uso da Internet. As maiorias das pessoas não pretendem excluir as pessoas com deficiência. Partindo do momento em que as organizações e designers tornam-se conscientes para implementar a Acessibilidade, eles estão  garantindo que o seu conteúdo pode ser acessado por uma quantidade muito maior da população.

In https://www.brasilmedia.com/

Acessibilidade Digital

As Directrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web (WCAG 2.1) desenvolvidas pelo W3C – World Wide Web Consortium têm sido adotadas pela União Europeia e pelos Estados Membros, o que tem acontecido com grande parte dos países que vêm aceitando as WCAG como padrão de acessibilidade a respeitar.

Em Portugal, a Unidade Acesso, atualmente sob a tutela da Agência para a Modernização Administrativa, tem-se dedicado à transposição das diretrizes e tem desenvolvido diversos estudos sobre acessibilidade digital. Outras entidades e grupos têm realizado estudos sobre acessibilidade digital.

O cumprimento destas diretrizes faz com que o conteúdo se torne acessível a um maior número de pessoas com incapacidades, incluindo cegueira e baixa visão, surdez e baixa audição, dificuldades de aprendizagem, limitações cognitivas, limitações de movimentos, incapacidade de fala, fotossensibilidade bem como as que tenham uma combinação destas limitações. Seguir estas diretrizes faz também com que o conteúdo Web se torne mais usável aos utilizadores em geral.

Inclusão digital dá voz para quem não sabe ler e escrever

O toque estridente no celular de Ivaneide Silva, 51 anos, revela que chegou mais um áudio pelo WhatsApp. Moradora do Pilar, comunidade do Bairro do Recife, ela não consegue ler textos enviados, mas usa assiduamente a rede social de trocas de mensagem. Além de se comunicar com os filhos e amigas pelo “zap”, como chama, mantém um perfil no Facebook, onde vê fotos e curte publicações. Não saber ler ou ser analfabeto funcional não afasta os brasileiros das mídias digitais. A última edição do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), estudo realizado em parceria pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, revelou que, mesmo com dificuldades, os analfabetos funcionais são usuários frequentes das redes sociais. Entre eles, 86% se comunicam pelo WhatsApp, 72% têm perfil no Facebook e 31% acessam o Instagram.

A décima edição da pesquisa, realizada desde 2001, entrevistou 2 mil pessoas entre 15 e 64 anos, residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país. Quase um terço dos brasileiros ouvidos pelo estudo têm limitação para ler, interpretar textos, identificar ironia e fazer cálculos simples. São considerados, portanto, analfabetos funcionais. “Identificamos um grupo grande de pessoas que, mesmo com dificuldades, estão nas redes sociais. São usuários de diversas ferramentas e se comunicam não só por áudio, mas também por meio da escrita. Concluímos que as redes sociais funcionam como um meio de inclusão”, afirma o coordenador executivo adjunto da Ação Educativa, Roberto Catelli.

O uso das redes, entretanto, é limitado entre os analfabetos funcionais. Desses, apenas 12% enviam mensagens escritas e escrevem comentários em posts do Facebook, por exemplo. Entre os entrevistados com nível de alfabetização proficiente - isto é, os que elaboram textos, interpretam tabelas e gráficos mais complexos e resolvem situações-problema -, 44% enviam mensagens escritas e 43% redigem comentários em publicações. “As redes sociais também são um ambiente com limitações. Observamos um avanço, mas a presença nos meios digitais não basta. Estamos falando de pessoas que não conseguem ler textos do cotidiano, como placas de rua, folhetos de supermercado e orientações no mercado de trabalho”, pontua Catelli.

A dona de casa Maria Miron, 66 anos, reconhece que, apesar de estar no WhatsApp e trocar mensagens pelo aplicativo, tem dificuldades de ler textos com mais de três frases. Com mais de 60 anos, começou a estudar pela primeira vez e cursa o módulo dois - equivalente à antiga primeira série - na Escola Municipal de Dois Rios, no Ibura, Zona Sul do Recife. “Aprendi a ler, estou reconhecendo as letras e palavras, mas ainda não consigo entender textos maiores. Daqui para o fim do ano, tenho fé que poderei receber mensagens em texto e não só áudio no celular”, diz.

Para o Inaf, alfabetismo é a capacidade de compreender e utilizar a informação escrita e refletir sobre ela, “um contínuo que abrange desde o simples reconhecimento de elementos da linguagem escrita e dos números até operações cognitivas mais complexas, que envolvem a integração de informações textuais e dessas com os conhecimentos e as visões de mundo aportados pelo leitor”. Escolaridade, portanto, não garante a todos o nível de alfabetismo esperado. “Estudei, mas tenho dificuldade de ler textos grandes e entender o que estão dizendo, por isso, prefiro mandar áudio (no WhatsApp)”, diz a auxiliar de cozinha Roseane Lima, 41 anos.

Um dos principais riscos que as pessoas com baixo nível de alfabetização no meio digital correm é a vulnerabilidade à desinformação, de acordo com a pesquisadora na área de letramento digital Roberta Caiado, doutora em educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com pós-doutorado em linguística aplicada pela Universidade Católica de Pelotas (UCPEL) e e coordenadora da pós-graduação stricto sensu da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). “O analfabeto digital pode até ter nível elevado de escolarização, dominar as tecnologias do ler e do escrever, ser considerado letrado, porém não se apropriou das vantagens que as tecnologias do ler e do escrever na tela proporcionariam; não conseguem identificar uma fake news; não entendem um meme, por exemplo”, ressalta.

Quais são as formas de letramento possíveis?
O termo letramentos (no plural) estaria mais de acordo com o momento sociocultural que vivemos, pois fazemos usos heterogêneos das diferentes tecnologias, com finalidades diversas para modificar/ratificar nosso estado ou condição de ser letrado, na leitura e na escrita. Fazemos parte de um todo que se dinamiza e complexifica a cada nova necessidade, a partir das exigências que as novas descobertas e o conhecimento possibilitam. Diferentes letramentos, letramentos múltiplos, desenvolvem novas habilidades ou habilidades que há muito não nos eram solicitadas - devido a isso ressurgem como novas - nos sujeitos aprendentes contemporâneos. Acredito que as novas tecnologias digitais da informação e comunicação contribuem significativamente para a composição da concepção de letramentos a partir das mudanças que introduziram no estado ou condição dos sujeitos.
 
Do ponto de vista linguístico, de quais maneiras uma pessoa não alfabetizada é excluída?
O alto grau de escolarização representado pelos anos que o sujeito aprendente/aluno passa na escola não é garantia de alfabetismo, de desenvolvimento de habilidades referentes às tecnologias do ler e do escrever, em contextos diários dessas práticas. A questão se agrava, atualmente, no que se refere à compreensão, à interpretação e à produção de conteúdos, porque um adulto não alfabetizado ou analfabeto funcional se depara, por exemplo, nas redes sociais, com o fenômeno das fake news e, caso não tenha habilidades específicas e requeridas pelo letrado, poderá facilmente reencaminhar, compartilhar, redistribuir informações que não condizem com a verdade ou de cunho alarmista, corroborando para o que uma minoria linguística impõe a uma maioria discriminada com base na legitimação do saber e da língua de que eles dispõem.
 
A tecnologia promove inclusão linguística?
Se atrelado ao letramento escolar encontramos a figura do analfabeto funcional, atrelado ao letramento digital poderemos encontrar a figura do analfabeto digital. O analfabeto funcional aprendeu a ler e escrever signos - codificar e decodificar o texto -, mas não consegue depreender sentidos contidos em gêneros variados do discurso, por apresentar leitura superficial ou nível de leitura superficial e baixa frequência de escrita de textos simples. O analfabeto digital pode ter nível elevado de escolarização, dominar as tecnologias do ler e do escrever, ser considerado letrado, porém não se apropriou das vantagens que as tecnologias do ler e do escrever na tela proporcionariam; não se apropriou das vantagens das múltiplas semioses integradas: som, imagem, movimento - juntas e ao mesmo tempo - utilizando-as a seu favor, tirando vantagem dessas emergentes tecnologias digitais para melhor compreensão da sua cultura, da política, da identificação de fake news, do significado de um meme, da busca de informações na rede. Dessa forma, entendo que somente o letrado alfabético tem condições de se apropriar totalmente do letramento digital.

Noam Chomsky

Avram Noam Chomsky (Filadélfia, 7 de dezembro de 1928) é um linguista, filósofo e activista político americano.

É professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Seu nome está associado à criação da gramática ge(ne)rativa transformacional, abordagem que revolucionou os estudos no domínio da linguística teórica. É também o autor de trabalhos fundamentais sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais, sendo o seu nome associado à chamada Hierarquia de Chomsky.

Seus trabalhos, combinando uma abordagem matemática dos fenómenos da linguagem com uma crítica radical do behavio(u)rismo, em que a linguagem é conceitualizada como uma propriedade inata do cérebro/mente humanos, contribuem decisivamente para o arranque da revolução cognitiva, no domínio das ciências humanas.

Além da sua investigação e ensino no âmbito da linguística, Chomsky é também conhecido pelas suas posições políticas de esquerda e pela sua crítica da política externa dos Estados Unidos. Chomsky descreve-se como um socialista libertário, havendo quem o associe ao anarcossindicalismo.

O termo chomskiano é habitualmente usado para identificar as suas idéias linguísticas embora o próprio considere que esses tipos de classificações (chomskiano, marxista, freudiano) "não fazem sentido em nenhuma ciência", e que "pertencem à história da religião, enquanto organização".

in https://www.esquerda.net/

A pedagogia crítica de Michael Apple

Michael Whitman Apple nasceu na cidade de Patterson, nos Estados Unidos, em 1942. Ele é descendente de imigrantes russos, membro de uma família pobre de trabalhadores. Logo cedo ele se engajou politicamente, primeiro no ambiente escolar e posteriormente no contexto acadêmico. Sua concepção pedagógica é fruto de sua convivência com um ambiente periférico e, depois, com um meio mais elitista, após a realização do mestrado e do doutorado no Teachers College da Columbia University.

Como resultado deste contexto existencial, Apple elaborou sua pedagogia crítica, baseada na relação entre a educação e a sociedade, ou seja, na análise relacional ou situacional. Produtor de uma extensa obra, ele publicou, entre outros volumes, Ideologia e Currículo e Política Cultural e Educação. Neste último ele situa exemplarmente sua visão da educação inserida em um contexto social, na interação com as incontáveis faces da sociedade.

Apple desenvolve um trabalho significativo, particularmente na esfera curricular do sistema educacional. Convencionalmente o Currículo nada mais era que uma série de temas que deveriam ser transmitidos no ambiente escolar; atualmente é fato, graças a trabalhos como o deste educador, que o mais importante é elaborar ideias passíveis de serem apreendidas nas suas repercussões.

Assim, de acordo com a teoria desenvolvida por Michael, o Currículo não é uma mera colagem objetiva de informações, pois estas são sempre frutos de determinados agrupamentos sociais, que decidem o que será transmitido nas salas de aula. Desta forma, não é fundamental saber como o conhecimento será disseminado, mas sim qual saber, e porque este e não outro. Assim, o educador propõe questionamentos alternativos e coloca em xeque o modelo tecnicista.

É por esta razão que Apple defende o saber não como algo dado, mas sim enquanto uma realidade que deve ser criticamente examinada; esta proposta rompe com a concepção até então dominante da educação. Ele vai mais além, pois busca nos conceitos de ideologia, hegemonia e senso comum desenvolvidos pelo marxista Antonio Gramsci, o necessário suporte para traduzir, nos mesmos termos, sua visão da educação. Este arsenal é extraído especialmente das teorias críticas.

Desta forma é possível ter uma percepção mais ampliada do currículo, como um conteúdo elaborado por certas camadas sociais, segundo suas ideologias, disputas, preocupações e comprometimentos culturais, políticos e econômicos. Apple vincula, portanto, a grade curricular à estruturação da economia. Embora estabeleça este laço, o educador não incorre no equívoco cometido pelos marxistas convencionais, a compreensão da educação pelo viés economicista, preferindo optar pelo neomarxismo, corrente que acredita na posição central da cultura na avaliação crítica das estruturas sociais.

Apple enfoca igualmente as questões de gênero e raça, a partir das quais elabora a questão da branquidade, ou seja, dos brancos como os normais, enquanto as demais raças e etnias não se ajustam nas estruturas vigentes; a raça branca predomina na criação do Currículo, o qual é visto também como um instrumento de poder na preservação da sociedade em sua atual configuração.

Práticas tecnológicas na educação inclusiva nas escolas

A tecnologia assistiva foi criada com o intuito de auxiliar indivíduos com os mais variados tipos de deficiência — desde problemas cognitivos até deficiências motoras. O uso da tecnologia na educação especial é um meio efetivo de progresso para muitas crianças, pois elas geralmente experimentam um melhor desempenho quando podem utilizar suas habilidades para trabalharem suas dificuldades.

A tecnologia assistiva é definida como qualquer equipamento ou sistema que ajude alguém a superar ou ultrapassar alguma barreira específica decorrente de sua deficiência. Tal tecnologia obviamente não tem o poder de cura, mas pode auxiliar uma pessoa com necessidades especiais a potencializar suas forças e demonstrar suas habilidades.

Um exemplo disso é um aluno que tenha dificuldade de ler, porém tenha uma boa audição, podendo se beneficiar de livros em áudio. Além disso, a tecnologia assistiva pode desenvolver na criança a autoconfiança e o senso de independência, fatores muito importantes para pais, professores e alunos.

A seguir, mostraremos exemplos de tecnologias que podem auxiliar na educação inclusiva e aos portadores de necessidades especiais, bem como o que podemos esperar dos avanços nessa área. Acompanhe a leitura!

O que é política de inclusão social?

Saiba como o uso da tecnologia na educação especial beneficia os alunos

De acordo com o Censo Escolar de 2018, realizado pelo Inep — Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira —, de 2014 a 2018, o número de alunos com necessidades especiais incluídos em sala de aula comum passou de 87,1% para 92,1%.

Segundo o MEC — Ministério da Educação —, essa inclusão é possível graças ao apoio da tecnologia em sala de aula, que conta com recursos multifuncionais, além do espaço físico adequado e professores capacitados. Um dos recursos disponíveis é a impressão de materiais em Braile para alunos com deficiência visual.

Enem — Exame Nacional do Ensino Médio — também utiliza a tecnologia para beneficiar os alunos com necessidades especiais. Desde 2018, quem faz o exame pode contar com a Plataforma Videoprova em Libras, que facilita o acesso às provas para os alunos com deficiência auditiva.

Conheça tecnologias que auxiliam na educação de alunos com deficiência visual

Existem uma série de ferramentas que podem ser utilizadas como uma forma de facilitar a vida das pessoas portadoras de deficiência visual e permitir que elas participem de diversas atividades e tenham melhor qualidade de vida. Confira algumas delas, a seguir.

Braille Fácil

Trata-se de uma ferramenta gratuita e produzida pelo MEC, que transforma textos convencionais em Braille, além de permitir a impressão em Braille.

Dosvox

O Dosvox é um sistema de computação que permite aos deficientes visuais utilizar um microcomputador comum para trabalhar e estudar de forma independente.

O programa é distribuído gratuitamente e disponível em versões para Windows e Linux, no qual também recebe o nome de Linvox.

Jaws — Job Acess With Speech 

É um software leitor de tela, desenvolvido pela empresa Freedom Scientific para a plataforma Windows. O sistema permite a leitura do texto na tela tanto por meio de uma saída de voz, quanto em Braile. É ideal para leitura de páginas na internet, documentos em editores de texto como Word e arquivos PDF.

NVDA

Esse software também é um leitor de tela, disponível em versão Windows. Como possui código aberto, pode ser estendido por quem quiser e tiver habilidade em ampliar suas funções.

Orca 

Trata-se de um sistema assistivo livre, que utiliza diversas combinações de Braille, ampliação e fala. Por meio dele, pode-se navegar na web, receber e enviar e-mails, editar planilhas e até mesmo ouvir rádio.

O sistema está disponível em versão Linux, Solaris e Unix. Por ser código aberto, também pode ser utilizado em outras aplicações.

Virtual Vision

Esse é outro leitor avançado de tela, disponível em versão para Windows. O software busca em outros programas o que pode ser lido, podendo ser utilizado em quase todos os outros aplicativos. Não há a necessidade de qualquer tipo de alteração no computador para utilizá-lo. Além disso, a ferramenta também pode ser utilizada para a leitura de sites na internet.

Saiba quais tecnologias auxiliam alunos com deficiência auditiva

Para as pessoas com deficiência auditiva, também existem algumas ferramentas que facilitam a sua comunicação e entendimento. Confira algumas delas, a seguir.

Plaphoons

Esse é um software gratuito, que conta com um sintetizador de voz. Permite a utilização de figuras que representam ações, sentimentos etc, por meio das quais o usuário é capaz de formular sentenças. O software funciona em Windows, mas conta com uma versão para Android.

Player Rybená

O software Rybená é uma ferramenta que pode ser utilizada por pessoas com deficiência auditiva, visual e motora, e por aqueles que tenham dificuldade de leitura.

A ferramenta converte com eficiência quaisquer documentos ou artigos em língua portuguesa para Libras, ou faz a leitura do texto para as pessoas que tenham a deficiência visual. Além disso, oferece suporte a documentos em formato DOC e PDF, e está disponível em versões Android e iOS.

Conheça as tecnologias para alunos com deficiência motora

Há também ferramentas voltadas para as pessoas com deficiência motora. Confira algumas, a seguir.

Classic Tobii Gaze Interaction Software

Trata-se de um aplicativo cujo acesso pode ser feito apenas com o movimento dos olhos. É ideal para pessoas com deficiências motoras severas.

O software conta com um rastreador ocular, que permite o acesso total ao computador, sem necessidade de mouse ou teclado. Está disponível em versão para Windows.

Motrix

O software foi desenvolvido exclusivamente para atender a pessoas com deficiência motora severa, como distrofia muscular ou tetraplegia, por exemplo. Essa ferramenta possui um mecanismo inteligente, que executa a parte motora mais complexa de tarefas, possibilitando ao usuário jogar, escrever, ler e se comunicar.

Saiba quais são os desafios da educação inclusiva no Brasil

Com base no Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 13.005 de 2014, a meta é de que haja a inclusão de todas as pessoas de 4 a 17 anos que sejam portadoras de necessidades especiais até 2024. A tecnologia é uma grande aliada para que essa meta seja atingida.

Por meio da utilização de tecnologias inclusivas aliada à capacitação dos educadores, a educação poderá, finalmente, alcançar a todos sem qualquer tipo de restrição.

Atualmente, o uso da tecnologia na educação especial contribui para que muitas pessoas portadoras de necessidades especiais ganhem independência em muitas áreas. Há inúmeros recursos tecnológicos disponíveis e que atendem às diferentes necessidades. Isso permite que eles possam ser utilizados na escola como um aliado à educação inclusiva.

in https://escolaweb.com.br/

A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS EDUCADORES NO CONTEXTO EDUCACIONAL INCLUSIVO E A INFLUÊNCIA DA MEDIAÇÃO NO ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

  1. INTRODUÇÃO

O estudo realizado tem por objetivo analisar o processo de formação continuada de professores/ educadores no contexto escolar inclusivo, como também, a influência da mediação do educador no ensino aprendizagem e no desenvolvimento cognitivo de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais.

Diante disso, as escolas juntamente com a equipe de profissionais e a comunidade escolar em geral, devem incluir de maneira ética os educandos com limitações específicas de aprendizagem nos diversos contextos sociais, na busca de desenvolver múltiplas habilidades nos mesmos. O tema proposto resultou-se de interesse e reflexão pelo assunto abordado na área da formação continuada e da mediação no ensino-aprendizagem, assim como de pesquisa, análise e compreensão do assunto abordado.

Em análise, verificou-se a importância e a influência da formação continuada do professor educador nos diversos ambientes, no meio social, cultural e educacional, (tanto no contexto formal, quanto no não formal). É fundamental lembrarmos, que só uma formação continuada comprometida com o bem de todos, fará a diferença na construção do conhecimento crítico, da autonomia dos alunos e da mediação da consciência dos mesmos. As pessoas que apresentam necessidades especiais são pessoas com personalidade única, que estabelecem uma boa comunicação com todos, e são capazes de aprender e desenvolver suas múltiplas habilidades através de estímulos do meio, de atividades mediadas e diversificadas. Na escola, as atividades devem ser aplicadas competentemente pelo professor/ educador, onde, o currículo deve ser democrático e flexível às necessidades de todos, pois os educandos com necessidades especiais têm suas limitações específicas de aprendizagem e devem ser respeitados em suas limitações, e jamais devem ser comparadas ou competir com pessoas normais. O educador mediador tem que ser capaz de desenvolver métodos de ensino adequado as necessidades dos alunos, como também, acompanhar as etapas de evolução dos mesmos ao longo do ano, lhes prestando total apoio, reconhecendo as etapas atingidas pelos educandos e mediando o ensino-aprendizagem dos mesmos.

A escolha do tema proposto resultou de reflexão e entrosamento com o assunto abordado, na busca de verificar quais soluções e conhecimentos pode-se buscar para obter um ensino-aprendizagem mediado, amplo e qualitativo, como também, um processo de formação docente continuada mais eficaz em nossas escolas e em nossa sociedade contemporânea. A abordagem metodológica é de natureza qualitativa, sendo desenvolvida através de pesquisa bibliográfica exploratória (livros, diversos, cadernos com apontamento, jornais, revistas, etc.). Em relação à pesquisa exploratória, Gil (2002), descreve que, a pesquisa exploratória tem como objetivo, proporcionar maior familiaridade do pesquisador com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito, pode envolver levantamento bibliográfico (neste caso, da intuição do pesquisador). Através dos estudos aprofundados sobre a importância da formação continuada do professor/ educador e da mediação do mesmo no contexto educacional inclusivo, elaborou–se o seguinte problema de pesquisa.

Quais as principais dificuldades enfrentadas pela escola e pelos educadores sem formação continuada no desenvolvimento de ações mediadoras, de métodos alternativos no ensino aprendizagem e na inclusão social dos educandos com necessidades educacionais especiais?

Em relação a tal problematização, pode-se, concluir através de estudos coerentes sobre o tema, que o processo de formação continuada e o processo de mediação, são dois processos fundamentais e necessários há todos os envolvidos no processo educativo, pois, o professor/ educador precisa atuar competentemente no âmbito escolar, no desenvolvimento de metodologias diferenciadas e adequadas ás necessidades de tais alunos, com saberes pedagógicos precisos e concretos, como também, ampliados/ mediados para fazer a diferença nos diversos contextos sociais. O resultado do estudo oferece possibilidades para educadores repensarem sua formação continuada e suas práticas pedagógicas, como também, propor novas práticas e métodos educativos em diversos contextos da sociedade, onde os educandos possam se desenvolver através de atividades alternativas. É importante analisar que os contextos devem ser repensados com uma proposta de intervenção pedagógica, pois de fato, atividades mediadas e ao ar livre fazem toda a diferença no processo inclusivo, no alcance de estímulos e no processo de ensino-aprendizagem concreto.

  1. A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DO EDUCADOR NO CONTEXTO EDUCACIONAL ESPECIAL / INCLUSIVO

A formação continuada do educador no contexto educacional especial e inclusivo, sempre fez muita diferença nas relações sociais, culturais, educativas, profissionais, afetivas e aos “olhos de toda sociedade”. Observa-se a influência e a importância da formação continuada do educador nos diversos contextos sociais.

O professor educador deve estar meramente preparado em sua prática pedagógica, repensando, interpretando, propondo métodos alternativos e metodologias de acordo com as necessidades específicas dos educandos, considerando os aspectos do contexto educacional, da diversidade cultural, da realidade sociocultural dos alunos com necessidades educacionais especiais e suas limitações específicas de aprendizagem. A formação continuada fornece há todos os docentes, medidas significativas para desenvolver um ensino-aprendizagem qualitativo, significativo e um desenvolvimento satisfatório das habilidades dos educandos. De acordo com a Resolução nº 01 de 2002 do Conselho Nacional de Educação e Conselho Pleno (CNE/CP) do Ministério da Educação (MEC), que, instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, para curso de licenciatura, em seu art. 6º, § 3º, refere que o projeto pedagógico da escola deve incluir conhecimentos que possam promover o debate sobre questões culturais, sociais e econômicas.

A formação continuada do educador no contexto especial e inclusivo visa à capacidade de reflexões dos acontecimentos e da trajetória das pessoas com necessidades educacionais especiais, onde, analisa-se como era normal na Antiguidade a eliminação das pessoas consideradas “deficientes”, pois na época acreditava-se que eram inúteis para a vida em sociedade.

Vejamos contemporaneamente, se o professor/ educador não obtém e não desenvolve uma sólida formação continuada, e é um profissional passivo frente ao processo educativo, certamente esse educador não será capaz de modificar metodologias, de adaptar métodos e buscar materiais concretos de ensino-aprendizagem na educação inclusiva. E nesse processo da acomodação, ou dá má formação do educador, certamente, perde-se a capacidade de desenvolver habilidades de reabilitação principalmente nos educandos com necessidade educacional especial. A formação docente continuada é essencial e deve ser obrigatória no contexto educacional inclusivo, pois a mesma oferece a compreensão da prática pedagógica de maneira inclusiva e eficiente, onde as dificuldades, as singularidades, a diversidade do alunado, a cultura e as limitações específicas dos educandos com necessidades educacionais especiais (NEE), passam a ser compreendidas de forma mais humana e democrática.

Referências à formação de professores para atuarem na educação especial, são encontradas na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008).

Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base de sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a atuação no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, os centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos da educação especial. Esta formação deve contemplar conhecimentos de gestão de sistema educacional inclusivo, tendo em vista o desenvolvimento de projetos em parceria com outras áreas, visando à acessibilidade arquitetônica, os atendimentos de saúde, a promoção de ações de assistência social, trabalho e justiça. (BRASIL, 2008, p.17 &18)

Para que sejam implementadas práticas educativas inclusivas mais satisfatórias, é necessário que professores e gestores educacionais possuam formação continuada no atendimento ao público alvo “especial, inclusivo”. De acordo com a Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001, que institui as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica, nesse sentido:

Cabe aos sistemas de ensino estabelecer normas para o funcionamento de suas escolas, […] com professores capacitados e especializados, conforme previsto no Artigo 59 da LDBEN […] e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura de graduação plena. § 1º São considerados professores capacitados para atuar em classes comuns com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais àqueles que comprovem que, em sua formação, de nível médio ou superior, foram incluídos conteúdos sobre educação especiais adequados ao desenvolvimento de competências […] (BRASIL/MEC/SEESP, 2001, p.5).

A formação continuada é um recurso em prol da educação, no qual os educadores devem se apropriar para fazer a diferença na sociedade inclusiva, pois a mesma desempenha um papel importantíssimo e uma visão crítica do educador acerca do contexto escolar e da inclusão social, com vistas a buscar procedimentos e métodos educativos na reabilitação dos alunos com necessidades educacionais especiais, onde, aos poucos, pode-se, desenvolver as habilidades cognitiva, motora, reflexiva e artística dos educandos com limitações. Na educação especial e inclusiva, a formação docente é parte fundamental na inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Destaca-se a seguir o fragmento do texto que trata dessa linha de ação (BRASIL 2004):

A formação deve se assentar num processo contínuo, que garanta a todos os professores os conhecimentos e competências necessários para educarem todos os alunos da forma mais eficaz, possibilitando que alguns professores assegurem ações de apoio junto aos colegas e dos alunos com necessidades educativas mais comuns e especializem outros para o atendimento dos alunos com problemas de maior complexidade e de baixa incidência.

Contemporaneamente, analisa-se em muitas escolas, professores/ educadores atuando sem formação continuada/ complementar na área da educação especial e inclusiva, isto de fato, causa certa preocupação, pois é nesses casos, onde educadores sem formação continuada atuem que perdemos a capacidade da transformação, da mudança, da reabilitação dos alunos com necessidades educacionais especiais, pois tais educadores não estão preparados para receber tais diferenças e trabalhar com a tamanha diversidade inclusiva, de fato, tais educadores, não adquiriram saberes pedagógicos concretos e precisos para lidar com a questão da modificabilidade cognitiva, sensorial, física, intelectual e motora dos educandos em processo de inclusão social. Certamente, essa situação, paralisa e fragmenta o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o um fracasso total.

Nessa perspectiva, Bueno (2010).

O que se deve ter em mente é que para a inclusão de crianças com necessidades educativas no ensino regular, há que se contar com professores preparados para o trabalho docente que se estribem na perspectiva de diminuição gradativa da exclusão escolar e da qualificação do rendimento do alunado, ao mesmo tempo em que, dentro dessa perspectiva, adquira conhecimentos e desenvolva práticas específicas necessárias para a absorção de crianças com necessidades educativas especiais.

Estudos revelam os desafios postos à formação de professores no processo de inclusão escolar, ressaltando o quanto os professores se sentem despreparados em sua prática docente no enfrentamento das diferenças cognitivas, sensoriais e físicas que interferem na aprendizagem dos alunos com deficiência. (GIROTO, CASTRO 2011, MICHELS 2011, MONTEIRO, MANZINI, 2008, QUATRIN, PIVETTA, 2008, VITALIANO, 2007, LEÃO et al., 2006).  Observa-se que não basta apenas uma escola oferecer matrícula aos educandos com necessidades educativas especiais, pois a inclusão vai além do direito há matricula. A falta de uma formação continuada de qualidade aos professores abordando o processo inclusivo se faz necessário para proporcionar aos alunos com deficiência, uma educação qualitativa, respeitando a especificidade de cada aluno incluso. Analisa-se, que a má formação dificulta a aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais e muitas vezes, deixa os professores sem saber o que fazer para assegurar o direito desses alunos inclusos. Sabe-se que as leis sobre inclusão social no Brasil sempre serviram de modelo para o mundo, mas na prática, os alunos nem sempre são incluídos nas turmas democraticamente, sem considerar o espaço físico, os recursos adaptados ás necessidades dos mesmos, e as estruturas arquitetônicas que muitas vezes é precária ou inexistente em algumas escolas. As escolas inclusivas necessitam de professores/ educadores e auxiliares de classe com formação continuada voltada ás necessidades dos educandos com limitações específicas de aprendizagem, pois sabemos, o quanto é significativo compreendermos a diversidade na teoria, para fazer a diferença na prática, onde ambas devem atuar juntas no processo de ensino-aprendizagem (Teoria X Prática). Com vistas á formação continuada, Correia 2008 destaca:

Os educadores, os professores e os auxiliares de ação educativa necessitam de formação específica que lhes permita perceber minimamente as problemáticas que seus alunos apresentam que tipo de estratégia devem ser consideradas para lhes dar resposta e que papel devem desempenhar as novas tecnologias nestes contextos. (CORREIA 2008, p. 28)

É necessário refletir sobre a questão do professor face às novas demandas no processo de inclusão social e às novas tecnologias para a educação especial, considerando que a inclusão escolar de alunos com deficiência, ainda é um processo em construção, e os agentes da comunidade escolar devem se esforçar para construir coletivamente uma inclusão social responsável, a qual tem como dever, acolher as diferenças com ética e democracia. É fundamental investir na participação da família no contexto escolar, na formação e na conscientização adequada dos professores/ educadores, como também, em materiais pedagógicos concretos, metodologias diferenciadas e adequadas aos alunos com necessidades educacionais especiais.

De acordo com a matéria exibida no Jornal Nacional, da TV Globo, em maio de 2011, o especialista em educação Gustavo Ioschpe afirmou que:

Entre os principais fatores que contribuem para o bom desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, estão: participação da família, reforço em contraturno para alunos com dificuldades de aprendizagem e lição de casa todos os dias (Educação no Brasil, 2011).

Pode-se afirmar que, a formação por si só não é tudo, como também não transforma, pois ela capacita para realizar tarefas revolucionárias, por isso necessita, além de formação continuada e cursos complementares, pessoas determinadas, às quais estão á frente do processo educacional, pois não basta possuir diversos cursos e diplomas á nível superior e no contexto formal não possuir o mais importante que o educador pode oferecer aquele contexto, sua capacitação teórica/ prática e sua mediação pedagógica para com os seus alunos com limitações. A formação continuada deve possibilitar reflexões e sensibilidades quanto ás diversidades, às diferenças, “do eu e do outro”, Costa (2010, p.531) destaca que:

A formação dos professores deve abranger o desenvolvimento de sua sensibilidade para que possam refletir sobre a própria prática docente e, assim, planejar de maneira flexível, articulando o ensino às demandas de aprendizagem dos alunos, considerando diversas possibilidades de educacionais.

Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996), estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDBEN, e em seu capítulo V, dispõe quanto à educação especial, entendendo-a como “[…] uma modalidade de educação escolar, oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para alunos portadores de necessidades especiais”. A referida lei delibera também sobre os sistemas de ensino, que deverão assegurar os currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e a organização específica para atender às necessidades de aprendizagem desses alunos. Quanto à formação de professores/ educadores, prevê uma especialização adequada em nível médio ou superior, para o atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses alunos nas classes comuns. Todos devem ter a conscientização, que incluir vai além de cumprir a lei pré-estabelecida, de realizar vários cursos de capacitação, de obter diplomas e de ambientes com estruturas arquitetônicas. Pois incluir, é fazer a diferença, é analisar as práticas educativas com sensibilidade, e através de reflexão, obter normas e condutas éticas, isto é, olhar para o futuro com determinação, solidariedade, mudanças, e ao mesmo tempo buscar desenvolver autonomia nos alunos com necessidades especiais, na certeza, de almejar conquistas para os mesmos nos diversos contextos da sociedade. Em relação à formação reflexiva do professor/ educador, leva-me a concordar com as ideais de Nóvoa (1995, p. 25).

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência […]. Práticas de formação que tomem como referência as dimensões coletivas contribuem para a emancipação profissional e para a consolidação de uma profissão que é autônoma na produção dos seus saberes e dos seus valores.

A formação continuada, como se analisa as ideias de Nóvoa, deve ser uma formação sólida, coletiva, de conhecimentos éticos e não apenas uma acumulação de cursos sem a devida reflexão para a vida em sociedade, tanto no espaço formal, quanto no espaço não formal. Contemporaneamente, observa-se com ênfase que o processo inclusivo assumiu um novo paradigma social e educacional, onde as escolas juntamente com seus educadores e com a comunidade escolar, buscam defender uma educação e uma sociedade mais humanizada, ética, justa, democrática, livre de práticas tradicionais, discriminatórias e segregacionistas, para de fato, obter resultados positivos no processo de ensino-aprendizagem inclusivo, como também conscientizar a população que as diferenças fazem da parte da vida de todos.

Analise-se que a escola pode ir muito mais longe e evoluir através de suas lutas, em busca de um processo de inclusão mais abrangente. Devemos aprender a crescer com as diferenças, onde é preciso primeiro, reconhecer que elas existem, o que não existe e nunca existiu é a homogeneidade, segundo, devemos estar dispostos a aceitar tais diferenças, afirmá-las e valorizá-las, como também, saber conviver com elas, viver em comunhão/ fraternidade, intimidade e familiaridade, pois, analisa-se, que só assim aprenderemos de fato, a lidar com as diferenças. Por isso, é de suma importância, que as crianças tenham a oportunidade de convívio com as diferenças o mais cedo possível, pois isso ajudará a moldar o pensamento das mesmas sobre as diferenças de forma positiva. As lutas, pela inclusão social, exigem de fato, profissionais qualificados que além de uma longa formação, obtenham capacidade de dialogar com os mais diversos grupos de pessoas da sociedade, como: (grupo de pessoas excluídas, grupo de pessoas preconceituosas, grupo de pessoas de classe baixa ou de extrema pobreza/ marginalizados, grupo de pessoas negras, pardas e brancas, grupo de pessoas com limitações, com diferenças culturais e o grupo da elite a burguesia etc.). A formação exata tem que ser capaz de oferecer saberes necessário para o educador se comunicar com os mais diversos grupos de pessoas que existe em nossa sociedade, pois só uma formação complementar que atribui o respeito há diversidade dos grupos, cor, raça, religião, gênero e classe econômica, fará a diferença na conquista pela inclusão social e pela modificabilidade cognitiva de todas as pessoas em sociedade.

2.1. A INFLUÊNCIA DA MEDIAÇÃO DO EDUCADOR NO ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

Contemporaneamente, analisa-se em diversos contextos educacionais que os professores/ educadores não sabem de fato o que é um processo de mediação de qualidade no ensino-aprendizagem dos discentes, pois, verifica-se a necessidade da mediação da consciência primeiramente do professor/ educador, o qual está inserido na comunidade escolar e á frente do processo de ensino-aprendizagem. Em segundo lugar, o educador tem que ser capaz de desenvolver essa consciência nos seus alunos, certamente, essa consciência a qual acrescento, é a de formar o educando com necessidade especial com um mínimo de autonomia para viver em sociedade, onde o professor/ educador deve mediar os passos percorridos pelo aluno e conscientizá-lo que o mesmo pode evoluir para melhor, isto é, mediar à consciência do aluno seja ele especial ou não, e para isso acontecer de fato, o educador precisa estar com sua consciência totalmente mediada, isso é, deve acreditar em si enquanto profissional da educação e ser capaz de fazer transformações significativas gradativamente.

O professor mediador é aquele, que é capaz de ampliar saberes e competências nos seus educandos, o qual desenvolve uma educação voltada às necessidades reais dos mesmos, de suas funções cognitivas, de suas habilidades motoras, do aproveitamento do seu potencial (múltiplas inteligências), dos pontos positivos de cada um dos seus educandos. A mediação do professor/ educador no ensino-aprendizagem é um fator significativo, necessário e essencial para o crescimento e a autonomia dos alunos com necessidades educacionais especiais e de toda comunidade escolar, pois, analisa-se que o desenvolvimento cognitivo dos educandos com necessidades educacionais especiais ocorre principalmente em função da ação mediadora de qualidade nos diversos contextos sociais.

Verifica-se que, o educador que sabe utilizar–se de métodos, recursos concretos, ação estimulante e mediadora para com seus educandos, apresentando-lhes situações/ problemas no qual os mesmos possam resolver com atividades apropriadas à capacidade de cada um deles, certamente esse professor/ educador conseguirá obter um ensino-aprendizagem transformador, tanto no espaço formal, quanto no espaço não formal. A propensão adequada de mediação e de estímulos no ensino-aprendizagem resulta no “resgate” e no desenvolvimento de habilidades até então, pressas no aluno por falta de uma mediação competente. Por isso é essencial o professor/ educador buscar hábitos saudáveis de ensino e acreditar nele próprio primeiramente, para então, conseguir desenvolver estímulos concretos em diversos contextos sociais e obter confiança para fazer mudanças, como também, para promover á autonomia dos educandos. Em relação à mediação Reuven Feuerstein afirma:

A mediação promove a autonomia do sujeito e o desenvolvimento de todo o seu potencial de aprendizagem. O mediador busca sempre a melhor metodologia para que o mediado se desenvolva e passe a não precisar mais de suas orientações ou ajuda (FEUERSTEIN, 1980, p. 384).

A mediação na construção entre o vínculo professor e aluno no processo de inclusão social, é mais do que um passo necessário á inclusão destes, mais sim, um processo fundamental na medida em que motiva e estimula o ensino-aprendizagem, no qual se desenvolve as múltiplas habilidades dos educandos e a apropriação cultural dos mesmos. Observa-se que, quando a mediação não é realizada corretamente pelo educador em sala de aula ou no contexto não formal, obviamente, fragmenta-se o desempenho de todos os alunos com necessidades educacionais especiais nos diversos contextos sociais. O processo de mediação deve acontecer eticamente e diariamente, pois quanto mais mediação de qualidade os alunos com necessidades educacionais especiais obterem, maior será a capacidade dos mesmos em se adaptarem as mudanças, de serem autônomos, objetivos, e criativos no processo de ensino-aprendizagem. O professor tem o papel fundamental de auxiliar seus educandos com necessidades educacionais em todos os sentidos, acolhe-los eticamente, independentemente de suas necessidades específicas e funcionais, como também, avaliá-los com base no que os mesmos já obtêm de conhecimentos e não apenas buscar uma avaliação tradicional do que os mesmos ainda não conseguiram aprender. O processo avaliativo deve ser democrático, sensibilizado e reconhecível por parte do educador para com seus alunos. Em relação à avaliação Falik e Feuerstein afirmam:

“A avaliação tradicional evidencia o que o aluno ainda não sabe. A avaliação realizada pelo mediador busca o que o aluno já conquistou e o que o professor deverá fazer para que o aluno possa aprender ainda mais” (FALIK, FEUERSTEIN, 2010, p. 87).

A escola que de fato, oferece um ensino tradicional, não modificável aos seus discentes, automaticamente, não é uma escola inclusiva para com as necessidades/ limitações de aprendizagem dos seus alunos, pois, não se trata simplesmente de receber os educandos e apresentar-lhes métodos tradicionais (prontos e acabados no ensino-aprendizagem), mais sim, acolher, mediar, estar de braços abertos, dizer aos mesmos – sejam bem-vindos, e lutar incansavelmente, para que tais alunos consigam desenvolver suas habilidades gradativamente, nos diversos contextos sociais. Em relação a isso Glat (1988, p. 11) afirma:

Se não houver uma modificação estrutural no sistema educacional brasileiro, a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais, principalmente os mais prejudicados, nunca será concretizada, logo, a noção de inclusão total não é uma proposta, e sim uma utopia.

O professor mediador deve ser ético, respeitar e reconhecer o que o aluno já detém de conhecimento, isto é, reconhecer á capacidade de cada um dos educandos, do que os mesmos já dispõem em relação aos conteúdos a serem trabalhados e quais as adaptações curriculares podem ser modificadas para que os mesmos possam obter novos conhecimentos de maneira gradativa e significativa.

O mediador necessita ter em suas tarefas diárias, disposição e comprometimento perante seu trabalho educativo. De acordo com Silva e Rodrigues (2011, p. 62).

Existe uma distinção profunda entre simplesmente aceitar e respeitar, e o processo de compreensão da diferença, que demanda das pessoas disposição e compromisso para trabalhar com o ser humano no sentido de contribuir com o desenvolvimento de um sujeito social, histórico e politicamente consciente. Não se trata de apenas acolher a diversidade, mas de compreender sua produção e complexidades na realidade de cada sujeito.

As escolas juntamente com seus educadores, devem assegurar um ensino qualitativo aos seus educandos e jamais quantitativo, pois o ensino qualitativo promove mudanças significativas na vida dessas pessoas, através do compromisso ético educacional, da mediação comprometida e de recursos oferecidos e adaptados ás necessidades dos alunos, onde, o aprender seja visto de forma não ideológica e incapaz, mas indiferente das condições e limitações específicas que cada aluno com necessidade educacional especial apresenta.

O processo inclusivo na escola e no contexto social em geral, ocorre gradativamente, pois é um processo lento, que deve ser devolvido com calma e compreensão, no qual a escola inclusiva tem que desenvolver atividades mediadoras com base em estímulos do meio para obter a tão desejada modificabilidade cognitiva estrutural nos seus discentes.

Rodrigues (2006) argumenta que, na escola inclusiva, as práticas devem responder ás diferenças dos alunos por meio da organização de aprendizagens diversificadas para a heterogeneidade dos alunos. Certamente, analisa-se, que para o educador e a escola obter a heterogeneidade, o desenvolvimento cognitivo, comportamental e humano, obviamente terá que investir em seus alunos positivamente, não se pode esperar que um processo educacional modificável aconteça de uma hora para outra, porque isso não vai acontecer. A mediação no ensino-aprendizagem inclusivo é tarefa da escola, dos educadores, da comunidade escolar como um todo há ser desempenhada com comprometimento ético e moral, buscando desenvolver estímulos e consciência nos alunos de modo concreto, pois, não basta apenas sabermos que temos que, “incluir” porque é lei, o fato de incluir por si só não é inclusivo, pois a inclusão vai além do método de incluir alunos com necessidades educacionais especiais em estruturas arquitetônicas e em ambientes escolares.

A escola, os profissionais da educação e a comunidade escolar têm que saber aceitar as diferenças com respeito e igualdade perante á todos, como também, integrar os alunos com necessidades educacionais especiais, á escola e á sociedade, através de atitudes mediadoras e transformadoras no ambiente educacional e social, observa-se que é preciso mais do que palavras tipo, “nós somos a favor da inclusão social”, é necessário obter atitudes e buscar fazer mudanças profundas no sistema escolar em geral.

O processo de inclusão, entretanto, não é facilmente alcançado apenas pela instauração de uma lei. Tampouco pode ser concluído rapidamente. Exige a adoção de uma série de medidas gradativas de reformulação do ensino que começa pelos já citados currículos, métodos e capacitação dos professores e vai além. O atendimento de pessoas com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino exige dos seus profissionais conhecimentos produzidos em diferentes áreas (psicologia, medicina, pedagogia, arquitetura etc.) para gerar um saber interdisciplinar. (KAFROUNI; PAN, 2001)

A mediação do professor deve ir além de um simples reconhecimento ao que o aluno já sabe ou de uma breve explicação à turma, mas é importante que o professor–mediador pense e aja de forma coerente e transformadora, buscando compreender que o objetivo é o ensino-aprendizagem de seus alunos e não a grade curricular, pois é essencial a construção de situações/ problemas para que os educandos com necessidades educacionais especiais percebam passo a passo seus progressos de maneira real e significativa. A diversidade cultural na educação especial e inclusiva é um elemento enriquecedor do contexto educacional, do desenvolvimento pessoal, social da prática pedagógica do educador. A escola na diversidade cultural deve ter uma função ética e emancipadora, isto é, transformar palavras em ação, formar cidadãos reconhecedores e respeitadores das diversidades, dos valores sociais, como também, cidadãos críticos, autônomos, capazes de desenvolver competências através de ações mediadas no contexto educacional. Conforme apontam Giroux e Simon, citados por Garcia (2008, p. 584).

A escola é um território de luta, as escolas são formas sociais que ampliam as capacidades humanas, a fim de habilitar as pessoas a intervirem na formação de suas próprias subjetividades e serem capazes de exercer poder com vistas a transformaras condições ideológicas e materiais de dominação em práticas que promovam o fortalecimento do poder social e demostrem as possibilidades de democracia.

Na escola, as ações mediadoras do educador no contexto educacional, devem ser garantidas com conhecimento pedagógico diversificado, conteúdos centrados na dificuldade, na vida real e sociocultural dos alunos com necessidades educacionais especiais. O currículo deve ser aberto, democrático e flexível às necessidades dos educandos com necessidades especiais, e não um mero transmissor de conteúdos tradicionais, fragmentados e distanciados das necessidades reais da vida de tais alunos. O educador deve constantemente ser capaz de se desafiar e buscar melhorias na sua prática pedagógica, como também, se atualizar em novos métodos de conhecimento, gestão, organização, valores e normas, com base em uma metodologia centrada no aluno em suas dificuldades, necessidades/ peculiaridades. O professor/ educador tem que ter o entendimento que o mesmo jamais pode focar apenas ás deficiências/ limitações que acompanham os alunos com necessidades educacionais especiais, pois isso não é ético da parte do mediador e muito menos inclusivo. No âmbito pedagógico, a resolução determina que:

A prática pedagógica focaliza a educação do aluno e não a deficiência, o projeto pedagógico atenda ao princípio de flexibilização, a manutenção de um processo contínuo de avaliação compreensiva e que cada unidade escolar diagnostique sua realidade educacional e implementar alternativas de serviços e sistemática para o funcionamento de tais serviços. (ARANHA, 2004).

Certamente, é o educador quem vai favorecer ou não as situações para a inclusão e a integração ativa dos seus alunos, promovendo problemas desafiadores para os mesmos através do ensino-aprendizagem, da criatividade, do desenvolvimento cognitivo e dos estímulos externos e internos, oferecendo-lhes oportunidades de serem autônomos e de desenvolver capacidades, transformando a prática teórica em uma pratica social efetiva.

Visando um bom, ou melhor, rendimento dos alunos, o professor/educador deve pautar seu trabalho em uma pedagogia ativa, e ficar atento para receber a multiplicidade de fenômenos e ocorrências na sala de aula, não esquecer os fatores endógenos e exógenos, pois as inferências do mundo circundante do ambiente vivencial são captadas, transformadas, amalgamadas pelas forças diretoras íntimas da atividade finalista (MARTINS, 2006, p.114).

Conclui-se que, a mediação do professor educador promove de fato à sensibilidade dos alunos, a confiança, a autoestima, a inteligência e a autonomia dos mesmos passo a passo, como também, favorece o desenvolvimento de todo o potencial de aprendizagem e habilidades que cada educando possui.

Observa-se, que a conquista de desafios pelos educandos, os estímulos do meio, a superação de dificuldades gradativamente e a resolução de situações/ problemas oferecidos pelo educador através de sua mediação, de fato, contribuem de maneira significativa no desenvolvimento das múltiplas inteligências de cada educando. Sobre a importância de respeitar as diferenças e buscar desenvolver as múltiplas inteligências humanas no contexto educacional especial/ inclusivo, Gardner (1994) em suas palavras afirma:

É de máxima importância reconhecer e estimular as variadas inteligências humanas e todas as suas combinações de inteligências. Nós somos todos tão diferentes, em grande parte, porque possuímos diferentes combinações de inteligências. Se reconhecermos isso, penso que temos pelo menos uma chance melhor de lidar adequadamente com os muitos problemas que enfrentamos nesse mundo.

O professor/ educador deve ter em mente que mediar não é entregar as tarefas prontas e acabadas aos seus alunos, mas ao contrário, mediar é oferecer instrumentos concretos e oportunidades de aprendizagens há todos os discentes, através de resolução de problemas desafiadores. Já as escolas, devem oferecer em seu contexto, um lugar democrático, de inclusão social eficiente, e aprendizagem significativa. É fundamental, a escola e seus educadores rever e refletir sobre certas condutas no contexto escolar, pois, a escola juntamente com seus profissionais da educação, não podem elaborar currículos e programas educacionais que privilegie apenas uma parcela de nossa sociedade, seja em termos econômicos ou em termos de habilidades físicas e cognitivas. É preciso currículos e programas que proporcionem uma educação qualitativa voltada para as necessidades dos alunos inseridos no ambiente escolar. O ato de mediar, certamente terá que ser ético e comprometido com o processo de ensino-aprendizagem dos discentes, a fim de possibilitar a construção do conhecimento pelo mediado, através de uma ação intencional e modificável. De fato, tais ações devem ter o propósito de romper com barreiras preconceituosas e com o individualismo, pois as relações mediadas devem ser benéficas tanto para os alunos, quanto para os professores/ educadores, tanto no contexto formal, como no contexto não formal.

  1. METODOLOGIA

Na procura de analisar o processo de formação continuada do professor/ educador no contexto inclusivo, como também, a importância da mediação do mesmo no ensino-aprendizagem dos educandos com necessidade educacional especial, a realização e conclusão deste trabalho baseou–se em pesquisa bibliográfica exploratória, realizada em bibliotecas e escolas públicas do município de Bela Vista da Caroba – PR. Utilizei-me de (livros de metodologia científica, obras didáticas e literárias, cadernos com apontamento, artigos científicos, jornais, revistas etc.). Na pesquisa identificou-se a necessidade do professor/ educador obter uma formação continuada, certamente uma formação crítica, não acúmulos de cursos, mas que saiba refletir sobre sua profissão, sua capacitação e sobre o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais. Analisa-se, que a mediação do professor/ educador e os estímulos do meio são fundamentais na vida e no desenvolvimento das pessoas com necessidades especiais, onde o educador deve aplicar diversas atividades com ação mediadora, tanto em contextos formais, quanto em contextos não formais.

A pesquisa bibliográfica científica como citada acima, foi realizada com base em material bibliográfico referente ao assunto abordado em educação especial e inclusiva, analisada em escritos meramente pedagógica sob a visão de vários autores, assim como suas obras. Na busca por obter respostas aos questionamentos suscitados pela consecução das metas estabelecidas, optou-se pelo estudo de natureza qualitativa, para Chizzotti (1991, p. 79) “Parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interpendência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito”. O estudo dessa natureza qualitativa possibilitou-me um aprofundamento construtivo e significativo sobre o tema abordado na área educacional, onde, desenvolveu-se através de investigação, conhecimentos, reflexão e com base em análise crítica sobre o tema norteador do trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão social é uma questão de ética, de valores, de conscientização e certamente de princípios humanos. Na busca de analisar o processo de formação continuada do professor/educador no contexto inclusivo, como também a influência da mediação no ensino-aprendizagem, baseei-me em pesquisa bibliográfica exploratória de natureza qualitativa, desenvolvida por meio de material bibliográfico, cadernos com apontamento, livros, revistas, jornais, artigos disponíveis em fonte confiável.

O estudo baseou-se principalmente na análise sobre a importância da formação continuada dos educadores e da mediação dos mesmos no contexto educacional inclusivo, onde, analisou-se que o professor/ educador deve ter conhecimentos em várias áreas do saber e não apenas em sua área especificamente, pois os educadores devem desenvolver métodos de inclusão social, estímulos nos diversos contextos sociais, no ensino-aprendizagem, como também, saber fazer uso, e se apropriar de sua formação continuada de forma crítica, com base em uma mediação comprometida com as necessidades de seus educandos, na conquista de habilidades e modificabilidade cognitiva dos alunos com necessidades educacionais especiais.

Contudo, analisa-se que o processo de mediação do professor/ educador, quando comprometida com o ensino-aprendizagem dos educandos, certamente, as habilidades dos alunos começam a ser devolvidas com mais eficácia, essas, por estarem sendo mediada diariamente, deixando de ser concebida apenas como algo interno e individual, onde cada aluno tem que fazer tudo o que professor lhe propor mais de forma individual, pois, o momento passa da fase individual para a fase do discente mediado, da relação e do contato entre aluno-professor, o que torna o ensino-aprendizagem muito mais qualitativo, significativo, mediado, e eficaz.

Observa-se que, as escolas juntamente com seus educadores, devem valorizar a pluralidade cultural, isto é, garantir um processo de inclusão social diversificado, de acordo com as necessidades dos educandos, de modo a beneficiar á todos os alunos, respeitando suas limitações, as dificuldades e as possibilidades de desenvolvimento de cada educando.

Certamente, a conscientização das diferenças busca abrir caminhos para que o processo de inclusão social ocorra gradativamente e significativamente em sociedade. A inclusão social é o passo mais importante para conseguir quebrar com os “tabus” ainda existentes em pleno século XXI, onde ainda há rodas de piadas e comentários maldosos sobre a pessoa limitada. Acredita-se, que quem não souber respeitar as pessoas com necessidades especiais, certamente, não sabe respeitar a si mesma como ser humano sem limitação. Um exemplo para refletirmos: (Com quantas reflexões e lições de vida se deparamos todos os dias, se pararmos ás vezes para ouvirmos e analisarmos algumas pessoas, as quais um dia foram normais sem nenhuma limitação, mas no tempo em eram normais, certamente, algumas faziam piadas das pessoas especiais, às quais não eram consideradas normais por possuir tais limitações, onde, mais tarde, no ciclo da vida, acidentes acontecerão e algumas dessas pessoas normais ficaram cadeirantes ou com paralisia cerebral entre outros casos. Devemos ter a consciência, que a vida é um sopro, então porque não respeitarmos um pouco mais quem possui alguma limitação? Nunca seremos melhores que ninguém, pois somos todos de carne e osso).

Então para refletir, a vida é um aprendizado constantemente, e todos os dias devemos respeitar e incluir na sociedade as pessoas com necessidades educacionais especiais, e estimulá-las e tratá-las como nós gostaríamos de ser tratados todos os dias se estivéssemos na mesma situação que essas pessoas se encontram.  Devemos abraçar a causa e conscientizar a lutar pela inclusão social das pessoas “especiais”, pois nunca sabemos o dia de amanhã, devemos ter atitudes éticas, morais e agir perante á sociedade, pois, somos todos iguais independentemente das limitações que cada um possui. O tema abordado resultou um grande aprendizado em questão á problematização abordada, á reflexão da realidade nos diversos contextos, a análise dos processos de formação continuada do educador na inclusão x exclusão. Em forma de conclusão do artigo científico, pode-se afirmar que as contribuições trazidas pelo trabalho foram gradativamente significativas e colaborativas para a área educacional.

Verificou-se que, a inclusão social é possível através de uma formação continuada adequada as necessidades dos alunos, da conscientização da população em geral, da mediação do professor/ educador, dos estímulos do meio e dos métodos educativos adequados ás necessidades dos alunos.

Observa-se que, através de uma mediação comprometida por parte do professor/ educador, os educandos com necessidades educacionais especiais obtêm maiores oportunidades e capacidade de estabelecer laços e se desenvolver fisicamente e cognitivamente em diferentes atividades da mente humana, por exemplo, (memória, percepção, imagem mental, raciocínio entre outras). Contudo, a mediação, o respeito, e a inclusão ética da família, da escola e da sociedade para com as pessoas com necessidades educacionais especiais, contribuem para que sejam membros sociáveis e ativos na construção de conhecimentos e no seu próprio desenvolvimento enquanto pessoa humana em sociedade

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 Rosane Machado de Oliveira

Entrevista. José Pacheco: “O professor não ensina aquilo que diz, transmite aquilo que é”

“Não há alunos com dificuldades de aprendizagem; há professores com dificuldades de ensinagem…”, ressalva-nos mais do que uma vez José Pacheco que, após mais de 30 anos na Escola da Ponte, em Vila das Aves, ruma ao Brasil, tal como Agostinho da Silva, porque crê que o desenvolvimento do ensino do futuro está-se a dar a Sul e não, como etnocentricamente gostamos de pensar, a Norte. Do outro lado do oceano apoiou, por exemplo, o nascimento do núcleo projecto Âncora que auxilia alunos socialmente desfavorecidos e é tida, actualmente, como uma das melhores escolas do mundo. Chegou à Escola da Ponte como professor substituto de uma docente em baixa de maternidade, ainda nos anos 70, e tinha a seu cargo uma turma de 60 alunos das mais variadas idades. Foi esta situação que o instigou a pensar e repensar os paradigmas da educação. Assim, dessa forma, desenvolve, na época, um novo e dinâmico projecto pedagógico, juntamente com duas colegas, a partir do qual nascem as premissas que regem a Escola da Ponte até aos dias de hoje, agora em São Tomé de Negrelos. Autonomia, liberdade, responsabilidade, entreajuda, noção de comunidade e criatividade em que é o próprio aluno a propor-se para avaliação quando se achar preparado. Um sistema de ensino que visa respeitar o aluno como ser-humano que é, consciente e autónomo, ao permitir-lhe gerir e organizar o seu próprio tempo sem divisões por turmas ou idades. Ao invés do professor que debita a matéria numa aula, o aluno tem uma voz activa no que pretende aprender e o professor serve, antes, como tutor ou orientador. A comunidade assume, dessa forma, um papel fulcral, uma vez que a escola não deveria estar integrada na comunidade, mas ser parte dela, como um todo. Para José Pacheco, as aulas e respectivas salas já deviam fazer parte do passado uma vez que foram pensadas para responderem às necessidades da primeira revolução industrial do século XIX. Muito mudou desde então, menos o sistema educacional, uma das áreas que menos sofreu evolução. Algo difícil de compreender, uma vez que não faltam, como José relembra, grandes pedagogos e pensadores hoje esquecidos — como Irene Lisboa, António Sérgio, Bento de Jesus Caraça, Adolfo Lima, Faria de Vasconcelos, João dos Santos e Agostinho da Silva — que já defendiam há mais de um século aquilo que hoje ainda denominamos de futuro. Por isso José Pacheco pergunta, “quando cessará o insustentável e obsceno silêncio dos especialistas das ciências da educação?” Mas vamos, agora, ao principal, à entrevista que o professor nos cedeu, por e-mail, há alguns dias.

Associamos, várias vezes, a inovação escolar à inovação tecnológica. De que uma escola do futuro é aquela tecnologicamente bem equipada. Como é que olha para a integração das novas tecnologias na educação? Ajudam, de facto, numa maior democratização, no sentido lato da palavra, ou só isso não basta e poderá nos induzir em erro?
“Inovação” é tudo aquilo que é novo, que possui valor e capacidade de se renovar/reinventar no decorrer do tempo, em permanente fase instituinte. O termo “inovação” tem origem etimológica no latim innovatio. Refere-se a ideias, métodos ou objetos criados que não semelhantes a ideias, métodos ou objetos conotados com padrões anteriores. Em suma: inovação é, efetivamente, algo novo que contribui para a melhoria de algo ou de alguém. E que pode ser replicado, por exemplo, a partir da criação de protótipos. Inovação será algo inédito, útil, sustentável e de provável replicação. No campo da educação, será um processo transformador que promova ruptura paradigmática, mesmo que parcial, com impacto positivo na qualidade das aprendizagens e no desenvolvimento harmónico do ser humano. Consiste em superar aquilo que se manifesta inadequado, obsoleto. Significa trazer à realidade educativa algo efetivamente novo, ao invés de não modificar o que seja considerado essencial. Pressupõe, não a mera adoção de novidades, inclusive as tecnológicas, mas mudança na forma de entender o conhecimento. As escolas se têm enfeitado de novas tecnologias, mas sem lograr intensificar a comunicação e a pesquisa. Onde há sala de aula, não existe inovação. É um absurdo proibir o uso de celular em sala de aula mas, infelizmente, o modo como as escolas utilizam as tecnologias de informação e comunicação apenas tem contribuído para fomentar imbecilidade e solidão.

Devem ou não estar nas escolas? Como é que os pais devem lidar com o «vício» de se  estar sempre amarrado a um tablet, a um computador, a videojogos?
As ditas “novas tecnologias” vieram para ficar, são incontornáveis, mas a Internet não é uma ferramenta, é uma sociedade. Apenas será necessário saber o que fazer com ela. E que os pais não ajam com autoritarismo, mas com autoridade.

Acesso a muita informação é sinónimo de conhecimento e emancipação? Isso chega? Ou o desafio dos docentes está no modo de orientar o aluno na forma como se processa e trata a informação?
Com ou sem novas tecnologias de informação e comunicação, a escola precisa de ser reinventada. Mas do modo como as novas tecnologias estão sendo introduzidas nas escolas, temo que se transformem em panaceias que apenas sirvam para congelar aulas em computadores, aulas que os alunos, acostumados ao imediatismo e à velocidade dessas tecnologias, acriticamente consomem sem resquícios de cooperação com o aluno vizinho, dependentes de vínculos afetivos precários, estabelecidos com identidades virtuais.

A Internet é generosa na oferta de informação. Basta clicar para repetir, até que a matéria seja compreendida. Tudo aquilo que um professor pode “ensinar” numa aula está plasmado, de modo mais atraente, na tela de um computador. Mas os professores do “futuro” irão manter-se ancorados em aulas obsoletas servidas por lousas digitais ou irão atualizar-se? Irão replicar aulas congeladas no YouTube e em tablets, ou irão usar o digital ao serviço da humanização da escola?

Os PowerPoints são ou não aliados da educação? Há sempre aquela questão, se o projector falha, parece que já não se consegue ensinar.
Um estudo conduzido na Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália) descobriu que utilizar um auxílio visual igual ao que está sendo falado, ao contrário do que se imagina, não facilita a compreensão. Outro estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Harvard, afirma que não há um propósito de existência do Power Point. Isso, porque eles descobriram que o grau de satisfação de uma audiência para com uma apresentação é o mesmo, independente da presença ou não de auxílio visual. Os académicos também observaram que o editor de apresentações pode estar contribuindo para tornar as pessoas mais burras. A facilidade do auxílio visual de gráficos, listas e slides tem ajudado a promover um novo tipo de gramática corporativa, onde o importante não é passar uma informação correta, mas passar uma informação com estilo. Propostas com lógica sofista, informações sem contexto e que se apegam na causalidade de fatores são cada vez mais comuns. Com isso, essa nova argumentação, onde o modo como se fala é mais importante do que o conteúdo da fala, está ajudando a deixar as pessoas cada vez menos inteligentes.

O que acha da implementação, em Portugal, do projecto “Salas de Aula do Futuro”?
Se o projeto se refere a salas de aula, será mais um projeto-paliativo porque, no futuro, não haverá salas de aula.

A seu ver, o que é que haverá, então?
Certamente, a concepção e desenvolvimento de uma nova construção social de educação. Aquela que foi concebida no século XIX correspondeu a necessidades sociais do século XIX… Para uma Educação do Futuro, uma Escola de futuro. É absurdo falar em salas de aula, quando se fala de Educação do Futuro.

Gostava de saber, em específico, a sua opinião sobre a Educação Especial em Portugal.
Apesar da publicação de decretos e dos esforços de bons educadores, a inclusão continua a ser uma miragem. Será necessário assumir o princípio de que não há alunos com dificuldades de aprendizagem, mas professores com dificuldades de ensinagem. Será necessário reconhecer que todas as crianças são “especiais”. E de que as escolas deverão abandonar práticas fundadas no paradigma instrucionista, substituindo-as por práticas fundadas no paradigma da aprendizagem e da comunicação. A educação é um direito de todos. Só poderá ser inclusiva. Ou não será educação…

Olhando para a escola como um todo integrado, essencialmente, na comunidade, gostaria de saber a sua opinião sobre a importância do ensino na comunidade para os alunos com deficiência.
A escola não deverá estar integrada na comunidade, mas fazer parte da comunidade, ser mais um locus de encontro e de aprendizagem. E não há alunos (pessoas!) com deficiência – há práticas escolares deficientes.

Para se modificar o ensino, essa modificação não terá de começar na forma como a preparação dos professores, a partir do 5º ano, está demasiado fragmentada? Preparam-se os professores, a nível de currículo, para a matéria daquela disciplina em si, mas falta o ensinamento a sério a nível de pedagogia.
Não precisaremos de “modificar o ensino”, mas de criar condições de aprendizagem. A preparação dos professores está fragmentada como, cartesianamente, está fragmentado o sistema de ensino. A formação de professores continua imersa em equívocos, continuamos cativos de um modelo de formação cartesiano que impede um re-ligare essencial. Sabemos que um formador não ensina aquilo que diz, mas transmite aquilo que é, veicula competências de que está investido. Mas, ainda há quem ignore a existência do princípio do isomorfismo na formação, quem creia que a teoria precede a prática, quem considere o formando como objeto de formação quando deveria ser tomado como sujeito em autotransformação no contexto de uma equipe, com um projeto. Prevalecem práticas carentes de comunicação dialógica, culturas de formação individualistas, de competitividade negativa, de que está ausente o trabalho em equipe.

Tenho curiosidade em saber, em particular, o impacto que o trabalho de Nise da Silveira teve em si.
Dizia o Sartre que há dois tipos de pessoas que dizem a verdade: as crianças e os loucos.  E que os loucos são internados em hospícios, enquanto as crianças são educadas. Ambos estão “guetizados”: os loucos em hospícios, as crianças em prédios-escolas. A mesma sorte dos velhos relegados em lares da terceira idade. A salutar criatividade da infância é cerceada pela louca velha escola, mas a busca da verdade e da beleza é domínio em que nos é consentido ficar crianças toda a vida, como nos dizia o sábio Einstein. Andei pelo Engenho de Dentro, na boa companhia do Vítor Pordeus. Acompanhei a génese de uma comunidade de aprendizagem que a Nise e os loucos de dentro aprovariam, mas que os loucos de fora inviabilizaram.

Tendo em conta que Nise da Silveira foi a grande impulsionadora da terapia ocupacional no Brasil, dando destaque às técnicas projectivas como a pintura, gostaria de saber, na sua opinião, como essas mesmas técnicas projectivas poderiam ser transpostas para a escola comum e que impacto teriam no desenvolvimento do aluno. Quando falo de técnicas projectivas, falo da importância que o desenho e a pintura têm mas, em especial, da forma como as imagens mentais que se dão antes da verbalização são essenciais e primordiais para o nosso desenvolvimento cognitivo, pessoal e verbal, também.  E como é necessário uma aproximação afectiva e pessoal para esse processo se desencadear.
Estás a falar de “educação integral”. O ser humano é multidimensional – intelectual, afetivo, ético, estético, emocional… que é algo ausente das práticas comuns. Mas, as pinturas dos considerados loucos, nos quais reconhecemos genialidade, deram origem a um belo museu e são prova de que nem tudo está perdido.

O Museu de Imagens do inconsciente. Então, já teve a oportunidade de o visitar e travar contacto com as pessoas que o mantêm?
Sim. Conheço e visitei-o. Não tive oportunidade de contato com as pessoas. Gostaria…

A consciência dá-se antes do verbo? A não compreensão disso poderá afectar o desenvolvimento e facilitar a rotulagem de alunos que, apenas, precisam de outra abordagem?
Não sei.

O que eu quis perguntar com isto é que  o ensino apoiado numa lógica cartesiana começa pelo final e não pela base. Dá-se mais valor à verbalização  e aos alunos que já têm essa faculdade mais desenvolvida, mas, porém, esquece-se o que há para trás, as tais bases de desenvolvimento para, efectivamente, todos se poderem desenvolver. A consciência de um bebé não se dá, apenas, com a primeira palavra. Depois, há outra questão. Não há um só tipo de linguagem. As formas de linguagem são múltiplas. Ao dar-se primazia a uma só, está-se a inviabilizar outros métodos de aprendizagem dos quais os alunos poderiam beneficiar. Não será por isso que é mais fácil a escola dizer  que aquele determinado aluno que não entende tem um défice qualquer e não é capaz?
Desde sempre, a escola procurou explicações para o insucesso. E prevaleceram as teorias de referencial socioeconómico, ou sócio cultural, para além da teoria dos dotes. A verdade é que o insucesso é sobretudo de origem sócio-institucional. Isto é: o insucesso decorre das práticas obsoletas da escola dita tradicional. Não há alunos com dificuldades de aprendizagem; há professores com dificuldades de ensinagem…

Segundo a sua concepção de pensamento em relação à escola, é ou não é possível levar todos no mesmo barco de desenvolvimento e compreensão?
É possível. Ressalvada a eventual manifestação de arrogância da afirmação, essa possibilidade existe, desde há mais de quarenta anos. E numa escola portuguesa.

A escola da Ponte, uma escola pública, escola a que já se refere como um fóssil mas que, a seu ver, continua a ser a melhor do país. O que falta para, a nível público, se apostarem em mais escolas da Ponte sem esquecer a consequente evolução e inovação?
Falta cumprir o artigo 48.º da Lei de Bases.

[Administração e gestão dos estabelecimentos de educação e ensino
1 – O funcionamento dos estabelecimentos de educação e ensino, nos diferentes níveis, orienta-se por uma perspectiva de integração comunitária, sendo, nesse sentido, favorecida a fixação local dos respectivos docentes.

2 – Em cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos de educação e ensino a administração e gestão orientam-se por princípios de democraticidade e de participação de todos os implicados no processo educativo, tendo em atenção as características específicas de cada nível de educação e ensino.

3 – Na administração e gestão dos estabelecimentos de educação e ensino devem prevalecer critérios de natureza pedagógica e científica sobre critérios de natureza administrativa.

4 – A direcção de cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos dos ensinos básico e secundário é assegurada por órgãos próprios, para os quais são democraticamente eleitos os representantes de professores, alunos e pessoal não docente, e apoiada por órgãos consultivos e por serviços especializados, num e noutro caso segundo modalidades a regulamentar para cada nível de ensino.

5 – A participação dos alunos nos órgãos referidos no número anterior circunscreve-se ao ensino secundário.

6 – A direcção de todos os estabelecimentos de ensino superior orienta-se pelos princípios de democraticidade e representatividade e de participação comunitária.

7 – Os estabelecimentos de ensino superior gozam de autonomia científica, pedagógica e administrativa.

8 – As universidades gozam ainda de autonomia financeira, sem prejuízo da acção fiscalizadora do Estado.

9 – A autonomia dos estabelecimentos de ensino superior será compatibilizada com a inserção destes no desenvolvimento da região e do País.]

Fala muito, nas suas tedtalks, na forma como o desencadeamento da educação do futuro vai partir do sul e não do norte. Pode explicar o porquê?
No Brasil, uma nova educação acontece, cumprindo a profecia do Mestre Agostinho. Um artigo seu, publicado ainda no tempo em que foi professor da Universidade de Brasília, rezava assim: Portugal desembarcou na África, na Ásia e na América; só falta a Portugal desembarcar em… Portugal. Proféticas palavras. Depois de me ter emancipado de um soberbo etnocentrismo europeu, me apercebi de que esse “desembarque” irá acontecer através de uma nova educação, que está a nascer no hemisfério sul. Está a nascer no Sul uma Nova Educação, aquela que muitos visionários anunciaram, desde há mais de um século. Acompanho uma revolução silenciosa, uma revolução que já não poderá ser silenciada. Convertido ao sul, busco fazer a minha parte. E, numa viagem ao Norte, expus essa intenção a europeus e norte-americanos. Etnocentricamente convencidos de que é no Norte que mora a novidade, desdenharam. Arrepender-se-ão…

No caso do Brasil, as políticas de Bolsonaro não põem em causa essa sua ideia? A realidade política tem um forte peso na educação. Aliás, falar-se de educação é falar-se de política.
É evidente que haverá estragos. Bastará atentar em energúmenos desabafos de afetos do regime, absurdos como “Toda civilização humana está construída em homens fortes, não em maricas. A mulher e a família precisam de homens fortes”. No tempo da “velha senhora”, envolvido em atividades antifascistas, todos os dias meditava sobre um provérbio oriental, que fala de “homens fortes”: Homens fortes produzem tempos fáceis. Tempos fáceis produzem homens fracos. Homens fracos produzem tempos difíceis. Mas, nos tempos difíceis, se produzem homens fortes. Isto talvez responda à tua pergunta.

Brasil poderá ter Paulo Freire, Nise, mas Portugal também tem Irene Lisboa que, pura e simplesmente, não é relembrada.
São muitas as memórias assassinadas. A Irene não está sozinha. E António Sérgio? E Bento de Jesus Caraça? E Adolfo Lima? E Faria de Vasconcelos? E João dos Santos, E Agostinho da Silva? E tantos outros, que os professores não conhecem, ou não praticam. Vão à Finlândia, quando têm muitas finlândias cá dentro.

Agostinho da Silva que, tal como o José já teve a oportunidade de frisar, também partiu para o Brasil e tinha a crença que a evolução começaria por aí. Também tinha uma visão universalista, essencialmente, da educação. Não lhe parece um contrassenso que pessoas nascidas já no início do século XX tenham descoberto e defendido o que hoje ainda chamamos de futuro?
Respondo com uma pergunta: Quando cessará o insustentável e obsceno silêncio dos especialistas das ciências da educação?

Voltando à questão do desenho e artes em geral. Como pessoa, essencialmente, curiosa da cultura livresca e artística, facilmente compreendo como a arte é o grande polo em que as diversas áreas do saber se encontram e como se podem influenciar entre si. Tendo em vista isso mesmo pergunto se a fragmentação das próprias disciplinas não atrapalham, por um lado, o desenvolvimento do indivíduo e um entendimento mais profundo das coisas.  Relembrando a minha experiência pessoal, eu era boa aluna mas uma autêntica nulidade a matemática. O que sei e não esqueço a esse nível devo-o à música e até filosofia. Até é possível relacionar a grande literatura com a ciência. O desenho, por exemplo, pode até ajudar na verbalização, noção espaço-temporal e orientação espacial.
Como diria o saudoso João dos Santos só pergunta quem sabe… Por isso, a tua pergunta é longa e a resposta é breve: as escolas, que eu ajudo a criar (e que são escolas que a todos garantem o direito à educação) têm por centro a arte. O núcleo do Projeto Âncora, por exemplo, é uma tenda de circo, uma ágora. E essa escola está no rol das melhores escolas que o mundo tem.

Outra questão importante para a qual a sociedade ainda está a tentar encontrar uma resposta. A hierarquia da escola tradicional não ajudará a espoletar ou piorar os casos de bullying? Como é que se deve lidar com esta questão?
O bullying é, também, consequência da manutenção de um modelo educacional obsoleto. Por que se age sobre consequências, se já é tempo de agir sobre as causas? Se o discurso é unânime — É preciso reforçar a autoridade dos professores! — a prática contraria o discurso. A regra é a transferência da autoridade do professor para os órgãos de gestão e para burocráticos procedimentos disciplinares. Autoridade não rima com controlo, imposição, submissão. Etimologicamente, a palavra autoridade significa “ajudar a crescer”. Ajudar a crescer pressupõe o exercício do diálogo e a desocultação de perversos modos de relação. Como diria o Brecht, diz-se das águas de um rio que são violentas, mas nada se diz das margens que as comprimem…Por mais que custa reconhecer, perante a violência simbólica imposta pelas escolas, a desobediência, a indisciplina, o bullying, poderão ser manifestações de sanidade mental. Longe vai o tempo em que o pai era a autoridade na família e em que o professor era a autoridade na escola. Os jovens deveriam obedecer a ordens e estar atentos às lições. Hoje, a indisciplina — herdeira do autoritarismo e da permissividade — ocupa o lugar desse “respeitinho” de antigamente. O bullying não é fenómeno recente. Há mais de quarenta anos, deparamo-nos com situações de bullying. Nos apercebemos de que não poderíamos resolver os problemas da criança sem resolver os problemas dos adultos — ninguém dá aquilo que não tem, ninguém transmite aquilo que não é. Compreendemos que a aprendizagem é antropofágica: não aprendemos o que outro diz — aprendemos o outro. E o professor não ensina aquilo que diz, transmite aquilo que é. De uma educação para a cidadania passámos a uma prática de educação na cidadania. O adestramento não define a educação. A educação é incompatível com a organização autoritária da vida. E, para que consiga recuperar a autoridade, é  necessário que o professor se conheça afetivamente e se reconheça no outro. A segurança gerada permite ao professor ser senhor de si, elevar a autoestima e beneficiar de hétero-estima. Mas quem cuida da melhoria da formação pessoal e social do professor? Quando se operará a ruptura com a cultura do “cada qual por si”, que infesta as nossas escolas?

in https://www.comunidadeculturaearte.com/

5 maneiras de levar a aprendizagem ativa para as salas de aula

O modelo pedagógico tradicional, em que o professor “ensina” e os alunos apenas ouvem, está ficando apenas no passado. Um estilo diferente de aquisição de conhecimento, chamado aprendizagem ativa, tem despertado o interesse dos gestores e profissionais da educação por suas diversas vantagens. E talvez tenha chegado a hora de você dar mais atenção a este tema.

Você sabe o que é aprendizagem ativa? Quer conhecer esse conceito para inovar no método de ensino da sua escola? Confira esse artigo e entenda mais sobre o assunto!

O que é aprendizagem ativa?

A aprendizagem ativa é uma técnica de ensino, dividida em diversas metodologias, que tem como fundamento um envolvimento maior dos alunos, que são convidados a estudar utilizando leituras, debates, estudos de caso e trabalhos. A prática, normalmente, desenvolve a reflexão sobre os assuntos e promove ricas discussões em sala de aula. Ou seja: os alunos se expressam.

O método dá ao aluno o papel de protagonista no processo de aprendizagem, tirando-o da posição de um mero “recebedor” de informações. Cabe a ele se engajar na busca pelo conhecimento e assumir responsabilidades em relação a sua aprendizagem. A pró-atividade e o entusiasmo do aluno farão toda a diferença no resultado final.

Quais são as vantagens da aprendizagem ativa?

Muitos se perguntam se a aprendizagem ativa é melhor para os alunos. Podemos dizer que pesquisas recentes feitas por instituições de renome como a Universidade de Washington e a Universidade de Maine dimensionaram o desenvolvimento dos alunos, tanto os submetidos à aprendizagem ativa quanto os que estudavam pela metodologia tradicional. O resultado apontou índices menores de reprovação e notas mais altas entre aqueles que protagonizaram a aprendizagem.

Vantagens para o aluno

Aprender ativamente significa ter que pensar, entender e formar a própria opinião. Assim, através da prática, o aluno desenvolve diversas habilidades. Para os alunos, as vantagens da aprendizagem ativa são:

  • Desenvolvimento do pensamento crítico
  • Facilidade para reter o conhecimento
  • Maior motivação.
  • Estímulo à autonomia;
  • desenvolvimento da autoconfiança;
  • Maior facilidade para a resolver problemas;
  • Sentimento positivo de serem protagonistas do próprio aprendizado.
  • Melhores resultados acadêmicos de maneira geral

Vantagens para o professor e para a escola

Para o professor, a aprendizagem ativa é uma boa maneira de melhorar o acompanhamento e a avaliação dos alunos. Por meio dessa técnica é possível mapear as necessidades e dificuldades de cada estudante, abrindo caminho para abordagens individualizadas. Quando se utiliza a aprendizagem ativa, a equipe pedagógica aproveita vantagens tais como:

Além disso, com o aumento do engajamento, a instituição de ensino consegue aumentar os índices de satisfação de pais e responsáveis, garantir uma maior retenção de alunos e ainda sair fortalecida no mercado, o que também pode incrementar a captação de novos alunos.

Como preparar os professores para lidar com a aprendizagem ativa?

Para que o método funcione, a equipe docente precisa adaptar sua didática. Por isso, é preciso orientar os professores sobre as práticas que devem ser adotadas. É necessário explicar que na aprendizagem ativa o professor não vai, necessariamente, apresentar o conteúdo aos alunos, pois esse primeiro contato é feito através da preparação prévia dos estudantes.

Em sala de aula, o professor promove debates, esclarece dúvidas e chama a atenção para alguns pontos-chave, isso sem jamais deixar de monitorar os resultados e desenvolver as competências dos estudantes. É necessário que toda a equipe docente compreenda essa abordagem.

Entretanto, isso não quer dizer que as aulas expositivas devam sumir. Na verdade, elas podem ser alternadas com atividades práticas, que promovam a criatividade e complementem o entendimento das teorias. O importante é sempre pensar em maneiras de estimular a participação mais ativa do aluno em todo o processo de ensino.

Como levar a aprendizagem ativa para a sua sala de aula?

Sua escola pode incentivar os professores a adotar algumas simples estratégias para começar a implementar a aprendizagem ativa no dia a dia. Confira quais são esses recursos!

Discussões

As rodas de discussão em classe ou de fóruns online podem ser bastante utilizados porque dão aos alunos a oportunidade de desenvolver o raciocínio e o pensamento crítico. Proponha assuntos de interesse dos alunos, indique leituras ou filmes sobre o tema escolhido e organize uma roda de debates!

Estudo em grupo

O estímulo ao estudo em dupla ou em grupos pequenos permite que os alunos tirem dúvidas entre si. Dessa forma, exploram o assunto e enriquecem a discussão, tornando o aprendizado bastante colaborativo. Além disso, a prática do estudo em grupo ainda estimula o trabalho em equipe dá espaço para o desenvolvimento de ideias totalmente novas.

Jogos e brincadeiras

Os jogos pedagógicos podem ser uma ótima opção! Que tal lançar um assunto e pedir para que os alunos anotem informações sobre o tópico em uma folha de papel? Um Talk-show também pode ser bastante divertido: um aluno é entrevistado, encenando personagens históricos ou de um livro. Nesse caso, o importante é ser criativo e propor uma atividade da qual seus alunos vão se lembrar por muito tempo.

Interações online

Explore as ferramentas que a internet oferece. Criar um blog e postar as lições deixa aberto o caminho para pesquisa. As discussões em sala de aula podem se estender ao ambiente virtual, promovendo uma troca mais interessante com links de artigos ou entrevistas sobre o assunto abordado. E, se no passado, as fontes de pesquisa eram escassas – em alguns casos se resumiam às bibliotecas -, hoje temos uma infinidade de meios para chegar até as respostas e informações. A internet está aí para ser a grande aliada da aprendizagem ativa.

Aprender na prática

Sempre que tiver oportunidade, o professor deve incentivar os alunos a aprender através de experiências práticas. Isso ajuda a fixar o conteúdo de forma muito mais fácil do que através de uma leitura. Vale propor aulas ao ar livre, no laboratório de ciências ou até mesmo na sala de aula, porém com materiais mais relacionados ao cotidiano dos estudantes.

in https://blog.wpensar.com.br/

Como a tecnologia está transformando o ensino especial

A tecnologia afeta, de diversas maneiras, a vida de muitas pessoas. E a educação é um dos setores diretamente beneficiados por esses dispositivos tecnológicos, transformando as formas de aprendizado, facilitando a disseminação de conhecimento e informações, e, principalmente, renovando a relação entre professores e alunos.

Essa gama de novos métodos, recursos e serviços à disposição de gestores e educadores tem revolucionado o ensino especial. Quer saber como? Então confira:

Tecnologia Assistiva

As tecnologias e seus dispositivos — como microcomputadores, softwares, jogos educativos e, especialmente, os tablets — contribuem com um nova perspectiva para o aprendizado de crianças especiais, principalmente aquelas com autismo e Síndrome de Down. Esse novo tipo de abordagem ou auxílio ao ensino foi batizado por educadores e especialistas de Tecnologia Assistiva — ou Inclusiva —, formato que promove a acessibilidade e a inclusão digital dos portadores de necessidades educacionais especiais.

Aprendizado multidisciplinar

Esse aprendizado misturado, que combina dispositivos tecnológicos com o ensino tradicional, tem por objetivo promover a inclusão e a participação de alunos com algum tipo de deficiência, incapacidade ou redução na mobilidade, dando-lhes maior autonomia, liberdade e qualidade de vida. Isso pode ser feito por meio de audiolivros, no caso de portadores de deficiências visuais, ou de livros especiais para aqueles com dificuldades auditivas. Já para crianças com certos espectros de autismo, programas de aprendizado como o Proloquo, que alia ferramentas visuais, auditivas e escritas, são consistentes mecanismos educacionais.

“O que a tecnologia faz é simplificar a interação”, explica Andy Shih, vice-presidente da Autism Speaks, uma organização de pesquisa voltada ao ensino especial. Ele comenta ainda que a interação com um aplicativo será sempre a mesma, com uma expectativa consistente. Já a interação com outros indivíduos é muito mais complexa.

Metodologia de resultado

Muitas escolas e organizações de ensino, principalmente nos Estados Unidos, já disponibilizam aos alunos esse tipo de tecnologia — através de tablets equipados com softwares de aprendizado — como um bônus ao ensino especial em sala de aula. E os resultados são surpreendentes!

Essa impressionante evolução ocorre especialmente no caso de crianças que sofrem com o autismo, porque os dispositivos digitais e seus programas descomplicam a interação e o aprendizado, contribuindo para o desenvolvimento escolar, o envolvimento e a motivação dos alunos.

Capacitação de educadores

Para que essa revolução seja possível, os educadores precisam estar preparados e capacitados para lidar com esses alunos, de forma a poderem individualizar as instruções para cada um e acompanhar seu progresso, de acordo com suas necessidades. Além disso, os gestores também devem rever seus projetos pedagógicos e suas políticas educacionais, reformulando o que for preciso para propiciar a inclusão de alunos com necessidades especiais.

A educação é um direito de todos. A preservação da individualidade, respeitando a diversidade, é dever de gestores e educadores. Atualmente, é muito mais simples quebrar os paradigmas e unir a tecnologia ao ensino tradicional para fomentar a educação de crianças e adolescentes, sem restrições. Então por que não tentar?

E você, leitor, conhece algum projeto de inclusão social por meio da educação? Acredita que a tecnologia mudará o ensino especial? Deixe seu comentário e compartilhe suas opiniões conosco.

https://www.qinetwork.com.br/

 

Centros de Recursos TIC para a Educação Especial (CRTIC)

A criação de uma rede nacional de Centros de Recursos TIC para a Educação Especial decorre de uma política de inclusão dos alunos com Necessidades Educativas Especiais, de carácter prolongado, no ensino regular. A rede é constituída por 25 Centros de Recursos sedeados em Agrupamentos de escolas.

A finalidade dos Centros de Recursos TIC para a Educação Especial consiste na avaliação destes alunos para fins de adequação das tecnologias de apoio às suas necessidades específicas, na informação/formação dos docentes, profissionais, auxiliares de educação e famílias sobre as problemáticas associadas aos diferentes domínios de deficiência ou incapacidade.

Cada Centro tem um raio de ação e apoio a outros agrupamentos de escolas, a nível distrital (aprox.). A rede cobre todo o país com 7 Centros na Zona Norte, 6 na Zona Centro, 7 na zona de Lisboa e Vale do Tejo, 4 na zona do Alentejo e 1 na zona do Algarve.
Distribuição geográfica dos CRTIC: mapa de Portugal

Os Centros de Recursos seguem normas de funcionamento próprias - Guia de Funcionamento dos CRTIC 2015.

O processo de constituição da rede de Centros de Recursos TIC para a Educação Especial iniciou-se com o arranque parcial de 14 Centros no ano letivo de 2007-2008, tendo-se completado com os restantes em 2008-2009, distribuídos pelas 5 regiões educativas.

Em 21 de maio de 2015 foi publicado em D.R. o Despacho 5291/2015, reconhecendo a rede dos CRTIC como entidades prescritoras de produtos de apoio, financiados pelo Ministério da Educação e Ciência.

Tecnologia, educação e inclusão

Queria muito escrever sobre algo inovador, algo que pudesse encher as pessoas com necessidades especiais e seus familiares de esperança de melhores condições de acessibilidade, segurança, educação e qualidade de vida, mas só conseguirei mesmo escrever sobre a necessidade de inovarmos a cada manhã, quando acordamos e descobrimos que temos o privilégio de ter mais uma chance de trabalhar e ajudar pessoas especiais. Por isso, acho que esse texto é para você professor, que tem em 2017 mais um grande desafio, especialmente diante das propostas de mudanças na organização da educação brasileira.

Passamos o ano de 2016 ouvindo falar de tantas inovações tecnológicas, em especial nos meios de comunicação. Da explosão de usuários do WhatsApp, dos recursos de acessibilidade virtual, da importância da audiodescrição, da necessidade dos intérpretes de Libras para os alunos surdos e também em outros setores da sociedade, do direito dos deficientes de terem profissional de apoio em sala, etc.

“Para quem lida com educação especial e inclusiva, são infinitas as possibilidades, basta uma busca pelos sites e blogs disponíveis na internet para conhecer o vasto mundo de possibilidades e técnicas de ensino para estes alunos”

Pudemos ler sobre as novas metodologias de ensino, como a sala de aula invertida, metodologias ativas, o uso dos tablets no auxílio ao ensino, educação à distância cada vez mais mediada pelos meios digitais, currículos com carga horária virtual… Sim, muitas formas de reduzir os custos, encurtar distâncias e alcançar outro público.

Para quem lida com educação especial e inclusiva, são infinitas as possibilidades, basta uma busca pelos sites e blogs disponíveis na internet para conhecer o vasto mundo de possibilidades e técnicas de ensino para estes alunos. Entretanto, o que não é infinito são os investimentos das políticas públicas na implantação e gerenciamento de tantos recursos, bem como na formação continuada de professores e gestores para mudarem seus discursos e práticas com esses alunos.

São muitos os relatos de professores com alunos especiais que conseguiram algum avanço, o que é fantástico, dadas as condições de nossas escolas públicas por esse Brasil afora. Essa é a grande inovação e a esperança para milhares de crianças especiais: a vontade de fazer a diferença de muitos educadores e gestores.

Recentemente ao proferir uma palestra sobre tecnologia, educação e inclusão em uma diretoria de ensino do interior de São Paulo, pude ajudar os professores e gestores a refletirem sobre a importância de olharem para os recursos de que dispõem na escola, como a tecnologia. Afinal, os poucos computadores que funcionam nas escolas públicas, o retroprojetor que anda guardado por ser encarado como obsoleto, os livros didáticos e paradidáticos, televisão, rádio, etc., são recursos para inovar, basta pensar no seguinte: tecnologia significa pensar na técnica, neste caso, técnica de ensino.

Infelizmente, nunca pensamos na tecnologia como ferramenta ou meio para ensinar, mas como um fim em si mesmo, ou seja, desvalorizamos o que podemos fazer com os materiais que temos, e em uma atitude de espera pelo que não chega na escola, os alunos perdem, especialmente os alunos com necessidades especiais. Não se trata de uma postura conformista, ou melhor dizendo, vamos quebrar o galho com o que temos. Não. Trata-se de inovar, de buscar a cada dia uma forma de lidar com as dificuldades de ensino-aprendizagem.

Como professora, sei que o novo ano traz inúmeros desafios, por isso quero dizer que não podemos desanimar, afinal a escola que temos, ainda não é a que queremos, mas o que será dela se desistirmos?

Ruth Maria Gare

 

Book Builder – Criar, Editar e Partilhar Livros Digitais

Book Builder é uma ferramenta muito interessante e livre, disponível on-line, que permite a criação, a partilha, a leitura e a publicação de livros digitais interativos.

Com esta feramenta poderá incluir texto, imagens, vídeos, informações, sugestões com a possibilidade de utilizar a opção de fala. Tem à sua disposição alguns assistentes, que poderão ajudar ao longo da navegação do livro criado, assim como poderá associar também perguntas e incluir um glossário.

Para além da criação dos próprios livros poderá usufruir da leitura dos livros da biblioteca pública ou utilizar modelos de livros já existentes. Muito interessante e criativo. Desde a criação de livros com a possibilidade de utilizar imagens, vídeos, texto com opção de fala do mesmo, glossário, associação de perguntas, passando pela leitura de livros da biblioteca pública, até à utilização de modelos de livros já feitos. Esta é uma solução verdadeiramente interessante que poderá ser muito útil no apoio a diversos alunos, uma vez que permite o ajustamento da abordagem dos conteúdos em função das suas necessidades individuais, interesses e competências.

O Desenho Universal para a Aprendizagem (UDL) é uma abordagem flexível para a conceção e implementação do ‘currículo’ que oferece a todos os alunos plena igualdade de oportunidade de sucesso na aprendizagem. Ao utilizar o Book Builder deve ter em conta 3 princípios (UDL) que não são mais do que um conjunto de linhas orientadoras que podem ser empregues para reduzir ou eliminar as barreiras inerentes à maioria dos livros existentes e do currículo.

A utilização de recursos digitais, nomeadamente texto eletrónico, simplifica a apresentação de informação de diferentes formas. Para saber um pouco mais sobre Desenho Universal para a Aprendizagem (UDL) veja o vídeo.

CAST UDL BOOK BUILDER

O CAST UDL BOOK BUILDER é uma plataforma/ferramenta de autoria para criar, partilhar, publicar e ler livros digitais que envolvem e apoiam aprendentes diversificados de acordo com suas necessidades individuais, interesses e competências. Projectada a partir do conceito de Universal Design for Learning ou Desenho Universal para a Aprendizagem.

 

Projetada a partir do conceito de Universal Design for Learning ou Desenho Universal para a Aprendizagem que procura dar resposta à variedade de alunos que existem nas escolas.

 

O Book Builder está disponível em português europeu, produto do trabalho do Laboratório de Conteúdos Digitais da Universidade de Aveiro.

 


•Multimédia (texto, imagem, vídeo e som)

•Clique para avançar e navegação por teclado

•Utilização de até 3 assistentes/ajudantes por página

•Elevada usabilidade e acessibilidade

•Glossário

•Área de resposta do aluno

•Barra TextHelp

– Leitura em português europeu de zonas assinaladas ou de todo o texto

 


 

Práticas pedagógicas baseadas na estrutura do desenho universal para aprendizagem

Não há uma receita que possa ser seguida para o ensino de todos os alunos - afinal isso implicaria na homogeneização do ensino e um retorno às práticas tradicionais da educação, caminho contrário à prática dos princípios da inclusão escolar.

Há vários elementos importantes e diversificados que podem ajudar os educadores a elaborarem e conseguirem uma aprendizagem mais eficaz em escolas que pretendem se tornar inclusivas, sendo que tais elementos são encontrados num ensino que se embasa na estrutura proposta pelo DUA.

Para Orsati (2013), o planejamento do ensino para a diversidade implica, em primeiro lugar, aceitar as habilidades, estilos de aprendizados, capacidades e interesses diferenciados existentes dentro da sala de aula. Em segundo lugar, quando esse grupo diverso “não se encaixa no seu plano original” (Orsati, 2013, p. 214), os professores elaboram as adaptações e começam a refletir sobre como reformular sua instrução, daquele momento em diante, para todos os alunos.

A autora supracitada considera que o sucesso da inclusão escolar depende da implementação de vários fatores: (a) envolvimento dos pais; (b) disponibilização de equipe de apoio para professores e funcionários; (c) oferta de um ensino autêntico com diferentes níveis de dificuldades, com adaptações e acomodações; (d) ensino estruturado pelo Desenho Universal para Aprendizagem; (e) construção de uma comunidade na escola e na sala de aula; (f) planejamento do desenho do ambiente educativo, considerando as necessidades físicas, sensoriais e de comunicação dos alunos e (g) a presença de uma equipe democrática na escola.

A autora supracitada aponta, em um estudo sobre acomodações, modificações e práticas efetivas para salas de aulas inclusivas que o acesso de todos ao currículo geral implica na avaliação das necessidades educativas de cada estudante e, no caso de alunos com necessidades mais complexas, é relevante se pensar em um Planejamento Educacional Individualizado (PEI) ou, como Orsati (2013) denomina, um programa individualizado elaborado por toda a equipe escolar (professores, pais, gestores e outros profissionais que atendem o aluno).

Dentro do programa, pensa-se nas possíveis acomodações, nos objetivos de ensino para o aluno e nos suportes que darão acesso a este programa, incluindo materiais, adaptações e suportes individualizados. Entretanto, os estudantes não precisarão o tempo do programa individualizado e do suporte individualizado.

É importante avaliar os momentos em que eles precisam dessas estratégias e os momentos em que aprenderão juntamente com os demais alunos, realizando as mesmas atividades sem acomodações. Os alunos PAEE, por exemplo, podem trabalhar a mesma atividade que os demais alunos respondendo cinco de um total de dez exercícios de matemática (programa individualizado) ou podem usar a calculadora e focar no mesmo objetivo, de modo a responder todos os dez exercícios (suporte individualizado). Tais estratégias estão garantidas quando se pensa em um planejamento de ensino baseado no DUA.

Chtena (2016) aponta outras estratégias que podem ser realizadas quando se pensa em um ensino estruturado de acordo com o DUA. Algumas delas são:

  • O uso da tecnologia: elaborar páginas sobre o conteúdo trabalhado em formato eletrônico acessível. Caso o ensino seja pautado em aulas expositivas, fornecer aos alunos apresentações audiovisuais ou pequenos textos sobre o assunto, porém deixar espaços em branco para que os alunos preencham conceitos-chave, fatos, definições e outras informações que acharem relevantes;
  • Ensino expositivo: caso se utilize de apresentações em slides verificar a formatação e certificar-se de que a apresentação está acessível a todos. Ler as informações em voz alta para garantir uma comunicação eficaz para todos, incluindo aqueles com deficiência visual e alunos sentados atrás de qualquer obstrução. Falar de frente para a turma para permitir aos alunos com deficiência auditiva a leitura dos lábios. Tais recursos incentivará o engajamento e a interação com todos os alunos. Evitar palavras que possam expor os estudantes com deficiência. Em vez disso, falar de uma forma que coloque a pessoa antes da deficiência. Reforçar os aspectos principais usando uma variedade de formatos (por exemplo, verbalmente, graficamente ou através de demonstração) e explicar porque eles são importantes. Utilizar perguntas abertas para verificar a compreensão. Antes de dar a resposta, permitir que os alunos tenham tempo suficiente para formular uma resposta ou fazer uma pausa para que os alunos registrem suas respostas em um pedaço de papel ou dispositivo eletrônico ou que compartilhem respostas com seu colega. Caso utilize vídeos, certificar-se de que eles são legendados ou contêm uma transcrição de texto disponível para alunos com deficiência auditiva e aqueles que não têm compreensão auditiva;
  • Outras atividades em sala de aula: fornecer múltiplos meios para a participação e o envolvimento dos alunos. Por exemplo, incentivar a discussão em sala de aula por meio de atividades em pequenos grupos, encenações sobre o assunto, debates, estudos de caso, artigos de um minuto ou outras atividades que deem aos alunos mais de uma maneira de interagir na aula. Quando possível, oferecer aos alunos oportunidades de tomar decisões sobre sua aprendizagem. Por exemplo, dar-lhes a escolha entre vários tipos de atividade ou dar-lhes a opção de trabalhar sozinho ou em grupos para completar um exercício em sala de aula;
  • Avaliação: utilizar uma variedade de métodos de avaliação (por exemplo, por meio de artigos, jornais de aprendizagem, apresentações, testes, questionários, exames orais) ao longo do semestre para permitir/incentivar várias maneiras de demonstrar o aprendizado. Proporcionar aos alunos a oportunidade de concluir uma tarefa em vários formatos (por exemplo, um artigo, uma encenação, uma apresentação em grupo, entre outros);
  • Suportes adicionais: aproveitar o tempo em que os alunos realizam suas atividades para verificar, regularmente e de forma individualizada, o progresso dos alunos com deficiência e responder às perguntas que possam ter. Acompanhar os alunos que parecem estar com mais dificuldades e incentivá-los a procurar o apoio de outros profissionais de sua escola.

Certamente, essas são apenas algumas sugestões encontradas na literatura sobre DUA para tornar a aula mais acessível a todos, devendo ser avaliada pela equipe quais as estratégias e em que momento as utilizar, de acordo com cada contexto escolar.

Em um estudo de Nunes e Madureira (2015), as autoras apontam a urgência em se pensar práticas pedagógicas inclusivas, de modo a garantir o acesso, a participação e a aprendizagem de todos os alunos.

[...] Garantir o acesso à escola regular constitui a dimensão mais fácil de alcançar no processo de inclusão, pois depende sobretudo de decisões de natureza política. Já assegurar a aprendizagem e o sucesso na aprendizagem envolve mudanças significativas nas formas de conceber a função da escola e o papel do professor no processo de ensino e aprendizagem. Trata-se, portanto, de equacionar processos pedagógicos inclusivos que permitam o envolvimento efetivo de crianças e jovens com NEE na aprendizagem [...]

Tal necessidade está associada ao aparecimento do conceito Universal Design for Learning (UDL) nos anos 90 [...] (Nunes e Madureira, 2015, p. 7).

Estes são alguns pilares que podem promover uma educação eficaz para todos os alunos, inclusive para alunos PAEE. Portanto, a utilização de uma única estratégia ou a implementação de um serviço exclusivo ou a elaboração de um recurso não exclui a possibilidade das diferentes formas que o ensino possa ser organizado para melhor atender cada estudante.

Alguns alunos poderão necessitar de um apoio individualizado para algumas atividades e para outras não; outros alunos necessitarão de mais tempo para realização de algumas tarefas, outros não. O que não pode acontecer no ensino em turmas inclusivas é a utilização da mesma estratégia sempre ou do mesmo recurso ou do mesmo serviço para todos os alunos, pois é indispensável a avaliação continuada do ensino, da aprendizagem e dos serviços de apoio necessários para cada estudante.

Quanto maiores as possibilidades de se organizar o ensino (acomodações, serviços de apoio, materiais diversificados, trabalho colaborativo de profissionais, DUA, entre outros) mais altas são as chances de participação e aprendizado dos alunos.

Ana Paula Zerbato

In Desenho universal para a aprendizagem como estratégia de inclusão escolar

Desenho universal para a aprendizagem: caminhos possíveis para a construção de práticas inclusivas

Diante do desafio de transformar escolas de ensino comum em ambientes inclusivos e favoráveis à aprendizagem de todos, surgiu, em 1999, nos Estados Unidos, o conceito Universal Designer Learning (UDL), aqui traduzido como Desenho Universal para Aprendizagem (DUA). O DUA consiste na elaboração de estratégias para acessibilidade de todos, tanto em termos físicos quanto em termos de serviços, produtos e soluções educacionais para que todos possam aprender sem barreiras (CAST UDL, 2006).

Destaca-se, ainda, que tal abordagem ainda é pouco conhecida ou disseminada no Brasil, a julgar pela escassez de literatura científica sobre o assunto.

O DUA foi desenvolvido por David Rose, Anne Meyer e outros pesquisadores do Center for Applied Special Technology (CAST) e apoiado pelo Departamento de Educação dos Estados Unidos, em 1999, em Massachusetts (CAST UDL, 2006).

A projeção de edifícios e espaços públicos pela arquitetura, baseada no conceito do Design Universal, de modo que todos possam ter acesso, sem qualquer limitação, foi a inspiração para o surgimento do DUA (Nelson, 2013). Um exemplo que deixa mais clara a compreensão desse conceito é a concepção de rampa. Uma rampa pode ser utilizada tanto por pessoas que apresentam uma deficiência física e dificuldade de locomoção quanto por pessoas que não apresentam nenhuma deficiência, como um idoso, uma pessoa obesa ou uma mãe empurrando um carrinho de bebê.

Dessa ideia, baseada na acessibilidade para todos, independentemente das suas condições ou impedimentos, surgiu a ideia de integração de tal conceito aos processos de ensino e aprendizagem, baseando-se num ensino pensado para atender as necessidades variadas dos alunos, pois além das barreiras físicas, também existem hoje as barreiras pedagógicas.

Não se trata de seguir uma preferência pedagógica ou um modelo de ensino, mas, sim, uma ênfase na necessidade de renovar as práticas devido às transformações da nossa realidade educativa atual que, infelizmente, ainda parece apontar para um antagonismo fundamental entre a população estudantil atendida atualmente e o currículo, denominado de tamanho único por Rose e Meyer (2002), que é oferecido de modo padronizado, engessado e imposto.

O DUA consiste em um conjunto de princípios baseados na pesquisa e constitui um modelo prático que objetiva maximizar as oportunidades de aprendizagem para todos os estudantes PAEE ou não.

O DUA tem como objetivo auxiliar os educadores e demais profissionais a adotarem modos de ensino de aprendizagem adequados, escolhendo e desenvolvendo materiais e métodos eficientes, de forma que seja elaborado de forma mais justas e aprimorados para avaliar o progresso de todos os estudantes. Assim, ao invés de se pensar numa adaptação específica para um aluno particular, em determinada atividade, se pensa em formas diferenciadas de ensinar o currículo para todos os estudantes (Alves et al., 2013). Ao elaborar materiais concretos para o aprendizado de conteúdos matemáticos para um aluno cego, por exemplo, tal recurso, normalmente, é pensado e adaptado para os alunos-alvo da turma, porém, na perspectiva do DUA, o mesmo material pode ser utilizado por todos da sala de aula, de modo a beneficiar outros estudantes na compreensão dos conteúdos ensinados.

Ana Paula Zerbato

In Desenho universal para a aprendizagem como estratégia de inclusão escolar

O que é Desenho universal para aprendizagem?

Tornar a vida das pessoas mais simples. Esse foi o objetivo que inspirou um grupo de arquitetos dos anos 1970 a criar um conceito chamado Desenho universal. Essa abordagem se baseia na visão de que o design dos ambientes e dos produtos pode ser previamente pensado de forma a permitir o uso por parte do maior número possível de pessoas, sem que haja a necessidade de adaptações posteriores.

É interessante frisar que a origem de tal concepção não decorre somente da busca de respostas para demandas sociais de setores que reivindicavam a plena participação de todos. Havia também uma percepção de que adaptações não planejadas voltadas à acessibilidade de prédios ou residências, às vezes chamadas de “puxadinhos”, eram caras, esteticamente feias e reforçavam o rótulo de “incapacidade” das pessoas com deficiência. Por outro lado, ficava evidente que tais ajustes acabavam beneficiando uma ampla gama de pessoas, dos mais variados perfis e idades.

Anos mais tarde, esse movimento influenciou professores provocados pelo desafio de lecionar para turmas cada vez mais heterogêneas e num ambiente pautado por altas expectativas de aprendizagem. Como garantir acesso aos conteúdos curriculares para estudantes que se diferenciavam em termos de habilidades motoras, intelectuais e sensoriais? Como as novas tecnologias poderiam contribuir para o endereçamento desse desafio? Surgia, então, o Desenho universal para aprendizagem (DUA), creditado a um grupo de professores da Universidade de Harvard, liderado por David Rose.

O Desenho universal para a aprendizagem

Resumindo, o DUA se trata de um modelo prático que visa ampliar as oportunidades de desenvolvimento de cada estudante por meio de planejamento pedagógico contínuo, somado ao uso de mídias digitais. Seus autores apoiaram-se em extensivas pesquisas sobre o cérebro humano para estruturar o modelo.

Tais investigações revelavam duas importantes constatações. Em primeiro lugar, a noção de que é fantasiosa a ideia do “estudante regular”. Nossas categorizações são, na verdade, uma grossa simplificação que não reflete a realidade e nos cega diante de uma gigantesca variedade de particularidades observadas em cada aluno.

Em segundo lugar, o fato de que a aprendizagem do ser humano ocorre por meio de um complexo processo, sistematizado por esses estudos a partir de três redes cerebrais: uma rede de reconhecimento, especializada em receber e analisar informações, ideias e conceitos; outra rede, chamada de estratégica, responsável por planejar, executar e monitorar ações e uma terceira rede, denominada afetiva, que desempenha o papel de avaliar padrões, designar significância emocional a eles e estabelecer prioridades.

Influência de Vygotsky e eliminação de barreiras

Curioso notar que as atividades dessas redes estão em consonância com os três pré-requisitos para a aprendizagem descritos pelo psicólogo russo Lev Vygotsky, grande influenciador da educação contemporânea. Esses pressupostos são: o reconhecimento da informação a ser aprendida, a aplicação de estratégias para processar essa informação e o engajamento com a tarefa de aprendizagem.

Considerando que as três redes cerebrais estão simultaneamente envolvidas na aprendizagem, seria uma ilusão querer tratá-las isoladamente. No entanto, elas podem nos ajudar a organizar o planejamento das aulas e sistematizar a prática docente, tendo como premissa a busca pela eliminação das barreiras.

E onde estão essas barreiras? Podem estar em todas as atividades relacionadas ao ensino. Na escolha do material didático, na definição das estratégias pedagógicas, na eventual falta de conexão entre os conteúdos curriculares e o cotidiano dos estudantes, na construção dos instrumentos de avaliação etc.

Os meios tradicionais explorados pelos educadores, por exemplo, estão tão cristalizados no modelo educacional tradicional que raramente paramos para avaliá-los. Será que a fala, a lousa e o livro impresso são acessíveis para todos os estudantes? Nem sempre. Isso fica mais óbvio para pessoas com impedimentos visuais, auditivos e intelectuais. No entanto, vários outros perfis de alunos sentem dificuldade em se relacionar com essas mídias. Mas então qual seria o caminho para uma pedagogia mais flexível?

Flexibilidade e mídias digitais

Com a intenção de contemplar as redes cerebrais citadas anteriormente e propiciar aos estudantes uma ampla variedade de opções, os autores do Desenho universal para a aprendizagem sugerem que os educadores trabalhem com múltiplos métodos de apresentação dos conteúdos curriculares, mediação da aprendizagem e envolvimento dos alunos. Traduzindo em miúdos, eles propõem que os professores diversifiquem: os formatos dos materiais didáticos, as estratégias pedagógicas e as inter-relações entre o conteúdo e a vida real do aluno. Essas recomendações traduzem, respectivamente, os três princípios do DUA.

As mídias digitais desempenham um papel muito significativo para quem pretende trabalhar a partir do Desenho universal para a aprendizagem. Sua flexibilidade abre portas para diversos percursos de aprendizagem, na medida em que viabilizam inúmeras combinações entre texto, fala, imagem e uma ressignificação do erro, que pode passar a ser tratado como parte natural do processo de aprendizagem.

Isso gera uma paleta mais diversificada para a comunicação, capaz de acomodar as especificidades de cada estudante. Os smartphones, os tablets, os notebooks e os livros digitais ilustram esse tipo de tecnologia, capaz de ampliar substancialmente os horizontes de desenvolvimento de cada estudante.

Cabe citar que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), juntamente com um grupo de organizações de vários países, como o Brasil, está investindo esforços para a criação de um protocolo internacional sobre como se produzir livros didáticos acessíveis. Essa iniciativa orientará os editais de compra de livros de muitos ministérios de educação e irá gerar um enorme impacto nas regras que ditam a indústria das editoras desse segmento.

Modelo imperfeito e inclusivo

Resumindo, o Desenho universal para aprendizagem é um exemplo de uma abordagem educacional mais condizente com nossa convicção de que toda pessoa tem o direito de estudar e buscar o seu melhor como ser humano.

Ao mesmo tempo, dialoga com a proposta de ressignificação do papel do professor, enxergando-o como um mediador do processo de aprendizagem. Ou seja, favorece a ruptura do formato tradicional de sala de aula, caracterizado por fileiras de estudantes sentados diante de um professor a quem é delegada a missão de transmitir o conteúdo e, posteriormente, verificar se o mesmo foi absorvido por meio de provas.

Como todo modelo, o Desenho universal para a aprendizagem é imperfeito por definição. No entanto, representa uma interessante ferramenta para que as equipes pedagógicas planejem suas aulas de forma mais criteriosa, almejando o acesso de todos ao conhecimento, e deem conta da crescente diversidade presente nas escolas.

Acredito que esse modelo pode colaborar muito para uma educação mais plural, mais atraente e que torne factível nosso compromisso de não deixar ninguém para trás.

Rodrigo Hübner Mendes é fundador do Instituto Rodrigo Mendes Site externo, organização que desenvolve programas de educação inclusiva. É mestre em administração pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP), membro do Young Global Leaders (Fórum Econômico Mundial) e Empreendedor Social Ashoka.

Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 24/11/2017 e disponível em bit.ly/educacao-para-diferencas Site externo.

Escola, hoje e amanhã: que desafios...

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Este texto procura elencar os principais aspetos apresentados na minha comunicação no Fórum Educação e Mudança (FEM) 2020, no debate “A mudança em ação”, realizado no passado dia 1 de fevereiro no Centro de Congressos de Lisboa, numa organização conjunta da Porto Editora, Samsung e Vodafone. O FEM é um espaço de reflexão em torno das grandes temáticas da Educação.

Ao falar-se da Escola de Hoje é indispensável reconhecer algumas evidências essenciais, incontornáveis, que emergem e são bem visíveis no seu quotidiano, a saber:

  1. Os professores assumem e desempenham um papel insubstituível na construção de uma Escola mais democrática e inclusiva.
  2. As mudanças na Escola não se fazem sem os professores.
  3. Para que a Escola mude é preciso intencionalidade, ou seja, uma estratégia interna, horizontal, de coerência na e para a ação conjunta em cada escola.
  4. Trabalha-se muito bem, com qualidade, em muitas Escolas Públicas portuguesas.
  5. A Escola sabe bem pôr em prática aquilo que sabe. E, hoje, a Escola sabe que aprender é fundamental. Muito mais do que ensinar. Hoje, a Escola sabe que é fundamental dar importância à motivação e aos afetos para melhores aprendizagens. Hoje, a Escola sabe, ainda, que os alunos aprendem de forma diferente e com ritmos próprios.
  6. Reconhece-se cada vez mais que a Escola é um lugar de compromissos. O primeiro é para com os alunos e as famílias. A Escola é (também) um lugar de desafios — organizar-se à medida de cada aluno para que cada um e todos aprendam, proporcionando boa educação e conhecimento. A Escola é lugar com uma ética – procura atenuar as condições de desigualdade.
  7. O professor desempenha um papel central na transformação das práticas educativas e na melhoria dos processos e resultados de ensino.
  8. A liderança dos diretores é um fator de primeira ordem na melhoria da educação.
  9. A investigação mostra que, além da qualidade e do trabalho dos professores, a liderança do diretor é o segundo fator interno à Escola que mais relevância tem na consecução da aprendizagem. A qualidade dos professores pode ser potenciada, por sua vez, pela própria ação dos líderes nesse âmbito.
  • Reconhece-se que uma liderança para a aprendizagem é essencial. De acordo com as mais recentes linhas de investigação, falamos de uma liderança partilhada ou distribuída, numa comunidade de aprendizagem profissional.
  1. Sabe-se que a inovação é um elemento imprescindível no sistema educativo, não necessariamente suficiente para assegurar melhoria. Sabe-se também que muitas ideias e práticas são abandonadas, permanecendo na retórica da própria mudança.
  2. Ora, inovar na educação é assumir uma mudança dinâmica e operativa que incorpore e acrescente valor aos processos que existam na organização escolar (quer no domínio pedagógico, quer no organizacional) e que se traduza na qualidade e melhoria dos resultados da aprendizagem dos alunos. Mas também na satisfação dos agentes educativos.
  3. Sabe-se que a aposta no trabalho colaborativo (preditor do sucesso escolar) em cada escola é essencial. Para tal, é preciso haver tempos comuns na escola para o desenvolvimento e operacionalização do trabalho colaborativo.
  4. Hoje, estamos no tempo certo de mudança. Da “escola que temos” para a “escola que queremos”. A mudança está em curso em muitas escolas e importa continuar a fazê-la. Porque é uma “ponte” de passagem. De uma escola de índole disciplinar para uma escola que olha as disciplinas de modo “menos disciplinado”, mas valorizando os saberes disciplinares através do trabalho interdisciplinar, a par da aposta no trabalho de projeto e de outras metodologias que valorizam o papel dos alunos enquanto autores do currículo aprendido. Uma Escola onde se aprende a aprender, a pensar, a avaliar, a saber protestar, a questionar os nossos preconceitos, a conviver, a escutar os outros, a protelar juízos, a harmonizar os interesses individuais com o interesse coletivo, a gerir dificuldades, a negociar, a comunicar, a argumentar, a apreciar o valor da democracia, dos direitos humanos, da solidariedade, da equidade, da tolerância, do empenho na construção coletiva do bem comum e de um mundo melhor. Dito de outra forma — uma escola que insere a construção da cidadania no ensino disciplinar. Uma visão de escola mais humanista, solidária e tolerante. Que faz da ética de responsabilidade e de solidariedade o objeto e o sentido da sua ação. Onde, todos os processos restantes (lideranças, formação, metodologias, etc.) se subordinam instrumentalmente para atingir tal desígnio.
  5. As escolas, hoje, sabem que têm um enquadramento legal que lhes concede a capacidade de refletirem e desenvolverem lógicas organizacionais e processos pedagógicos, visando a sua (re)construção e desenvolvimento curricular.
  6. Tal enquadramento legal permite a construção de (novas) respostas pedagógicas diferenciadas, com base na valorização das diferenças, na alteração de práticas pedagógicas, na negação de um currículo rígido, invariável, na promoção e disseminação da tecnologia na sala de aula, na alteração do trabalho pedagógico e autonomia profissional dos docentes, na articulação estreita entre o currículo e avaliação e na assunção de novos papéis para os alunos. Procura-se assim dar resposta mais adequada aos desafios colocados pelo Perfil dos Alunos, à garantia de mais inclusão e equidade, num compromisso claro com o desígnio de preparar alunos que serão jovens e adultos em 2030.
  7. As disciplinas podem ser ensinadas numa perspetiva interdisciplinar. As escolas podem gerir, como decidirem, até 25% ou mais do currículo, tendo em conta a realidade de cada uma. Permite-lhes, conforme o entendam, fundir disciplinas, trabalhar em Domínios de Autonomia Curricular (DAC).
  • Hoje, sabe-se que já há muitas escolas a investir de forma determinada, intencional, em práticas de coautoria da gestão curricular e de co-construção do saber e da cidadania que articulam a educação escolar com a educação não escolar. Há muitas escolas que já operacionalizam os DAC como momentos privilegiados de diferenciação pedagógica e de inclusão em que se adaptam estratégias, se adequam contextos (sair da sala de aula, juntar turmas), onde todos têm mais possibilidades de desenvolver/adquirir competências e aprendizagens essenciais, assegurando aprendizagens bem mais contextualizadas, significativas e motivantes para os alunos.
  1. Hoje, reconhece-se o impressionante tipo de responsabilidades que, nos últimos anos, tem recaído sobre os docentes, que estão cada vez mais sobrecarregados de tarefas diversas, que pouco ou nada têm a ver com exercício substantivo e fundamental da sua profissão. Os docentes já não lecionam apenas as suas disciplinas, desempenham uma multiplicidade de funções e tarefas. Na Escola, além do currículo das diferentes disciplinas, os docentes desenvolvem um conjunto diversificado de ações/atividades importantíssimas: Educação Ambiental, Educação Cívica, Educação Cultural, Educação Financeira, Educação Sexual, e tantas mais. São funções e tarefas profundamente exigentes e complexas. E muitas das múltiplas tarefas desviam-nos da sua principal e essencial missão, revestindo-se de natureza burocrática. E a distância casa-escola? Quantos quilómetros não fazem os docentes para trabalharem? Ou, então, têm de ficar longe da família, quatro a cinco dias por semana.
  2. Hoje, há pistas interessantes, evidências claras sobre as correlações entre investimento público e resultados, correlações entre medidas pedagógicas e a sua eficácia. O último relatório PISA - Program in International Student Assessment (em tradução livre, Programa Internacional de Avaliação de Alunos) assim o confirma.
  3. Não restam dúvidas de que as escolas são organizações inteligentes e aprendentes. Sabem produzir e mobilizar conhecimento, gerar ressonância e produzir dinâmicas transformacionais. Dito de outra forma, são capazes de assumir a mudança, a renovação, a inovação.
  4. Mas, sabe-se também que para que a Escola mude, além de uma estratégia interna, horizontal de coerência na e para a ação conjunta de escola, é importante, muito mesmo, apelar, reivindicar outros impulsos. Falamos dos impulsos verticais. De apoio ao nível das políticas educativas, que só podem vir do Governo.
  5. Reconhece-se a proximidade, a colaboração, a partilha, a confiança e o sentido de escuta que foi concretizado na anterior legislatura por parte do Ministério da Educação junto das escolas, que é essencial para se fazer uma política educativa configurada num ciclo contínuo, conexo, coerente, sustentado, partilhado. É bom este caminho. Mas, insuficiente. São necessários, outros impulsos verticais, outros sinais da política do Governo que deverá passar por mais investimento na Educação. 

E como vai ser a Escola amanhã?

Sabemos que a celeridade das mudanças e a evolução da inteligência artificial tenderá a marcar a revolução tecnológica.

A informação será cada vez mais facilmente acessível.

Também não nos podemos esquecer que o combate às desigualdades através da Educação é o principal motivo para termos um sistema público de Educação.

Neste contexto, é fundamental que a política educativa assuma, de forma firme e inequívoca, opções claras alinhadas com a verdadeira missão da Educação, de modo a que a Escola possa ser capaz de responder a novos desafios.

Tais opções, salvo melhor opinião, não podem ser orientadas ou conduzidas por agendas ao sabor de impulsos mediáticos ou eleitorais.

A Escola de amanhã exige investimento e, investimento, implica prioridades.

Sabemos que medidas economicistas ou falta de visão e de planeamento estratégico condicionam uma boa Política Educativa. Mas, a questão chave pode não ser ter muito dinheiro, mas a forma como ele é gasto. É preciso fazer o investimento de forma eficaz.

Para preparar a Escola de Amanhã, precisamos também de pontes de diálogo com pessoas, instituições com diferentes e multidisciplinares olhares sobre a Escola para se debaterem as questões-chave, os desafios que se colocam no futuro.

Devemos também tornar mais compreensiva a análise dos motivos por que os alunos não aprendem, criar ambientes de aprendizagem mais estimulantes que envolvam todos os alunos, promovendo aprendizagens contextualizadas, significativas. Devemos ainda desenvolver uma tecedura de laços de afeto, de proximidade que criem pontes de confiança recíproca.

A tecnologia não vai substituir o professor, nem este será “engolido” pela inteligência artificial. O ensino, é certo que tenderá a mudar muito, porque no futuro aprenderemos com máquinas.

Haverá novas formas de aprendizagem, com base em conceitos e tecnologias inovadoras. Disso, não temos dúvidas. As ferramentas digitais, plataformas online são e serão essenciais para uma aprendizagem motivada e motivadora, significativa, utilitária, funcional e mais contextualizada.

No entanto, o papel do professor e a ligação que ele estabelece na sala de aula são insubstituíveis.

Quando muito, há que fazer roturas, quebrar paradigmas. Repensar-se o papel e função do professor. Porque o professor não será mais fonte do saber do aluno. O professor não existirá para “dar aulas”, antes para partilhar conhecimento, ser um co-construtor de sentidos.

Deixaremos de ensinar a fazer trabalho de “rotina”. Antes, a envolver os alunos no desenvolvimento de competências que as máquinas (ainda) não alcancem. O professor tenderá a exercer funções em sistemas de ensino adaptativos ou “personalizados”, adaptando o que é ensinado a cada aluno.

Há ainda que debater e encontrar as respostas possíveis para o que devemos ensinar, como ensinar e quando ensinar, no futuro próximo. E também como articular, ligar o emocional com o digital. E teremos ainda de debater e refletir que competências para a vida deve a Escola estimular.

O debate é vasto e complexo, desafiante, incontornável. A ter lugar já!

Mas, entretanto, há que preparar ainda outros caminhos para a Escola de Amanhã que sustentem as mudanças já em curso. E, mais importante que isso, que assegurem transformações. Não só mudança.

Para isso, é certo, é preciso tempo. Mas, para além de tempo, são necessárias e já, outras condições para garantir transformações na Escola. Para uma ação fundadora determinante na Escola de Amanhã.

Fica aqui um breve sumário de ideias chave para a Escola de Amanhã. Haverá muitas outras. Este sumário representa apenas o meu ponto de vista, um pequeno ponto de partida para quem sobre estas e outras matérias entenda fazer as devidas reflexões para se lançar o debate sobre a Escola de Amanhã:

  1. Visão e planeamento estratégicos

As políticas educativas nos últimos anos têm sido materializadas em ciclos descontínuos. Sem avaliação nem um olhar crítico. Alheadas, por sistema, da voz do terreno. Tal não deve acontecer para se ter uma melhor Escola, amanhã.

Há um princípio fundamental neste processo – Escutar a Escola e trabalhar com ela em proximidade é sempre uma mais-valia sustentada na construção de melhores políticas públicas de Educação. É de todo fundamental que o Governo e o Ministério da Educação definam uma visão e um planeamento estratégicos para os próximos anos da nova década que aí vem no âmbito das políticas públicas de Educação.

  1. Garantir (mais) investimento público

É indispensável mais investimento público na Educação. Não há investimento mais importante que o investimento na Educação. O investimento em Educação deve assentar em visão estratégica e estruturar-se em torno de eixos estratégicos de intervenção.

A Escola de Amanhã carece de reapetrechamento do seu parque informático, ser assegurada a conservação e manutenção dos edifícios escolares, da revisão dos orçamentos das escolas que têm sido bem parcos. As escolas precisam de ter mais recursos. Se se quer ser mais exigente nas metas, tem de se ser também nos meios e condições para se alcançarem as mesmas.

As escolas terão de ser mais digitais e com melhor ligação à Internet.

  1. Operacionalizar a descentralização e partilha de competências / Municipalização / Territorialização Educativa

Todos sabemos que a descentralização é fundamental como promotora da coesão territorial. Para tal, é indispensável que seja um instrumento sustentado, com uma geometria própria, que tenha em atenção a escala e as especificidades de cada território. Por isso, a descentralização em educação não carece apenas de um quadro legal robusto, de bons pressupostos, nem de visão estratégica. Carece também de processos. Mas, a descentralização é muito mais do que um só processo. Precisa e muito, mais do que tudo, de um processo de planeamento estratégico.

Dito por outras palavras: É preciso saber as linhas com que as autarquias se podem coser no contexto das políticas de descentralização, no campo educativo. É indispensável um planeamento estratégico que garanta de forma consubstanciada, entre outros:

  • o aumento da qualidade do serviço público de educação;
  • a igualdade de oportunidades;
  • um horizonte de prosperidade a todos;
  • maior autonomia e responsabilização do poder local.

Ora, a descentralização de competências, para que a Escola de Amanhã seja capaz de mobilizar a sua autonomia e cumprir a sua missão no território local, implica transferência de verbas que garantam a sua eficácia.

  1. Valorizar a carreira docente e não docente

Não é possível pensar na concretização de políticas públicas de educação alheadas de profissionais com carreiras estáveis e valorizadas. A ser assim, um apoio efetivo, de reconhecimento, de valorização, de criação de melhores condições de trabalho pode augurar o sucesso das ‘mudanças’. Que deve vir de “cima”.

Nesta direção de análise, a adoção de uma política de reconhecimento e de valorização dos professores é fundamental para que todos se sintam ainda mais comprometidos (e cada vez mais porque são reconhecidos) com a mudança e transformação que se pretende fazer da “Escola que temos” para a “Escola que queremos”.

Devem ser assegurados processos de otimização e de qualificação dos recursos humanos, promovendo a qualificação para funções especializadas, em particular, de liderança e de supervisão pedagógica, de gestão e de administração educacionais, de direção de turma e de educação inclusiva. Deve valorizar-se o papel das lideranças pedagógicas.

É fundamental redefinir o que é componente letiva e componente não letiva.

É necessário repensar o sistema de colocação dos professores que evite uma rotação cíclica. Deve ser garantida uma maior estabilidade do corpo docente, com recurso a mecanismos de incentivo à localização de professores a zonas menos atrativas.

Importa, ainda, melhorar o modelo de avaliação do desempenho docente. Há que repensar qual o seu papel, de que forma o podemos/devemos implementar. Que seja bem menos burocrático. Muito mais útil. Encaixado de modo coerente num processo global com as outras medidas que estão a tornar a Escola mais inclusiva.

No que concerne ao pessoal não docente, as escolas devem ser dotadas dos recursos que efetiva e comprovadamente necessitam, e ser assegurada formação contínua contextualizada às suas funções.

  1. Simplificar a Administração Central da Educação

Temos uma administração escolar ainda muito pesada, burocrática, centralizadora. Há que consolidar um processo de simplificação na administração central da educação para uma maior autonomia e concentração das escolas na sua atividade fundamental, incluindo a reestruturação da administração central e das suas missões, reduzindo o seu peso no sistema, centrando a sua atuação no planeamento, avaliação e regulação do sistema, intervindo, cada vez menos, no dia-a-dia das escolas e agrupamentos.

  1. Aprofundar/Consolidar a Autonomia e Flexibilidade Curricular e a Escola Inclusiva

A Escola de Amanhã precisa de ter poder de decisão em matérias como o número de alunos por turma. Mas também condições para trabalhar de forma intensiva e diferenciada com os alunos que revelam mais dificuldades.

A Escola de Amanhã deve ser promotora de aprendizagens personalizadas e de bem-estar nos alunos. As escolas deverão ter autonomia para organizarem currículos fracionados em unidades independentes que depois podem ser combinadas, articuladas em programas personalizados para cada aluno e adaptáveis ao longo da aprendizagem.

A Escola de Amanhã deverá ter os seus projetos educativos pensados na sua dimensão qualitativa, num olhar integrado sobre currículo, avaliação e inclusão. Avaliar para melhorar as aprendizagens, as práticas e não para os resultados escolares, deverá ser um desígnio. Assim, deverão ser criadas condições para que a avaliação das aprendizagens seja operacionalizada como parte integrante da gestão do currículo enquanto instrumento ao serviço do ensino e das aprendizagens. O caráter formativo da avaliação pedagógica deverá ser entendido como um dos pilares da melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem. Importa, pois, que os professores consolidem estas mudanças de modo contextualizado e que aprofundem competências e conhecimentos inerentes ao processo de avaliação das aprendizagens, nomeadamente, através de desenvolvimento de projetos pedagógicos e didáticos em torno de práticas de avaliação formativa, feedback e participação, critérios de avaliação, diversificação de instrumentos de avaliação e processos de recolha de informação.

A Escola de Amanhã deve ainda ter autonomia e flexibilidade para, em função das suas necessidades e dos seus alunos concretos, reais, promover programas de enriquecimento e diversificação curricular, assentes na formação artística, na introdução de diferentes línguas estrangeiras, em programas de mentoria entre alunos, permitindo cada escola possa adequar e especializar a oferta educativa ao seu público específico.

É ainda indispensável promover uma maior articulação entre os três ciclos do ensino básico, redefinindo progressivamente a sua estrutura de modo a atenuar os efeitos negativos das transições entre ciclos, assumindo uma gestão mais integrada do currículo e reduzindo a excessiva carga disciplinar dos alunos.

Torna-se também incontornável rever o modelo de acesso ao ensino superior que, nos atuais moldes, tem refém o ensino secundário.

  1. Repensar a formação contínua

O ensino é um dos setores em que a formação dos profissionais é crítica para os resultados obtidos.

Há que reconhecer e dar mais escala ao trabalho notável, à mais-valia que os Centros de Formação de Associação de Escolas representam no nosso sistema educativo.

É indispensável reforçar a aposta na formação contínua. Esta tem de ser assumida como estratégia de desenvolvimento profissional dos professores e educadores, contextualizando-a e adequando-a às suas necessidades, à conceção e desenvolvimento dos projetos educativos, tendo sempre em vista a melhoria da qualidade das aprendizagens dos alunos.

É essencial apostar na criação de condições para que as escolas e os agrupamentos, em articulação com os centros de formação, as instituições do ensino superior e outros intervenientes, se assumam como espaços privilegiados para a formação contextualizada dos seus docentes.

Importa também relançar programas de formação contínua, em articulação com instituições de ensino superior, integrados numa política ativa de valorização dos professores e educadores, de combate às desigualdades, ao abandono e à retenção e de real melhoria do desempenho das escolas e agrupamentos.

  1. (Re)Conquistar/Transformar/Reinventar o tempo

É preciso ter tempo para as aulas, para os alunos. Para apoiar os alunos, planificar e preparar as aulas. Para trabalho colaborativo.

É preciso tempo para os pais poderem ser pais (valorização social da família) e criar condições para que os pais/encarregados de educação possam ver compatibilizados os seus horários de trabalho com a organização e funcionamento da Escola. Encontrar mecanismos para que as famílias sejam responsabilizadas pelos comportamentos dos seus filhos na escola. Atribuir às famílias a quota-parte da sua responsabilidade.

  1. Enfrentar a questão do envelhecimento do pessoal docente

Esta é uma matéria que carece de uma atenta reflexão pelas implicações que envolve.

  1. Promover-se o pensamento utópico

Há que ser otimista. Mas também ter um pensamento utópico. Ter esperança que a Educação e a Escola de Amanhã contribuirá de forma decisiva para um Mundo Melhor e uma Sociedade mais justa.

Fernando Elias

In https://www.publico.pt/