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educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

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EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

Em tempos de pandemia, Associação Salvador não baixa os braços e adapta-se ao novo normal

Em Portugal, são muitas as pessoas com deficiência motora que vivem em isolamento permanente e a Associação Salvador luta diariamente pela sua integração na sociedade.

Infelizmente, a propagação do vírus e o confinamento social alargado a toda a população, vieram acentuar ainda mais o isolamento das pessoas com deficiência que, hoje, se vêem muitas vezes sem assistência, presas em casa e sem acesso a necessidades básicas. Uma população de risco que, nesta fase conturbada, necessita do apoio e envolvimento de todos.

Neste sentido, a Associação Salvador tem tentado responder a diferentes necessidades, através da entrega de cabazes com bens de primeira necessidade, da criação de uma linha telefónica de apoio psicológico ou do levantamento sobre os apoios existentes em Portugal nesta fase de pandemia, feito a partir de um questionário enviado a 324 Câmaras Municipais e 2886 Juntas de Freguesia.

Paralelamente, também os nossos projetos tiveram que se adaptar a esta nova realidade, encontrando novas formas de chegar às pessoas, sem nunca perder o humanismo e sensibilidade que caracteriza o nosso trabalho. Apesar do momento em que vivemos, na Associação Salvador continuamos totalmente empenhados em fazer cumprir a nossa missão, recorrendo agora, mais do que nunca, às novas tecnologias

Assim, conseguimos manter o projeto de empregabilidade a todo o vapor. Nos últimos meses continuámos o trabalho de proximidade com empresas e candidatos, recorrendo a plataformas online para as nossas formações, bootcamps, Encontro de Recrutamento, sessões de esclarecimento para empresas e acompanhamentos a candidatos.

Nos Eventos Inclusivos e Desporto Adaptado, também nos reinventámos, através de aulas e formações online ou de visitas guiadas virtuais, como foi o caso Museus Nacional de Arqueologia ou o Museu Naciona de Arte Antiga. De 14 a 19 de julho, teremos também Semana do Desporto Adaptado, com diferentes atividades desportivas presenciais e online. Uma semana diferente, totalmente dedicada ao desporto, respeitando todas as normas de saúde e segurança.

Também na área das Acessibilidades continuamos a sensibilizar entidades e estabelecimentos.

Neste sentido, organizámos dois debates online. O primeiro, decorreu no passado dia 17 de junho, com o tema “20 anos de acessibilidades em Portugal - problemas, oportunidades e desafios”, organizado pela Associação Salvador, em parceria com o Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade. A este debate, juntaram-se personalidades relevantes a nível nacional, com experiência e provas dadas em funções públicas e técnicas e que, de forma direta ou indireta, tiveram um contributo muito importante a dar neste debate, como é o caso da Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes ou da Secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, entre 2005-2011, Idália Serrão.

O segundo, a 9 de julho, abordou o o tema das acessibilidades em Portugal na área da restauração. "Em Quantos Restaurantes Consigo Entrar?", uma iniciativa da Associação Salvador, em parceria com a Zomato Portugal.

Também na área da Angariação de Fundos tivemos de pensar “fora da caixa”, através da promoção de dois leilões solidários – “Quarentena Solidária” e “Street Art Indoor” – ou da Tourné Solidária 2020, que está neste momento a decorrer e que irá percorrer 1.500 km para apoiar 10 pessoas com deficiência motora de 10 cidades diferentes.

É por isso com um imenso orgulho que olho para trás e vejo o trabalho incansável que tem sido desenvolvido pela equipa da Associação Salvador. Sem nunca parar ou baixar os braços, fomos dando resposta às novas necessidades que foram surgindo devido à pandemia, mas sem perder o foco e a proximidade que carateriza cada um dos nossos projetos que, também eles, se tiveram que adaptar e reinventar.

Ao longo de 16 anos, já apoiámos mais de 3.400 pessoas, através de obras em casa, integração profissional, desporto adaptado, entre outros projetos. Em 2020, conscientes de que o desafio é ainda maior,  queremos continuar a fazer mais e melhor.

Por Salvador Mendes de Almeida, Presidente e Fundador da Associação Salvador.

Pandemia deixa deficientes em desigualdade na educação, terapias e apoios

A pandemia de covid-19 deixou as pessoas com deficiência em condições de desigualdade no acesso à educação, sem terapias e apoios sociais, e também aos seus cuidadores, revela um inquérito do Observatório da Deficiência e Direitos Humanos (ODDH).

"Modalidades de ensino à distância desadequadas às necessidades dos alunos com deficiência, suspensão ou redução de apoios e serviços essenciais como terapias e assistência pessoal, sendo as famílias a assumir a prestação de cuidados, e ausência de informações específicas sobre covid-19 direcionadas às pessoas com deficiência, foram algumas das principais repercussões negativas da pandemia nas vidas das pessoas com deficiência", refere o ODDH, em comunicado hoje divulgado.

As conclusões resultam do estudo "Deficiência e covid-19", promovido pelo ODDH, integrado no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa, e "no qual participaram 725 inquiridos, dos quais 53,8% eram pessoas com deficiência e 46,2% familiares ou cuidadores de pessoas com deficiência".

Sobre educação, no que diz respeito ao ensino pré-escolar, ensino básico e ensino secundário, um total de 217 inquiridos disseram ser estudantes ou pais de crianças inscritas nestes ciclos educativos e, desses, 77,9% "avaliaram as modalidades de ensino à distância de forma negativa", apontando-as como "nada adequadas" (48,4%) ou "pouco adequadas" (29,5%).

Também o ensino superior não respondeu às necessidades das pessoas com deficiência, de acordo com os resultados do inquérito, com 69,3% dos 75 inquiridos abrangidos por este nível de ensino a avaliarem negativamente "a adequação das modalidades de ensino à distância disponibilizadas pelas instituições de ensino universitário".

Os resultados mostram que "33,3%dos inquiridos classificaram este acompanhamento como nada adequado e 36% dos inquiridos como pouco adequado".

Quanto a apoios considerados fundamentais, como terapias importantes para o desenvolvimento cognitivo e motor - como terapia da fala, ocupacional, fisioterapia -, a frequência de atividades nos centros ocupacionais ou formação profissional, e serviços de assistência pessoal foram suspensos para 40,1% dos inquiridos.

Entre os 449 inquiridos que afirmaram precisar da assistência de terceiros para a realização de atividades diárias, 33,2% responderam que a assistência pessoal foi suspensa ou reduzida no número de horas diárias de apoio prestado.

"Os resultados do questionário evidenciam que a suspensão destes apoios e serviços comprometeu não só a autonomia e bem-estar das pessoas com deficiência -- ficando sem apoios terapêuticos e pedagógicos específicos assim como auxílio nos cuidados pessoais -, mas também dos seus familiares que, na ausência absoluta de qualquer tipo de apoios, assumiram em exclusivo a prestação de cuidados e apoio aos seus filhos -- crianças e adultos com deficiência -, criando situações de absoluta exaustão nestas famílias", concluiu o ODDH.

O estudo inquiriu ainda sobre as condições de acesso à informação no decurso da pandemia. Ainda que 79,8% dos inquiridos tenha considerado a informação sobre a covid-19 disponibilizada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) como "acessível ou muito acessível", foi também "evidenciada a necessidade de melhorar alguns aspetos".

A disponibilização de informação direcionada a pessoas com deficiência que as reconheça como grupo de risco, disponibilizá-la em formatos de leitura fácil e a utilização de legendagem para que a comunidade surda que não domina a língua gestual possa aceder à informação foram alguns dos aspetos apontados.

"O ODDH foi criado em 2013, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-ULisboa) e visa acompanhar a implementação de políticas para a deficiência em Portugal e nos países de língua oficial portuguesa, assim como promover processos participados de monitorização e de desenvolvimento dos direitos humanos das pessoas com deficiência", refere o organismo na sua nota de apresentação.