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educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

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EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

Portugal

A Educação da Sexualidade

A sexualidade é hoje um tema de debate frequente, interessando não só pais e educadores mas a toda a comunidade. Este tema invadiu os media, é campo de estudo e análise, devendo ser objecto de política governamental nas áreas da saúde, educação, juventude e da “condição” feminina. É fácil compreender a importância, extensão e envolvimento da sexualidade na vida de todos nós, ao analisar-se a definição de sexualidade pela OMS: “a sexualidade é uma energia que nos motiva a procurar o amor, contacto, ternura, intimidade; que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; a sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções, e por isso influencia também a nossa saúde física e mental”.

A sexualidade adquiriu valor próprio e é uma componente positiva, e não negativa, da vida e do desenvolvimento pessoal, ao longo de toda a vida – e não só a partir de certa idade – cujas expressões contribuem para o bem-estar pessoal e relacional – e não só para a reprodução.

A educação sexual é um conceito global que inclui a identidade sexual, o corpo, as expressões da sexualidade, os afectos, a reprodução e a promoção da saúde sexual e reprodutiva. A verdadeira educação sexual, pode dizer-se, é a educação da capacidade de amar.

Alguns dos aspectos relevantes da educação sexual e reprodutiva dos adolescentes (jovens entre os 10 e 19 anos) inclui a gravidez não desejada, o aborto não seguro, as doenças sexualmente transmissíveis, incluindo VIH/SIDA e todas as formas de violência e coerção.

A importância da educação sexual dos adolescentes é enorme, sendo verdadeiramente um mito que a informação sobre o sexo e a reprodução promova a promiscuidade e o início precoce da actividade sexual.

Muito ao contrário, a realidade é que a educação sexual contribui para um elevado nível de abstinência, início mais tardio da actividade sexual, maior uso da contracepção e menor número de parceiros sexuais.

Existem alguns pressupostos básicos na educação da sexualidade que os educadores devem ter em conta: a) sexualidade não é apenas genitalidade; b) a educação sexual deve ser contínua; c) a família tem um papel determinante; d) a escola tem um papel complementar da família; e) o aspecto científico e rigoroso da informação sexual tem que ser acompanhado da sensibilização a valores profundamente humanos; f) o educador tem que estar preparado cientificamente para a educação sexual, desenvolvendo em si próprio tolerância, respeito pelos outros, congruência e empatia.

Torna-se cada vez mais importante definir os principais objectivos da educação da sexualidade, que devem estar presentes no dia a dia e dizem respeito às tarefas dos pais e educadores, nomeadamente:

1.     Reconhecer que a sexualidade é fonte de prazer e comunicação e uma componente positiva na realização pessoal e nas relações interpessoais;

2.     Valorizar as diferentes expressões da sexualidade, nas várias fases de desenvolvimento ao longo da vida;

3.     Respeitar a pessoa do outro, quaisquer que sejam as suas características físicas e orientação sexual;

4.     Promover a igualdade de direitos e oportunidades entre os sexos;

5.     Respeitar o direito à diferença;

6.     Reconhecer a importância da comunicação e do envolvimento afectivo e amoroso na vivência da sexualidade;

7.     Reconhecer o direito a uma maternidade/paternidade livres e responsáveis;

8.     Reconhecer que a autonomia, a liberdade de escolha e uma informação adequada são aspectos essenciais para a estruturação de atitudes responsáveis no relacionamento sexual;

9.     Recusar formas de expressão da sexualidade que envolvam manifestações de violência e promovam relações pessoais de dominação e exploração;

10. Promover a saúde dos indivíduos e dos casais na esfera sexual e reprodutiva.

Assim, o grande objectivo da educação da sexualidade é contribuir para uma vivência mais informada, mais gratificante e mais autónoma, logo, mais responsável da sexualidade.

Autoria: Inês Santana – Psicóloga