Portugal
Autismo
O termo Autismo foi utilizado pela primeira vez pelo psiquiatra Bleuler, nos princípios do século XX, para caracterizar um tipo de sintoma que ele julgou ser secundário das esquizofrenias. Bleuler utilizou-se da palavra Autos, de origem grega e que significa " si mesma ", aludindo ao tipo de esquizofrénicos, como é referido por Bettelheim, " que vivem num Mundo muito pessoal e deixam de ter qualquer contacto com o mundo ".
O Espectro do Autismo engloba perturbações muito graves do desenvolvimento, que ainda hoje, não são muito claras, quer no seu diagnóstico quer no seu padrão típico e terapêutica.
Muitos são os autores que se têm dedicado ao estudo deste Espectro, no entanto, este apresenta-se como um grande puzzle que, a pouco e pouco, se vai construindo e entendendo. Como se sabe, a patogenia do Autismo é obscura. Ela alimenta grandes forças dialécticas de discursos de especialistas em detrimento da família tão experiente face a um tal problema. Com efeito, todas as estruturas relacionais dentro da família da criança autista encontram-se perturbadas, distorcidas e dramaticamente desorganizadas face ao contexto.
Esta temática toca, particularmente, os profissionais de educação, pois, ao longo da nossa actividade profissional, constatamos que apesar de todas as modificações verificadas no ensino e a diversidade dos métodos utilizados, a falta de recursos humanos, físicos e pedagógicos, continua a marcar de forma estigmatizante, as crianças com Necessidades Educativas Especiais.
As pessoas com autismo têm três grandes grupos de perturbações. Segundo Lorna Wing (Wing & Gould,1979), a tríade de perturbações no autismo manifesta-se em três domínios:
Domínio social: o desenvolvimento social é perturbado, diferente dos padrões habituais, especialmente o desenvolvimento interpessoal. A criança com autismo pode isolar-se mas pode também interagir de forma estranha, fora dos padrões habituais.
Domínio da linguagem e comunicação: a comunicação, tanto verbal como não verbal é deficiente e desviada doa padrões habituais. A linguagem pode ter desvios semânticos e pragmáticos. Muitas pessoas com autismo (estima-se que cerca de 50%) não desenvolvem linguagem durante toda a vida.
Domínio do pensamento e do comportamento: rigidez do pensamento e do comportamento, fraca imaginação social. Comportamentos ritualistas e obsessivos, dependência em rotinas, atraso intelectual e ausência de jogo imaginativo.
Joana Pinto (Educadora de Infância)