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educação diferente

EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

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EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E DEFICIÊNCIA

VISUALIZAÇÃO DA SEMELHANÇA ENTRE OS MOVIMENTOS TRIDIMENSIONAIS DO ANDAR DO CAVALO COM O ANDAR HUMANO

Todos os envolvidos com a prática da equoterapia têm, no mínimo, o conhecimento teórico de que o cavalo possui um movimento muito semelhante ao andar humano. Este trabalho pretende mostrar uma forma simples e prática de visualizar esta semelhança.

Palavras-chave: semelhança, humano, cavalo e movimento tridimensional,.

Este artigo tem como objectivo fazer uma comparação e demonstrar a forma de como podemos visualizar a grande semelhança dos movimentos tridimensionais do andar natural do ser humano com os também movimentos tridimensionais da andadura natural, ao passo do cavalo.

O cavalo pode apresentar duas andaduras: a natural, que é quando o cavalo espontaneamente desenvolve o galope, o trote e o passo, e a andadura artificial em que o cavalo só a desenvolverá após um adequado adestramento, como por exemplo fazer o cavalo marchar.

Para a equoterapia dificilmente será usada outra andadura, que não seja a andadura natural e ao passo, assim deixaremos de lado a andadura artificial, passando a uma breve descrição do galope, trote e, com maior atenção, ao passo natural do cavalo, pois devida a sua semelhança ao andar humano é utilizado como instrumento cinesioterapêutico.

O GALOPE é uma andadura de três tempos, ou seja, enquanto dois membros se movimentam juntos, os outros dois podem se mover separadamente, tendo ainda uma intensa movimentação do pescoço o que ocasionará uma grande basculação, ocasionando um salto e assim um tempo de completa suspensão, e por fim será assimétrico, pois o movimento da coluna vertebral não estará em simetria com o eixo longitudinal do cavalo.

No TROTE o cavalo movimenta duas pernas de cada vez, sempre na diagonal, sendo assim realizado em dois tempos, havendo uma simetria entre os movimentos da coluna vertebral e o seu eixo longitudinal já os movimentos de pescoço são quase imperceptíveis e como no galope, o trote também é saltado, visto que entre uma batida dos cascos em diagonal com a outra diagonal, há um tempo de suspensão completa do cavalo.

O PASSO é a andadura natural do cavalo, pois mesmo os cavalos selvagens, andam a passo. No passo, o cavalo movimenta um membro de cada vez, provocando assim quatro batidas distintas, portanto uma andadura a quatro tempos. Desta forma não existirá tempo de suspensão, porque sempre existirá um membro em apoio no solo, em consequência do movimento de pescoço é uma andadura basculada, e também será uma andadura simétrica, pois os movimentos da coluna vertebral serão simétricos ao eixo longitudinal do cavalo.

Em consequência do princípio físico denominado inércia, e devido ao contacto directo, o praticante com o cavalo, ao longo de 30 minutos de exercícios, terá executado de 1800 a 2200 deslocamentos, que atuam directamente sobre o seu sistema nervoso profundo, o qual é responsável pelas noções de equilíbrio, distância e lateralidade. Assim o cavalo se torna uma máquina terapêutica, fazendo com que o praticante tenha uma capacidade motora que não possuía. Isto porque, ao se deslocar ao passo, o cavalo realiza um movimento em seu dorso muito semelhante à marcha humana, fazendo com que o movimento provocado na bacia pélvica de quem está no seu dorso seja 95% semelhante ao de uma pessoa andando a pé.

Esta anunciada semelhança sempre me intrigou, que mesmo com toda literatura disponível, cursos realizados, todos ratificando a semelhança dos movimentos tridimensionais do andar humano comparado à andadura ao passo do cavalo, não havia encontrado uma maneira prática de visualizá-la.

Como praticante de equitação, após um trabalho realizado na pista de salto, fiquei observando outros cavaleiros realizando seus trabalhos. Ao longo, um cavaleiro montado em seu cavalo ia ao passo em direcção às baias quando, devido ao declive do terreno e a distância que estávamos um do outro, a sebe da pista de salto ficou posicionada de forma que eu conseguia ver a cintura do cavaleiro, mas não via a anca do cavalo, bem como as pernas do cavaleiro; assim quem estava montado, parecia estar caminhando, com o diferencial de estar com os braços parados, como se estivessem carregando algum objecto e estavam segurando as rédeas.

Após 12 anos de trabalho como instrutor de equitação e membro de uma equipe interdisciplinar de equoterapia, quase por acaso, consegui uma forma prática e fácil de visualizar a grande semelhança dos movimentos tridimensionais do andar humano com à andadura ao passo do cavalo O homem e o cavalo ao caminharem realizam movimentos de forma que seus corpos estarão ao mesmo tempo avançando, inclinando lateralmente e por fim verticalmente subindo e descendo, é o chamado movimento tridimensional.

Não por acaso, a equoterapia tem no cavalo o elemento fundamental de um método terapêutico, em que uma equipe interdisciplinar composta por pessoas habilitadas nas áreas de saúde, educação e equitação, trabalha buscando uma maneira diferenciada dos métodos tradicionais dos consultórios e sala de aulas: o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de necessidades especiais, sem contudo deixar de lado os fundamentos técnicos e científicos necessários ao desenvolvimento do praticante de equoterapia.

Para demonstrar a grande semelhança dos movimentos realizados pelo corpo humano acima da linha da cintura, com quem está desenvolvendo uma caminhada normal a pé e compará-los aos movimentos da linha da cintura para cima de quem está montado no dorso de um cavalo em uma andadura natural ao passo, não é preciso uma grande aparato, bastando seguir a sequência abaixo descrita:

Para simular a variação do terreno e a sebe, pode ser usado um pedaço de cartolina segurando pela mão do observador com o braço esticado a sua frente de forma a tampar a visão da anca do cavalo e as pernas de quem estiver montado, podendo inclusive colocar uma pessoa a pé e ao lado do cavaleiro para ter uma real comparação como mostram as fotos abaixo:

Cavalgar com as devidas adaptações, respeitando os limites de cada praticante de equoterapia proporcionará a ele progressos e vitórias, estimuladas pelo sentimento de liberdade e auto-confiança adquirida após conseguir dominar um animal de grande porte.

Ao mesmo tempo, o praticante que, por algum motivo, tem dificuldade ou até mesmo não consegue exercitar-se, tem no cavalo, devido a grande semelhança de movimentos, os estímulos necessários ao cérebro a fim de que o cavaleiro faça os ajustes tónicos necessários para manter seu equilíbrio sobre o cavalo, no que implicará uma forma inconsciente de exercitar-se.

BIBLIGRAFIA

FELDENKRAIS, Moshe, Consciência pelo movimento. Tradução de Daisy A. C. Souza São Paulo : ed. Summus, 1977.

FREIRE, Heloisa Bruna Grubts, Equoterapia teoria e técnica. São Paulo : ed Vetor, , 1999.

LERMONTOV, Tatiana. A psicomotricidade na equoterapia. Aparecida: ed. Idéias e Letras, 2004.

NOTA DE AULA – Curso Básico de Equoterapia Associação Nacional de Equoterapia –ANDE-BRASIL – 2004.

 


Autoria: Carlos Odilon Vetrano de Queiroz

Intercâmbio de Comunicação – ANDE-BRASIL