A braços com a Loucura. Ou melhor... Ensaiando
LIII
As áreas vocacionais corriam de feição... Os alunos experimentavam-nas e iam evidenciando vocações... De uma forma quase expontânea... Trabalhavam a responsabilidade e o empenho...
As áreas vocacionais estavam integradas no currículo dos alunos... Como sendo a primeira fase de transição entre a escola e a vida activa...
De uma forma desartificiosa... Os alunos beneficiavam de um conjunto de áreas... No sentido desenvolver competências... Para posteriormente auxiliar na escolha de uma formação adequada às suas motivações e capacidades...
Conheciam... Analisavam e descobriam... De forma teórica e prática... Faziam de conta e inventavam... Diferentes escolhas em distintos contextos profissionais... Desenvolviam gostos e desgostos... Conheciam hábitos e rotinas próprias de ofícios... Geralmente trancados e vedados a este tipo de alunos...
A rotação pelas diferentes áreas... Permitia que professor e técnicos conseguissem selecciona-los... Para que... A médio prazo... Os integrassem numa formação mais específica... Através da avaliação frequente e sistemática das prestações individuais e da facilidade ou dificuldade em atingir os objectivos...
O professor acreditava numa inclusão plena... Ainda que soubesse ser difícil... Face à conjuntura do mundo e ao embaraço que representa para as pessoas...
Por essa razão... Não havia sido à toa... A escolha do tema do projecto educativo... Formação pessoal e preparação para a vida activa...
Este deve conter pressupostos... Metas e objectivos... A fim de... Proporcionar a aquisição dos conteúdos básicos que permitam o prosseguimento de estudos... Ou a inserção em esquemas de formação profissional... Para que tenham oportunidade de vivenciar situações reais de trabalho... Facilitar a sua aprendizagem e o aperfeiçoamento de métodos e instrumentos de trabalho... Valorizando sempre a vertente prática do exercício... Labor ou função... Tal como a comunicação... As relações interpessoais e a cooperação...
Quem sabe se um dia... No futuro... Haverá espaço para que todos os seres humanos sejam e vivam felizes e livremente realizados... Independentemente do seu engenho ou das suas dificuldades...
No colégio... As actividades desenvolvidas foram imensas... Desde as vendas de bolos confeccionados na culinária... Produção de chás... Compotas e licores... À venda de produtos agrícolas e consequente integração na comunidade envolvente... Quer fosse na parte da limpeza... Na reparação e manutenção... Ou na jardinagem...
Enfim... Todas... Áreas vocacionais internas dispostas a capacitar e ocupar os alunos... Para mais tarde os inserir numa área vocacional de carácter externo... Onde tivessem a oportunidade de se especializar num determinado ofício... Ou pelo menos... Tentar...
Pedro confiava nos alunos e na sociedade... Para este... As escolas deveriam funcionar como unidades de produção... Dispostas a gerar produtos... Dominando a fabricação... O embalamento e a conservação... Assim como... O embelezamento ou decoração... Para posteriormente os vender a quem quisesse experimentar artefactos de criação própria...
Dominando estratégias de divulgação e de mercado... Realizando acções de puro comércio... Dentro e fora da escola... Para colegas e funcionários... Pais e membros da comunidade... Em feiras e mercados... Dispostos a crescer e sobretudo... Dar-se a conhecer... Para quem sabe... Um dia... Avançar... Evoluir e apostar numa criação mais específica de um determinado produto... Para por fim... Se tornarem fornecedores...
Num processo organizado e encadeado... Onde todos desempenham uma respectiva função... Para desenvolver uma acção organizada do início ao fim... Mostrando à sociedade em geral... As suas reais capacidades de gerir um negócio... Ainda que... Com supervisão...
Na sociedade globalizada de hoje... Onde todos se pisam e atropelam... Os desafios são enormes e imensos...
É de extrema importância capacitar os alunos para os desafios do futuro... Aliando o desenvolvimento das estruturas académicas... Comunicativas e sensorias... A cognição... Autonomia e motricidade global... Ao alimentar de uma maior proximidade entre a escola e a comunidade... Na participação social e na troca de saberes...
Estimulando a cooperação de todos... Na resolução de dificuldades e na transposição de barreiras... Numa acção participativa... No ser social e cidadão... Pleno de direitos... Consciente e cumpridor de deveres... Livre e criador...
Igualdade de oportunidades... Para colmatar as desigualdades existentes... Num serpentear de ideias e vocações... Interesses e desaprovações... Para lá do imaginário corriqueiro e banal... A realidade nua e crua... De um ser que apenas quer ser...
António Pedro Santos
(Continua)...