A braços com a Loucura. Ou melhor... Ensaiando
LX
Por aquela altura... Os olhares pesarosos de todos... Pareciam não ter melhoras...
Aos poucos... Pedro e talvez a maioria das suas colegas... Começaram a deixar de acreditar numa solução para o colégio...
O país e o mundo... Pareciam enveredar por um caminho diferente... Afinal.. Aquela escola... era só mais uma... Um pequeno cosmos... Obsoleto e ultrapassado... Onde os seus habitantes ou povoadores... Se estavam a extinguir... Aos poucos e lentamente...
Bela nunca mais disse palavrões desde o dia em que compreendeu o caminho da coisa... O seu olhar dizia tudo... Vazio e alheio...
Preta... Quase que nem se deixava ver... Escondendo-se na cozinha do refeitório... Já poucas vezes aparecendo...
Carla... Martinha e Júlia... Iam apreendendo lentamente... Que a situação estava difícil... Embora se esforçassem por inverter a situação... Pouco confiavam num desenlace positivo... Mais tarde... Pedro percebeu que estas já tentavam outros caminhos para exercer a sua profissão...
Elisa... Continuava como de costume... Falsa... Exibindo uma cara triste na presença de dona Filó... Ao contrário... Nas suas costas... Rasgava o ar com altas lições de moral...
Nessas alturas... O professor contemplava-a... Apreciando o seu grossura global... Pouco ética e clemente... Incompreensivelmente de fora... À margem de um país e de um mundo... Como se este... Não fosse um problema seu... Como se só existissem culpados e quem sabe... Alguém... Tivesse sempre a responsabilidade da luta e da manutenção... Nunca ela... Ou melhor... Jamais...
Completamente cheio e farto... Pedro perdera a paciência para a escutar... Respondendo-lhe incivilmente... Enfim... A verdade é que foi remédio santo... Pois... Na presença do professor... Acabou com este tipo de conversas...
Telma gaguejava e soluçava... Perdendo-se num pranto escondido... Sem contudo... Deixar de realizar as suas tarefas com o profissionalismo do costume...
Saudade não vertia lágrimas e talvez nem despejasse a sua mágoa... Guardando-a para si... Encarcerando medos... Preocupações e desgostos... Desejos e recalcamentos... Foi nessa altura que Pedro a conseguiu conhecer melhor... Carregada de resistências complexas... Numa introversão abrupta de quem vive completamente longe de si mesmo...
Dora e Irene começaram a andar mais afastadas uma da outra... Preocupadas com o futuro... Triste... Obscuro e pardacento...
Dona Filó passava a maior parte do tempo enfiada no escritório... De calculadora sempre ligada... Eternamente fechada... Organizando papeis e estipulando prioridades com Luz... Foi com esta que Pedro se cruzou... Perto da direcção e do ginásio... Aliás... Foi a última vez que a tentou beijar... Pois esta sacudiu-o... Sem sequer o olhar...
Magoado... Pedro entrou no ginásio... Refugiando-se... Fora de si... Incompreensível com tudo... Esmurrando a primeira parede que viu...
Encolheu-se com a dor e gritou por dentro... Agarrando-se à mão para abafar o sofrimento...
A porta abriu-se... Leontina aparecia para limpar o ginásio...
- Que tens? – Perguntou... Aproximando-se deste...
- Nada! – Exclamou o professor... Escondendo a mão junto ao peito...
- Deixa ver! – Pediu... Aproximando-se...
Leontina largou a vassoura e a pá... Agarrou na mão de Pedro e olhou-a com atenção... Os seus lábios carnudos... Contemplaram a mão do professor com amabilidade... Massajando-a com as suas mãos doces... Sorriu e olhou nos olhos de Pedro:
- Melhor?... – Questionou... Com sensualidade...
Pedro olhou-a na profundidade dos seus olhos e perdeu-se completamente... Esquecendo-se de tudo... Abraçou-a no momento em que também a beijou... Esborratando o seu batom que já invadia o resto dos dois rostos...
Leontina arfava e Pedro procurava-a por dentro da bata... Que lhe apertava por demais o corpo... Suado e escorregadio...
- Que estamos a fazer? – Sussurrou baixinho...
Mas o professor não lhe respondeu e arrastou-a para os colchões... Osculando-a e beijando-a desenfreadamente... Sem a deixar respirar...
Pelo caminho... Perdeu os chinelos e a bata...
Pedro deitou-a de costas no chão e arredou-lhe as cuecas... Entrou em si... Leontina transfigurou-se... Mas ainda sussurrou baixinho:
- Temos de ser rápidos!... Pode aparecer alguém!...
Pedro descobriu-lhe peito... Imenso... Doce e majestoso... Chupando-o e banhando-se no seu suor... Voluptuosamente cheiroso...
De pernas escancaradas e ao acaso... Agarrou o rabo do professor com força... Tanta... Que o marcou...
Quando Pedro se veio... Numa explosão de ânimo para dentro de Leontina... Demorada e até ao fim... Rumo ao limite... Quase morreu vagarosamente nas suas entranhas... Afogueadas e deleitosas... Alagadiças e aflitas...
No final... Beijaram-se profundamente... O seu cheiro... Olhar e quentura... Eram imensos... Uma apetitosa delícia que confundia e inebriava...
Nesse mesmo dia... Voltaram a encontrar-se no apartamento do docente... Fizeram amor... Do mais louco e intenso... Com liberdade e sem pudor... Sem segurar gritos e gemidos... Alargando a mente e a imaginação... Conferindo à vida prazer e absorvendo-o através dos corpos... Partilhando-se e dando-se...
- Sabes que sou casada!... – Recordou...
- Sei! – Afirmou Pedro...
Mas mesmo assim... Distantes de todos e sem ninguém saber... Foram amantes até ao final do ano lectivo... Combinavam sem pressões... Quando desse... A verdade é que passou a ser quase todos os dias...
Companheiros de prazer... Amantes de loucura... Volúpia e sensualidade... Espraiando-se nos corpos um do outro... Oferecendo e recebendo... Amor... Sexo e libertinagem... Nua e pura... Nus e impolutos... Crescendo e fazendo crescer... A bem de si e do outro... Em olhares... Toques e apalpões... Afagos de amizade... Carícias de vontade... Penetrações... Beijos e líquidos abundantes... Orgasmos que se conhecem e que viciam...
António Pedro Santos
(Continua)...