Comunicação Aumentativa e Alternativa
São muitas as pessoas que não conseguem comunicar através da fala, neste sentido, a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) representa uma ferramenta para comunicar, seja ela para apoiar o discurso (aumentativa) ou para substituí-lo (alternativa), de forma a torna-lo funcional, visando promover e desenvolver a fala e garantir uma forma de comunicação.
O crescente interesse pelas perturbações da linguagem e da comunicação fez com que cada vez mais se desenvolvessem sistemas de comunicação aumentativos/alternativos e os avanços tecnológicos permitiram à CAA aumentar o seu espectro de intervenção.
O aconselhamento do sistema de comunicação mais adequado a um determinado utilizador deverá ser efetuado por uma equipa multidisciplinar de técnicos especializados e deve ter sempre em consideração:
Competências linguísticas – capacidade de expor as ideias tendo em conta diferentes intervenientes e contextos;
Competências motoras – capacidade de usar o corpo, ou parte deste, de um modo coordenado e funcional para utilizar e transportar o Sistema Aumentativo Alternativo de Comunicação (SAAC).
Competências sensoriais – Capacidade de percecionar, principalmente a nível visual e/ou auditivo. As competências percetivas destes dois sistemas vão permitir perceber a imagem/palavra bem como a informação auditiva se for o caso. A praxis (do grego= prática), nomeadamente o planeamento motor vai permitir o uso adequado do corpo, na seleção do símbolo e/ou na execução do gesto
Competências emocionais – Onde e com quem vai ser utilizado o SAAC? É fundamental a aceitação por parte do usuário bem como por parte do contexto social onde este vai ser utilizado, quer seja na família, na escola,ou na comunidade, sendo que poderá ser necessária uma combinação de diferentes modalidades de comunicação apropriadas a diferentes contextos.
Competências Cognitivas – A cognição vai influenciar a complexidade do sistema de comunicação.
Competências de autonomia pessoal – O grau de autonomia é determinante para a escolha do tipo de SAAC e se o utilizador é capaz de o usar autonomamente como se pretende, uma vez que o objetivo é melhorar a funcionalidade no dia-a-dia da pessoa que o utiliza e levá-la a sentir-se mais autónoma. Devemos perceber o que é que a pessoa consegue fazer, que suportes podem contribuir para a melhoria das suas aptidões e em que situações da vida diária ela necessita de comunicar. Um SAAC pode ser com ou sem ajuda. Com ajuda considera-se a comunicação sendo possível apenas com recurso a um sistema de suporte externo ao corpo. Sem ajuda incluímos todas as formas não verbais de comunicação natural (gestos e expressões faciais). Como exemplo de um sistema com ajuda temos os quadros de comunicação que podem recorrer a signos gráficos e/ou pictográficos, acompanhados por sintetizadores de voz. Como exemplo de um sistema de comunicação sem ajuda, temos o Makaton (Programa de Linguagem do Vocabulário Makaton), que sendo um sistema multimodal, pode ser utilizado apenas recorrendo ao gesto. O Makaton é um programa de comunicação, com uma abordagem multimodal que recorre à fala, a gestos, a imagens e a símbolos. Programa de linguagem completo, com vocabulário estruturado em diferentes graus de complexidade, composto por 350 palavras-chave distribuídas por oito níveis, progredindo de acordo com o desenvolvimento normal da linguagem.
Cada país possui um código gestual próprio, os gestos utilizados no Makaton utilizam esse mesmo código (gestos) embora a construção frásica seja de acordo com o português falado (em Portugal).
Existem casos em que utilizadores, que inicialmente dependem de sinais ou símbolos, os deixam “cair” naturalmente, ao seu próprio ritmo, à medida que desenvolvem a fala e não precisam mais deles. A literatura/evidência diz-nos que o uso de sinais e símbolos incentiva ativamente o desenvolvimento de competências de fala e linguagem. Qualquer pessoa pode usar o Makaton, desde pessoas com dificuldade de aprendizagem e/ou comunicação ou apenas para potenciar competências de comunicação, linguagem e literacia.