Homenagem: Pedro Barroso
Pedro Barroso (1950- 2020) Vai com dias apenas para Riachos, terra natal de seu pai, que ali era professor. Regressa a Lisboa e com dez anos faz os primeiros estudos musicais na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, da Prof. Adriana de Vechi.
Já adolescente, estreia-se fazendo Teatro radiofónico com Odete de Saint-Maurice na ex-Emissora Nacional (1965) e, como cantor e autor, no programa “Zip-Zip” (Dez., 1969). Grava o seu primeiro disco “Trova-dor” (1970) e integra durante alguns anos a companhia do Teatro Experimental de Cascais, sob a direcção de Carlos Avilez.
Volta entretanto a estudar piano com a Prof. Luísa Bruto da Costa e mais tarde canto com o tenor Carlos Jorge. Dirige actividades e lecciona no Orfeão Académico de Lisboa. Cursou em 1974 com o professor Schinge Linger da Academia Mozart, de Viena de Áustria, num curso livre organizado pela Fundação Gulbenkian para percussionistas de orquestra. Fez exame para aquisição de Carteira Profissional no Sindicato dos Músicos em 1978, tendo-lhe sido atribuída na ocasião a categoria de instrumentista e Chefe de grupo.
Conclui a sua licenciatura em Educação Física (INEF, 73) e será professor efectivo no Ensino Secundário durante 23 anos.
Mais tarde viria a tirar uma pós-graduação em Psicoterapia Comportamental (Hospital Júlio de Matos, 88) tendo trabalhado na área da Saúde Mental e Musicoterapia durante alguns anos. Foi, neste campo, pioneiro no ensino de crianças surdas-mudas, numa escola de Ensino especial em Lisboa.
Colabora activamente após o 25 de Abril em inúmeras actuações em todo o País e junto das Comunidades emigrantes. Escreve e apresenta programas de Rádio e Televisão (Musicartes, Tempo de Ensaio, e outros), enquanto mantém com regularidade uma produção discográfica dispersa por várias editoras.
Compôs grandes êxitos que o país aprendeu. Cantou nas mais representativas Salas portuguesas (Coliseu, Aula Magna, Fórum Lisboa, Rivoli, Pavilhão Atlântico, Teatro S. Luiz) bem como em tantos outros palcos por todo o país e ainda na Alemanha, Bélgica, Brasil, Canadá, Espanha, EUA, França, Holanda, Hungria, Luxemburgo, China, Suiça e Suécia. Em muitos destes países actuou também em cadeias de TV e Rádio. Foi igualmente convidado a dar palestras sobre a Cultura portuguesa nas Universidades Clássica e Católica de Lisboa, Nyemegen, Estocolmo, Salamanca, Toronto e Budapeste.
Recebeu alguns prémios nacionais e estrangeiros.
Com a atribuição a José Saramago do Prémio Nobel da Literatura torna-se num dos muito poucos autores que com ele compartilha obra publicada (após trabalho conjunto, o tema “Afrodite”, in “Os poemas possíveis” foi musicado e integra o LP “Água mole em pedra dura”) Vindo de uma área de intervenção crítica de expressão popular, é visível há muito tempo a progressiva opção temática de caracter mais abrangente, onde avulta a reflexão sobre os seus grandes temas de sempre – o Amor, a Solidariedade, a Mulher, a História, a Natureza, a Vida, a Portugalidade...
Actuou em Concertos a solo em Paris, nas prestigiadas Sala Bataclan em 98 e numa repleta Sala Jacques Brel em Maio de 99. Já no ano de 2000 é convidado para inaugurar o Café Literaire Fernando Pessoa, em Genève; em 2001 para o Leitorado de Português em Toronto; em 2002 para Danbury, USA; em 2003 para a Gala da atribuição dos prémios literários Pró Verbo em Newark, USA; em 2004 para a Gala do 50º aniversário da Casa de Portugal em S. Paulo, Brasil. Membro activo da comunidade artística e musical integrou a direcção do Sindicato dos Músicos e foi autor em 2002 do polémico Manifesto sobre o estado da Música Portuguesa que promoveu uma reflexão profunda do país sobre os seus Autores, com audições junto de todos os Grupos Parlamentares e audiência privada do Ex. Sr. Presidente da República.
A par com uma fecunda Discografia como autor e compositor (mais de 30 discos editados, entre Ep’s, Singles, LP’s, CD’s, Antologias várias e discos colectivos), publicou também poesia (“Cantos falados” Ed. Ulmeiro, 1996; “das Mulheres e do Mundo” Ed. Mirante, 2003) e ficção, pois lançou em 2005 o livro “o País Pimba”, entre outros...
Como artista plástico amador, usou o heterónimo Pedro Chora e expôs desenho e escultura em várias Galerias, tanto em exposições a solo, como em colectivas, incluindo várias colecções particulares e Museus Municipais.
Morreu aos 69 anos, de doença prolongada, na noite de 16 de março de 2020, em Lisboa.